Domínio e Ascensão

Capítulo 19

A curandeira moveu os olhos em direção às árvores, apenas até onde podia ver sem se mover. Ela não ousou movimentar nem um único músculo, mas sentiu o toque repetitivo de quatro dedos contra sua barriga. Ela virou ligeiramente a cabeça, apenas o suficiente para que conseguisse olhar o rosto do Príncipe. Ele fez sinal para que ela pegasse sua varinha.

—Curandeira, eu sugiro que você peça a alguém dar uma olhada em seu nariz. Eu consigo ouvir sua respiração a quilômetros de distância —A voz soou mais baixa, porém mais divertida. Hermione fez uma careta, irritada e nervosa.

Pelos deuses, havia alguém mais irritante que Theodore Nott?!

O Príncipe enrijeceu o maxilar e deu meia volta em seu próprio eixo, largando Hermione, mas posicionando-a atrás de seu corpo. Quando ele deixou a capa deslizar de cima de sua cabeça, ele tomou o cuidado para que Hermione continuasse protegida por ela, mas a curandeira se virou, acompanhando os movimentos do rapaz.

Ela deu um pequeno passo para a esquerda, apenas para que conseguisse ver o jovem lorde. Theodore Nott estava recostado no tronco de um pinheiro, parecendo tão calmo e indolente quanto Hermione o havia observado nos bailes da capital. Vestido com roupas impecavelmente limpas e novas, ninguém acreditaria que ele era parte de um esquema para sequestrar a princesa de um país estrangeiro.

—Nott —o Príncipe meneou a cabeça. —Que surpresa. Achei que você e Pansy não estivessem em bons termos.

—Eu poderia dizer o mesmo, mas acho que a capa de invisibilidade já é resposta o suficiente —Nott sorriu de canto. Um cacho de cabelo castanho caiu em sua testa com o movimento. —Você cometeu um erro ao trazê-la aqui, Malfoy.

—Um erro —o Príncipe riu com escárnio. —Como você chamaria sequestrar uma princesa que, coincidentemente, é o acordo de paz entre nossos países?

—Loucura —Theodore respondeu sem pestanejar, dando de ombros. —Mas, felizmente, não é minha.

—O que quer dizer? —O Príncipe cerrou os olhos.

Nott olhou para a floresta em volta deles por um momento, depois para o caminho que eles estavam seguindo, em direção aos limites da floresta. Quando ele voltou o olhar para o Príncipe, a diversão havia deixado seu rosto completamente, deixando apenas uma expressão que parecia assombrada e preocupada. Os olhos verdes do rapaz pareceram olhar diretamente para Hermione por um segundo, antes de desviarem.

—Pansy está louca —Ele confessou em um sussurro, os olhos verdes agora pareciam alarmados. Nott levou as mãos à cabeça, bagunçando o cabelo. —Você tem ideia que tem uma maldita princesa desmaiada na porra da cabana de caça do pai dela?

Hermione sentiu o estômago revirar em seu abdômen. Luna estava desmaiada, indefesa naquele lugar. A menina olhou sobre o ombro para a direção onde o Príncipe havia dito que ficava a cabana. Apenas alguns metros a separava da amiga. Se fosse rápida o bastante...

Em um movimento disfarçado, o Príncipe colocou a mão para trás e segurou a sua, segurando-a. Hermione ergueu os olhos sobressaltada. Havia dito sua intenção em voz alta? Como ele havia...

Ela mordeu o lábio inferior, se contraindo. Viva. Apesar de tudo, Luna ainda estava viva. E Hermione daria um jeito de tirá-la daquele lugar.

—Sua consciência pesou de repente, Nott? —Hermione não podia ver seu rosto, mas teve a impressão de ter ouvido um sorriso na voz do Príncipe. Theodore sacudiu a cabeça.

—Eu não queria fazer parte de nada disso, está bem?! —Ele andou de um lado para o outro. —Por isso eu deixei aquele anel e andei naquelas flores até que minhas calças estivessem cheias delas.