Ato 2, Capítulo 30

14 1 8
                                    

—Você tem certeza que está bem? —Luna perguntou pelo que deveria ser a milésima vez. E, para falar a verdade, Hermione estava começando a ficar sem desculpas para dar à princesa.

—Minha escala de trabalho está um pouco cansativa —Tecnicamente não era uma mentira, mas nem de longe era o motivo para o humor reservado de Hermione.

Ela pegou um livro da prateleira a sua frente e olhou para a capa. Aparentemente era um romance água com açúcar em que a protagonista sofria durante toda a história, apenas para encontrar o amor verdadeiro nos braços de um belo homem forte e honrado no final. Era exatamente o tipo de livro que Hermione precisava.

—Só isso? —A menina apertou os olhos. —Você parece prestes a soltar fogo pela boca.

Hermione deu um longo e pesado suspiro, enfiando o romance debaixo do braço. Era seu encontro semanal com Luna. A situação com o príncipe, envolvendo o Veritaserum, havia acontecido há vários dias. Depois daquela manhã, Lorde Viktor havia aparecido ao final de seu plantão e havia caminhado com ela até em casa todos os dias trabalhados por Hermione. O jogador comentou, em determinado momento, que seu pai finalmente havia fechado negócio com a Coroa de Hogwarts, o que significava que o Príncipe havia conseguido o que queria, por fim.

E Hermione não o via desde então.

Não que ela se importasse.

Sua raiva pelo que ele havia feito não havia diminuído nem um pouco desde aquele dia. Na verdade, sempre que se lembrava de sua tolice, acreditando que o príncipe estava sendo gentil quando, na verdade, ele estava apenas a manipulando para dizer tudo o que ele queria saber, tudo o que ela não tinha qualquer intenção de lhe contar, seu ódio voltava a crepitar como uma fogueira alimentada por óleo.

Ainda assim, ela queria saber como ele estava.

À mesma proporção que Hermione estava furiosa e poderia trancá-lo em uma gaiola com milhares de diabretes, ela também queria saber se sua dor havia diminuído e se ele havia conseguido dormir. Naquele dia, ele havia saído tão apressado de sua casa que havia deixado para trás a poção do sono. Hermione havia pensado em mandá-la para o castelo, como um serviço de sua curandeira oficial, mas seu orgulho não a permitiu.

Não iria, de forma alguma, procurá-lo depois do que ele havia feito. Queria não ter que vê-lo nunca mais em sua vida. Se pudesse, se sua vida não estivesse toda ali, se mudaria para o outro lado do mundo, apenas para não correr o risco de ver uma foto dele em um jornal qualquer.

Como aquela opção era praticamente impossível, Hermione decidiu por outra, um pouco menos drástica: iria passar o feriado de natal na casa dos pais. Ela havia feito diversos plantões no último mês e tinha muitas horas de folga que precisava tirar rapidamente. A Senhora McGonagall não parecia particularmente feliz com o pedido de folga durante um dos períodos mais movimentados do ano, mas, como haveria uma pausa nos jogos da Copa por causa do feriado, ela acabou cedendo.

Hermione faria mais um longo plantão naquela semana e partiria logo em seguida para a casa dos pais. Havia enviado uma coruja na noite anterior avisando a mãe sobre sua presença. A ideia de ficar alguns dias fora, no entanto, não havia melhorado seu humor.

Viktor havia notado que seu humor não era dos melhores e havia atribuído o fato à longa jornada de trabalho. Harry, que depois de vários dias desaparecido havia aparecido para vê-la antes de seu treino, também havia notado. Hermione não quis preocupá-lo com seus problemas à véspera do jogo que classificaria os Leões às oitavas de final. Luna, por outro lado, era outra conversa. Além disso, Hermione sentia que explodiria se não dividisse o que estava acontecendo com alguém.

Domínio e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora