Capítulo 3

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—Sua mãe trouxe a escória para o palácio outra vez —a menina ao lado da janela comentou sem se virar. Os dedos bronzeados, com unhas perfeitamente feitas, seguravam as cortinas cor de esmeralda. —Não entendo porque ela continua fazendo isso.

O príncipe-herdeiro se mexeu em sua poltrona de veludo. Embora ainda fosse meio da tarde, ele já estava entorpecido pelo vinho e pelo tédio. Ele soltou um suspiro longo e pesado, girando a bebida na taça, como se conferisse a cor do vinho, embora já fosse a terceira garrafa do dia.

—Sabe que ela cultiva uma curiosidade mórbida sobre os plebeus. —A resposta veio sonolenta e rouca, acompanhada de um longo bocejo despreocupado.

Um sorriso de canto nasceu nos lábios em forma de coração. Pansy soltou o tecido da cortina, deixando que a sala de jogos caísse na penumbra novamente. Ela caminhou em passos lentos e decididos em direção ao rapaz largado na poltrona.

Blásio roncava baixo, jogado em um sofá. A camisa branca cara tinha o primeiro botão aberto, revelando parte do peito de pele escura, suas pernas estavam causalmente sobre o colo do amigo, Theodore, que parecia igualmente apagado, estava com a cabeça tombada sobre o encosto.

—A Rainha é uma mulher inteligente. Ela certamente faz isso para ficar de olho no tipo de poder que essa gente tem —Pansy adulou, sentando-se despreocupadamente no braço da poltrona onde o Príncipe estava sentado. O rapaz revirou os olhos. O azul de suas orbes estava ressaltado pelo leve avermelhado causado pela bebida.

—Minha mãe é uma tola. Ela precisa dessas coisas para sentir que faz algo útil —Draco deu de ombros, levando a taça aos lábios e dando um pequeno gole. A bebida tinha um gosto amargo em sua boca.

—Além disso, não acho que precisamos de mais curandeiros da Casa. Ainda mais curandeiros de origem duvidosa. Sabe que a magia é mais forte em família de sangue puro. —Continuou Pansy venenosamente, para o que o Príncipe respondeu com um simples dar de ombros. Incentivada pelo silêncio do rapaz, ela continuou. —Mas eu acho que cuidado nunca é demais.

Pansy jogou as pernas para o lado, sobre o colo de Draco que colocou as mãos sobre sua coxa distraidamente. Ele apoiou o cotovelo sobre o joelho da menina, aproveitando para virar o restante do conteúdo do copo em sua boca. Uma única gota bordô escapou por seus lábios, escorrendo pelo queixo. A menina a pegou um um dedo, levando-o aos próprios lábios.

—Embora seja uma pena que o palácio seja tão mal-frequentado.

O Príncipe-Herdeiro apenas encarou a menina por longos segundos, parecendo atordoado demais, bêbado demais. Draco sabia o que Pansy queria, o que ela sempre queria, mas naquele dia... estava sonolento demais para se importar.

—Eu não ligo, desde que fiquem bem longe de mim. —Draco falou com um dar de ombros.

—Oras, isso não pode ser verdade, querido —Pansy revirou os olhos. —Essa é sua casa. Como pode não se importar?

—Simples: não me importando —Draco deu de ombros, um sorriso malicioso nascendo em seus lábios conforme ele deslizava as mãos pelas pernas da menina. Talvez ele não estivesse tão sonolento como havia pensado antes. —Prefiro gastar minha energia com coisas mais produtivas, Senhorita Parkinson, se é que me entende.

—Ah, eu entendo, é claro —A menina riu, escorregando na poltrona para o colo do rapaz, que abraçou sua cintura prontamente. Os cabelos escuros e curtos da Pansy estavam bagunçados, como se ela tivesse acordado e esquecido de penteá-los. —Eu só não imagino como o Rei pode aprovar que isso aconteça aqui.

—Ele não aprova —Draco murmurou fechando os olhos e recostando a cabeça no encosto da poltrona. No outro sofá, Theodoro havia cansado de fingir que dormia e abriu os olhos, espreguiçando. —Mas fazê-los se sentir acolhidos e queridos também é uma estratégia política.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora