Acordei no outro dia, mais uma vez cedo, me preparei fisicamente e psicologicamente, e fui tomar café da manhã, nessa manhã tinham mais algumas meninas tomando café, elas me cumprimentaram e eu retribuí, me sentei de fone numa mesa mais afastada para ler e repassar o que eu gostaria de falar.
— Bom dia! — Julia Bergmann diz parando na minha frente — Posso? — Ela pergunta e eu afirmo.
— Bom dia! — Respondi sorridente.
— Tá nervosa para sua apresentação?
— Tô, mas estaria mais se vocês não tivessem feito o que fizeram ontem! — Falei e ela sorriu.
— Que bom que ajudou! — Ela diz e nós comemos em silêncio. As outras meninas foram chegando e se sentando ali próximo e conversando
Voltei para o quarto para poder terminar de me arrumar e conseguir ir para conhecer todo mundo. Até onde me falaram vou trabalhar mais com as meninas, mas os fisioterapeutas todos trabalham juntos, então meio que todo mundo acaba junto no fim.
Guilherme veio até meu quarto para me guiar até o local onde estaria todo o pessoal da equipe técnica, tentei me manter calma. Chegamos lá e Guilherme me deu um olhar encorajador e eu sorri. Grande maioria da equipe técnica, os treinadores, os nutricionistas, médico, psicólogo, assistentes, fisiologistas entre outros. E também o diretor do CDV, o Renan Dal Zotto, ele me cumprimenta, já nos falamos mas foi por videochamada, conversamos rapidamente naquele momento e então fui apresentada aos outros fisioterapeutas. Tudo ocorreu bem até aquele momento, os outros fisioterapeutas e outros da equipe médica todos foram muito receptivos. Guilherme definitivamente não vai estar mais do meu lado, afinal ele não é da equipe médica, ele é assistente do diretor, mas eu acho que ficarei segura com o pessoal da equipe médica.
Fomos juntos para então eu ser apresentada para os atletas, e explicar o porque da troca de fisioterapeuta, assim do nada, no fim da temporada de seleção. A grande maioria foi muito receptivo e gentil. Bom após todas essas apresentações eu finalmente estava apta a trabalhar, fui para ala da fisioterapia e comecei a me organizar para trabalhar.
— Não precisa se preocupar, aqui a gente é irmão — Rafaela, a fisioterapeuta mais velha, diz sorrindo. Acredito que ela falou isso porque assim que botei meus pés na sala eu travei. Não por medo, mas sim por estar desacreditada. Durante o ensino médio sonhava com o teatro musical, e com música, mas quando não pude seguir isso, fiquei sim triste, mas quando entrei na fisioterapia eu me apaixonei, e me apaixonei mais ainda pela desportiva, estar aqui trabalhando na seleção brasileira, depois de 12 anos morando na Itália, com medo de perder minhas raízes, é inexplicável estar aqui.
— Ah não, só estou desacreditada de estar aqui — Falei sorrindo sem me conter.
— Você é italiana, né? — Júlio, o outro fisioterapeuta mais velho, pergunta se sentando na sua mesa.
— Não! — Respondi meio áspera — Desculpa, é que eu sou mestiça, mas nasci aqui no Brasil, no interior de Ouro Preto, inclusive — Expliquei simpática e eles riram.
— É que seu sotaque é forte — Tiago diz, ele é o fisioterapeuta que até onde entendi é o segundo ano trabalhando com a seleção.
— É, eu sei, quero muito mudar isso, mas eu morei os últimos 12 anos lá, sempre vinha para passar férias, mas os últimos dois anos foram meio corridos e eu não consegui, e não tenho nenhum amigo brasileiro lá, ai perdi a prática de falar sem sotaque — Me justifiquei e eles concordaram. Isso é verdade, a única pessoa que eu consigo falar português na Itália é meu pai, e ele fala com muito sotaque, mistura as duas línguas, enfim, e nos últimos anos diminuí o contato com ele e tudo mais, porém ainda falava um pouco com meus familiares, mas nada foi suficiente para manter meu sotaque mineiro.
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A Resiliência da Alquimia | Gabi Guimarães
Fanfic"A resiliência da alquimia" refere-se à capacidade de enfrentar e superar desafios com uma transformação profunda e adaptativa, semelhante ao processo de transformação na alquimia. Significa a habilidade de transformar dificuldades em oportunidades...