Ato 2, Capítulo 35

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Era a primeira vez que Draco ia à Azkaban e, sinceramente, ele esperava que fosse a última.

A Prisão Maldita, como era chamada popularmente, ficava em uma ilha árida no meio do revoltoso Mar do Norte, onde ondas do tamanho de edifícios se chocavam com os andares inferiores da construção, fazendo com que o cheiro de sal se misturasse com o de mofo, de sujeira e de corpos sujos.

O céu tempestuoso era coberto por uma espessa camada de nuvens grossas e escuras. De vez em quando, um raio iluminava o céu e deixava a mostra os dementadores, os terríveis guardas que se alimentavam de felicidade e esperança. O som do mar revolto quase se sobrepunha aos gemidos de agonia dos prisioneiros.

A prisão era composta por torres altas e tortuosas, feitas de pedras escuras, ásperas e maciças. Não havia janelas à vista, apenas portas estreitas com uma abertura minúscula cheia de grades que não permitia que dois dedos passassem por elas.

Conforme avançavam pelas escadas externas que levavam às celas superiores, os pés de Draco pisavam em poças de água fedorenta, espirrando gotas para todos os lados. O rapaz fez uma careta de desgosto quando uma dessas gotículas molhou sua meia fina.

—Enojado, Alteza? —O Senhor Scamander, que não parecia nem um pouco mais encantado com a situação, falou em um tom zombeteiro. Draco queria acertá-lo no nariz desde que descobrira que ele os acompanharia à prisão. —É melhor não cometer nenhum crime. Você não vai se acostumar à vida em Azkaban.

—Muito obrigada pela sugestão, Senhor Scamander. Vou levá-la em consideração. —Draco, que queria mostrar o dedo do meio para o diplomata, sorriu forçadamente.

Eles subiram por mais alguns lances de escada até que o guia, uma figura bizarra de capa preta que não parecia nem um pouco mais vivo que os dementadores, indicou que a cela que Luna buscava ficava naquele andar. O Senhor Scamander acenou para Draco em uma despedida exagerada, acompanhando a princesa, e seus dois seguranças, pelo corredor.

A figura encapuzada não pediu que Draco a acompanhasse, apenas voltou a subir as escadas, sem olhar para trás para ver se o rapaz o seguia. O príncipe permaneceu alguns passos atrás, amaldiçoando-se por não ter pensado em levar, ele mesmo, alguns membros da guarda-real.

A verdade é que ele raramente saía com seguranças. Além de ser completamente capaz de se defender sozinho, ele odiava o fato de ser seguido o tempo todo. Perdeu a conta de quantos seguranças foram despedidos ao longo de sua vida por simplesmente terem perdido Draco de vista. Por fim, seus pais simplesmente desistiram e os soldados foram realocados para outros postos, ficando de sobreaviso, caso o príncipe precisasse deles.

A figura sombria fez uma curva no final da escadaria, entrando em um corredor aberto particularmente estreito. Ali, no último andar de uma das torres, o piso era coberto por uma fina camada de água e o cheiro de mofo, suor e excrementos era tão forte que Draco pensou em cobrir o nariz com um lenço.

De alguma forma o ar parecia mais pesado ali, como se apenas a simples tarefa de respirar fosse um trabalho árduo. Draco sentiu também um peso massivo em seus ombros, forçando suas escápulas para baixo, como se ele carregasse algo muito pesado em suas costas. Uma sensação de desânimo e angústia se apossou dele, uma sensação de urgência, de desespero...

O rapaz parou onde estava, depois deu um passo para trás, querendo correr de volta para a escada e partir imediatamente daquele lugar. Seu coração estava disparado contra o peito apertado.

—Alteza? —A figura encapuzada chamou, ao notar que Draco havia ficado a vários metros para trás. O rapaz elevou uma mão, pressionando o peito.

—Eu não estou me sentindo bem —Ele murmurou. —É tudo tão...

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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