18- Realidade conflitante--

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Na manhã seguinte acordei morta, então tomei um café extra forte para aguentar nosso último jogo das preliminares.

Mesma rotina dos outros jogos, nós fomos para a arena, nas preparações de sempre, entre as meninas se arrumar. Enquanto eu e o pessoal arrumamos tudo, fazemos nosso trabalho, e então vamos verificar as meninas, o de sempre.

Mais uma vez, antes do aquecimento começar, entrego meu "boa sorte" para Gabriela, que agradeceu sorridente. Volto ao trabalho e então tudo parece desaparecer.

O jogo começou difícil as jogadoras se esforçavam ao máximo, alternando ataques fortes e defesas incríveis. O ginásio vibrava com a energia das torcidas, e a cada set a tensão aumentava. O terceiro set foi o mais tranquilo, depois da dificuldade do segundo, acho que merecemos a tranquilidade que ele trouxe. No final, com um bloqueio decisivo e um saque certeiro, o Brasil garantiu a vitória e a torcida explodiu de alegria, com 3 sets a 0 levamos o nosso último jogo da fase de grupo, estávamos prontas e com vaga garantida nas quartas.

Fomos para o vestiário, todos estavam tão felizes. Eu, Chico, Rafa, Júlio e Tiago chegamos no vestiário como sempre primeiro, para organizar as coisas. A maioria das meninas chega também, apenas as meninas que foram dar entrevista ficam do lado de fora, a equipe começa já os tratamentos pós jogo.

Zé Roberto e a equipe técnica entra e as meninas ainda não tinham chegado, Zé por algum motivo que desconheço, me vê sentada no notebook e me pede para ir eu cerrei os olhos e sorri afirmando. Não diria não para o meu senhor de idade favorito, e também porque ele deu uma justificativa muito boa ao dizer que ele já tinha dado a entrevista e não tinha porque elas ainda estarem lá fora.

Andei meio perdida pela zona de entrevistas, me xinguei um pouquinho por ter aceitado fazer o favor. Finalmente ouço a voz de Gabriela, Rosamaria e Thaisa, e surpreendentemente a de Renata, sigo os barulhos e as encontro em um corredor contrário ao do vestiário.

Quando viro o corredor, enxergo elas conversando com outras pessoas, que demorei para reconhecer, mas sei quem são. Uma delas é Rayssa Leal e também Rebeca Andrade. Rayssa estava próxima de Thaisa, e Rebeca conversava com Gabriela, pareciam próximas, se olhavam no olho ao conversar, algo besta, mas me causou um leve desconforto, que me fez querer gritar para elas perceberem que eu estava ali, mas engoli essa vontade insana e apenas me aproximei.

Renata me viu e correu para me cumprimentar.

— Mariê! — Ela diz me abraçando. Faziam, boas, duas semanas, que não via Renata.

— E ai Rê! — Falei sorridente.

— Ih, acho que o Zé mandou ela nos buscar! — Rosamaria atira e eu encaro elas como se quisesse dizer "Exatamente, ele está a um dedo de vir buscá-las pela orelha!"

— Acho que pela cara dela, você tem razão Rosa! — Rayssa brinca e eu sorrio para a mais nova.

— Isso mesmo, mas antes de eu levá-las de volta, prazer Rayssa! Sou a Leone, muito fã do seu trabalho — Disse simpática cumprimentando a pequena — E você também, Rebeca! — Disse me virando para a mulher de tranças e ela sorri feliz.

— Prazer, Leone! — Ambas dizem depois de apertar minha mão.

— Então, capitã, vai levar seu time ou eu vou ter que carregar as três pelas orelhas? — Brinquei olhando para Gabi e ela riu leve.

— É, eu tomo a frente! — Ela brinca dando a mão para Rosa e Thaisa — Tchau gente! Até a próxima! — Ela diz e sai andando na frente e eu rio. Me despeço de Renata e também aceno para Rebeca e Rayssa.

Voltamos para o vestiário, Zé faz cara feia e as meninas sorriem sem jeito, como crianças. O resto da reunião eu continuo séria, minha cabeça fica voando para longe com o que aconteceu no corredor.

A Resiliência da Alquimia | Gabi GuimarãesOnde histórias criam vida. Descubra agora