Ato 2, Capítulo 23

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O Estádio Abraxas Malfoy parecia um gigantesco caldeirão em pleno ponto de fervura. Ao longo das inúmeras linhas de assentos, torcedores declamavam gritos de guerra, exaltando o nome de seu país e os jogadores de seu time. Milhares de pessoas entoavam cânticos, suas vozes se misturando ao ponto de se tornar uma só: o som de uma multidão, o som de um povo, a voz de um país.

Hermione não conseguia controlar o tremor ou os arrepios de seu corpo. Ela nunca havia se importado muito com quadribol, a não ser quando dizia respeito à carreira de Harry, mas havia algo emocionante em estar ali, presenciando a abertura do Copa Mundial de Quadribol. Saber que seu melhor amigo estava em algum daqueles vestiários, apenas esperando sua vez para fazer sua estreia, fazia com que seu coração falhasse uma batida.

Era incrível, ela pensou sentindo as batidas de seu coração parecerem entrar em sincronia com os tambores da torcida. Aquele sentimento... era simplesmente inexplicável.

Bandeirolas de todos os países participantes haviam sido estendidas nos mastros do estádio, iluminadas com um feixe de luz intenso. Elas tremulavam ao vento intenso da Capital.

Do lado de fora do estádio, luzes coloridas contornavam toda a gigantesca construção, vibrando e mudando de cor de forma sincronizada, seguindo as batidas da música tocada. Do lado de dentro, as arquibancadas haviam sido equipadas com as mesmas luzes, menores dessa vez, sobrevoando sobre a cabeça do público. No alto do estádio, um esquadrão de bruxos sobrevoava, dando rasantes sobre as pessoas e fazendo-os gritar com seus movimentos.

O camarote dos Leões Alados estava mais abarrotado do que nunca. As tradicionais cores vermelho e dourado haviam sido substituídas pelo verde e prata da bandeira nacional. Era apenas uma coincidência (ou não) que fosse a mesma cor de seus maiores rivais, as Serpentes Prateadas. Apesar disso, o gigantesco brasão do time continuava pendurado na parede do fundo.

Os grandes figurões do time, assim como importantes figuras da política local e convidados, se espalharam pelo ambiente, conversando entre si de forma despreocupada. Grandes cadeiras estofadas haviam sido dispostas em fileiras, voltadas para o centro do estádio.

Cada vez que as luzes do campo se apagavam, apenas para segundos mais tarde serem ligadas novamente, fazia a multidão gritar mais alto, enchendo-se de expectativa.

Hermione inclinou-se ligeiramente para frente, apenas para dar mais uma olhada para o gramado ainda vazio. Apenas as centenas de pessoas que participavam da organização do evento perambulavam por ali.

De seu lugar no camarote (uma das muitas exigências de Harry para assinar o contrato longo com os Leões é que o camarote do time sempre teria um lugar para seus convidados), na primeira fila juntamente com altos figurões da sociedade (e Hermione desconfiava que seu lugar privilegiado tinha mais a ver com a pessoa sentada ao seu lado direito e aquele embaixador superprotetor de Luna do que, de fato, com a influência de Harry), a menina podia ver todo o estádio. Inclusive o camarote real.

Mas ela tentava não olhar naquela direção, embora seus olhos, sempre teimosos, vez ou outra desviassem em direção à construção monumental do outro lado do campo.

Três cadeiras de espaldar alto e ornamentadas haviam sido posicionadas bem no meio do camarote. A rainha estava sentada do lado esquerdo. Seu vestido suntuoso, de um tom profundo de verde esmeralda, preenchia completamente o assento. Mesmo à distância, Hermione podia ver o brilho das pedras preciosas que cintilavam com as luzes dos holofotes. Sobre a cabeça de cabelos claros, um diadema de diamantes repousava elegantemente. A rainha sorria sutilmente, vez ou outra acenando com uma mão para uma pessoa ou outra a distância. Seus olhos, inteligentes e afiados, pareciam varrer a multidão avaliando cada um em seu caminho. E, por algum motivo, Hermione acreditou que ela deveria ser boa naquilo... em julgar pessoas.

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