07- Passando mal²

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Estou morta, tive uma péssima noite de sono, mas não posso me permitir sair da rotina. Me levanto e vou tomar um banho para conseguir ir tomar café. Estou tão atordoada que ignoro completamente minha ioga e qualquer outra responsabilidade que eu tenha, porque honestamente, hoje quero apenas me enfiar no quarto e ficar aqui o dia todo.

Fui tomar café da manhã e mesmo atrasada ainda não tinha ninguém no refeitório. Agradeci e me sentei para tomar café, peguei o dobro de café que normalmente tomo, ainda tinha muito o que fazer para conseguir ir em paz para Paris.

— Bom dia, meu bem! — Roberta diz e eu sorrio forçadamente.

— Dia, Robertinha — Falei e ela percebeu minha carranca.

— Ih, alguém tá de ressaca — Rosamaria apareceu na minha frente para tomar café.

— Não tô de ressaca, tô podre porque dormi pouco e ainda tive um pesadelo, terrível — Expliquei mentindo razoavelmente.

— Vish, coitada — Roberta diz levemente ironizando e eu reviro os olhos.

— Quer ir à praia com a gente? — Rosa pergunta.

— Se eu for a praia capaz de me matar afogada no mar — Brinquei e Roberta me deu um tapa, Rosa apenas riu.

— Credo, Mariê! — A morena diz e eu sorrio levemente.

— Falando sério, obrigado pelo convite, mas tenho algumas coisas para fazer, hoje eu não saio tão cedo do quarto! — Disse e nosso assunto encerrou.

Elas comeram, eu comi, o refeitório se preencheu e com isso Gabriela apareceu, parecia menos acabada que eu, mas conseguia ver um leve semblante de sono nela ainda.

— Bom dia! — Ela diz se sentando na frente de Roberta.

— Bom dia! — Respondi, Roberta e Rosa fizeram o mesmo. Gabriela começou a conversar e conversar com as meninas, eu apenas queria ficar quieta, queria espantar as memórias daquele sonho vivido que tive com a cacheada, mas não dava, então tomei meu café da manhã o mais rápido que pude e me levantei me despedindo das meninas e indo para o quarto.

Tava estressada, uma pilha de nervos. Por ter desistido da ideia de ir para um airbnb durante o tempo no RJ, eu tinha muita coisa para arrumar e meu tio vir buscar novamente e levar para Minas. Fora isso, eu preciso terminar muitos vídeos para serem postados enquanto estiver em Paris.

Eu amo trabalhar com a internet, mas é tão estressante às vezes conciliar a fisioterapia com meus vídeos. Comecei na internet na pandemia, na época criei dois perfis, um em português para postar qualquer coisa e outro em italiano/inglês para postar vídeos cantando, dançando e qualquer outra coisa. Meus vídeos em português nunca entregaram direito, mas o outro perfil cresceu muito, aí eu criei gosto pela comunicação, porque aos meus olhos era algo similar ao teatro, porque eu era uma pessoa totalmente diferente no canal, era tão bom gravar quanto era atuar. Com os anos meu público cresceu muito, fico muito feliz, acho que a comunicação acaba sendo um dos meus refúgios, como a música, é o meu trabalho que eu me divirto, diferente da fisioterapia que é meu trabalho de adulta, não que eu não me divirta nele, mas é diferente.

— Léo! — Ouço a voz de Bergmann do outro lado da porta.

— Abre Bergmann, ta aberta — Falei e a porta abriu quase imediatamente.

— Vai passar o resto do dia todo aí? — Ela pergunta se jogando na minha cama.

— To muito ocupada, Jubs — Disse.

— Tendi, algumas das meninas foram para a praia, achei que você ia também — Ela solta e eu viro a cadeira para ela, encarando-a.

— Não, Rosa me convidou mas não to muito afim — Soltei e ela sorriu.

A Resiliência da Alquimia | Gabi GuimarãesOnde histórias criam vida. Descubra agora