Ato 2, Capítulo 26

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O corredor escuro se estendia à sua frente, acabando em uma única porta entreaberta, por onde escapava um feixe de luz fraco e estremecido. O silêncio era tão angustiante que a menina levou uma mão ao peito para se certificar de que o coração continuava batendo.

Luna mordeu o lábio inferior por um instante, depois olhou sobre o ombro, tentando descobrir onde estava. Ela encarou a escuridão que quase tocava suas costas. Havia um enorme vazio onde deveria ter chão, como se a escuridão tivesse engolido seus passos anteriores, quase a alcançando.

Ela deixou um soluço escapar, jogando-se para frente para escapar do vazio que ameaçava lhe engolir, e avançou pelo corredor com passos apressados em direção à luz esmaecida. Talvez encontrasse uma saída naquele lugar. Talvez encontrasse uma saída ou alguém que pudesse lhe dizer onde estava. Talvez a escuridão recuasse diante da luz.

A cada passo que dava para frente, Luna sentia a presença da escuridão lambendo seus calcanhares, seu hálito gelado contra sua nuca. Ela apressou o passo, movimentando as pernas cada vez mais rápido até que ela estivesse em uma corrida desenfreada.

Quando finalmente alcançou a porta, Luna não parou para espiar o lado de dentro ou pedir desculpas. Ela se jogou para o quarto mal iluminado, fechando a porta com um baque em suas costas. Foi como se ela saísse de uma lagoa, sua cabeça rompendo a superfície. A pressão em seu ouvido, tampando-os, finalmente se foi. Luna era capaz de ouvir as batidas desenfreadas de seu coração e sua respiração ofegante.

Lutando para controlar os tremores em seu corpo, a Princesa deu uma olhada em volta. Era seu quarto no palácio do Rei, iluminado pelos últimos esforços de uma vela. A cera havia escorrido pelo castiçal dourado, escorrendo e acumulando-se em sua base. Mesmo com os poucos móveis que tinha, uma cama, uma mesinha bamba e um armário corroído, o cômodo parecia apertado demais.

Luna deu alguns passos em direção a janela para abri-la. Mesmo que fosse tarde da noite, era simplesmente impossível dormir naquele quarto sem a brisa refrescante que vinha do lado de fora.

Ela se inclinou para frente, seus dedos roçaram nas travas da janela, quando algo cobriu sua boca, um puxão violento a trouxe de encontro com o chão, fazendo-a cair sentada. Um par de braços fortes como barras de aço se fecharam em sua volta, a segurando.

Luna sentiu o cheiro pungente e se debateu contra os braços de quem a segurava, seu grito sendo abafado pelo lenço que o agressor forçou contra seu rosto, até que o tecido entrasse em sua boca. Ela chutou e bateu, empurrando o corpo contra o que a segurava, suas costas se chocaram contra o peito de quem a segurava, mas a pessoa não se moveu nem um centímetro. Ela sacudiu as pernas, as mãos se fechando no pulso que segurava seu rosto, arranhando e puxando desesperadamente.

Ela tentou rolar, mas os braços rígidos e definitivos a mantiveram no local. Luna ouviu um rosnado contra sua orelha. Humano, certamente, mas ao mesmo tempo tão frio e perigoso que a menina imaginou que deveria ser algum tipo de monstro.

Incapaz de prender a respiração por mais tempo, seus pulmões finalmente se expandiram, forçando-a a respirar a substância venenosa embebida no lenço. Lágrimas deixaram seus olhos, escorrendo pela bochecha lentamente. Estava ficando sem ar. Os cantos de sua visão já começavam a escurecer.

Ela ia morrer, pensou sentindo algo se revirar em seu estômago. Ela ia morrer naquele lugar e ninguém se lembraria dela. Ela morreria, e ninguém se questionaria o que foi feito dela.

—Calma, Princesa —A voz suave e melodiosa sussurrou em seu ouvido, fazendo o coração de Luna falhar uma batida. Ela conhecia aquela voz, ela sabia... —Eu vou proteger você.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora