Laços Invisíveis | capitão nascimento

Sombras

Beto continuava com o celular nas mãos, os olhos presos naquela mensagem como se pudesse extrair mais informações apenas encarando a tela. Meu coração martelava forte, mas tudo que eu conseguia fazer era observar. Ele levantou o olhar, sua expressão dura e sombria.

— Eu preciso que você confie em mim, Júlia — ele começou, a voz carregada de seriedade. — Eu vou descobrir quem está por trás disso.

Eu queria acreditar nele, mas uma dúvida persistente crescia dentro de mim. Como ele poderia estar tão certo de que sabia o que fazer? Respirei fundo, reunindo a coragem que eu não sabia que ainda tinha, e perguntei:

— Beto, você acha que conhece quem está por trás disso, não é? — Minhas palavras quebraram o silêncio como um vidro estilhaçado.

Ele hesitou por um momento, antes de finalmente assentir, os olhos evitando os meus. — Não posso ter certeza ainda, mas... sim, tenho uma ideia.

Meu coração disparou. A revelação de que essa ameaça estava conectada ao passado dele fez um frio percorrer minha espinha. — Quem? — perguntei, com a voz quase inaudível.

Antes que ele pudesse responder, o celular em sua mão vibrou novamente. Ele olhou para a tela e, num reflexo, virou o aparelho de costas, mas não antes que eu visse um vislumbre da mensagem: **"Você achou que estava seguro, mas sempre soube que não poderia fugir de mim."**

— Beto, o que foi isso? — Minha voz saiu mais aguda do que eu pretendia.

Ele respirou fundo, parecendo mais tenso a cada segundo. — Júlia, tem alguém do meu passado que nunca aceitou minhas decisões. Eu achei que tinha acabado, mas parece que não.

— Alguém do seu passado? — Meus olhos se arregalaram. — E o que isso tem a ver comigo? Com a gente?

— Eu não queria te envolver nisso — disse ele, com os olhos fixos nos meus, cheios de culpa. — Mas agora parece que essa pessoa está nos observando, e eu vou dar um fim nisso.

Aquelas palavras me atingiram como um golpe. De repente, tudo fazia sentido. Beto não estava apenas reagindo à ameaça. Ele sabia quem poderia estar fazendo isso. Alguém que ele havia deixado para trás, mas que ainda não havia deixado ele.

Ele me puxou para um abraço forte, seus braços envolvendo-me com a urgência de quem não quer perder o que mais ama. — Eu prometo que vou cuidar de tudo. Ninguém vai machucar você.

Queria acreditar nele, queria me deixar levar por seu conforto, mas algo me dizia que a situação era mais grave do que Beto deixava transparecer. No fundo, sabia que essa ameaça não era só sobre mim. Estávamos prestes a enfrentar algo que poderia nos consumir, e o medo de que ele se colocasse em perigo crescia a cada segundo.

— Só me promete uma coisa, Beto — sussurrei contra seu peito. — Seja cuidadoso. Não faça nada precipitado.

Ele me apertou ainda mais, um silêncio pesado caindo sobre nós. Não precisava de palavras para saber o que ele estava pensando. O passado havia voltado para assombrá-lo, e agora, estávamos ambos na mira de alguém disposto a destruir tudo.