09- Será que precisava?

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Na manhã levantei, tomei café, e fui me arrumar para trabalhar, as meninas teriam treino mais curto hoje, logo meu trabalho também é mais curto. No primeiro horário elas vão à academia, e eu aproveito para pedir para Rafa avaliar minha perna, que nessa manhã estava muito dolorida, possivelmente por conta da cãibra.

— Dói? — Ela questiona e eu afirmo fazendo careta — Vou fazer massagem, tá bem machucada, o que você fez? — Rafa pergunta, apenas eu e ela ali na sala, os meninos estão com as meninas na academia.

— Já falei, machuquei porque forcei errado quando estava desmaiando no leg press e também tive cãibra — Falei e ela ergue as sobrancelhas. A mais velha continua fazendo massagem, eu tento não focar na dor gritando dentro de mim.

— Você tá diferente! — Rafaela solta e eu junto as sobrancelhas.

— Como assim?

— Não sei, me diz você! — Ela diz e eu bufo.

Paramos de conversar e Rafa termina minha massagem. Francisco entra na sala e me analisa.

— Tá diferente, Mariê! — É a única coisa que ele diz e Rafa quase berra para concordar.

— Ah me errem! — Disse levantando para colocar a calça do uniforme.

— Tá com brilho no rosto de quem deu — Francisco solta, como o bom desbocado que ele é.

— Sim! Eu pensei nisso mas não iria falar, obrigado, Francisco! — Rafa agradece batendo na mão dele, e eu nego tapando os olhos.

— Admite! — Chico impõe e eu reviro os olhos.

— Ai, eu não dei para ninguém

— Então beijou, algo aconteceu, e nós sabemos que aconteceu — Rafaela diz e senta na minha frente.

— Não aconteceu nada! — Falei

— Mentirosa! — Eles falam juntos.

— Mas tudo bem, a gente descobre, cedo ou tarde! — Francisco brinca como uma ameaça e nós rimos juntos.

Dispersamos, afinal precisamos trabalhar. Meus pensamentos voaram e entrei no personagem da mulher adulta trabalhadora e responsável.

Almoçamos e então fomos acompanhar o treino das meninas.

Zé Roberto disse que seria um treino reduzido porque as meninas precisavam de tempo para se organizar. Então fomos para a quadra ver as meninas treinarem. Eu estava fazendo algumas anotações que a Rafaela pediu, afinal ela é minha superior.

Desde ontem eu e Gabi não nos trombamos, não que isso seja algo, na verdade acho que ficou bem claro que foi algo de uma noite apenas, e que foi o que foi. Enfim, o ponto é que manter isso na minha mente é difícil quando a Gabriela é extremamente atraente jogando, me disperso facilmente. Eu achei que beijá-la ontem iria inibir a atração, que havia duplicado depois daquele sonho, ou iria supri-la, mas na verdade a vontade apenas quadruplicou.

— Alguém diz atrás de mim e eu dou um pulo. Só não erro a caligrafia na prancheta porque estava desconcertada olhando para a quadra.

— Jubs! — Falei sorridente e a ruiva me abraçou.

— Tá tudo bem? — Ela perguntou.

— Tudo, e com você? — Respondi voltando a escrever.

— Bem, mas você tem certeza, você parecia tá em outro lugar quando eu cheguei — Ela diz e eu arqueio a sobrancelha.

— To bem sim, só to com muita coisa na cabeça — Respondi e Zé Roberto grita para Julia B ir se aquecer, ela deixa um beijinho na minha testa e sai correndo.

A Resiliência da Alquimia | Gabi GuimarãesOnde histórias criam vida. Descubra agora