Capítulo 01 - Férias na Toca

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Era um dia ensolarado e o céu estava azulzinho, sem uma nuvem no céu, o que fazia com que a temperatura caísse alguns graus a mais.

Eu, Gina e Hermione estávamos ajudando mamãe no pomar quando ouvimos a algazarra lá da sala. Papai havia ido com os meninos buscar Harry na casa dos tios trouxas e, com certeza, os gêmeos haviam aprontado alguma.

Só de ouvir a voz enfurecida do marido, minha mãe saiu andando apressada, já respirando com raiva.

- E lá vamos nós. - Gina murmurou quando nos entreolhamos e apressamos o passo atrás daquela mulher baixinha e rápida.

- Olá, Harry querido. - Disse mamãe ao invadir porta adentro. - Contar o que, Artur?

Percebi papai hesitando. Independente de sua ameaça aos gêmeos, ele nunca gostava de envolver mamãe nos problemas da família. Ela ficava muito nervosa e tão vermelha que qualquer dia desses seu coração poderia estourar.

Vi quando Harry nos cumprimentou, fazendo com que o rosto da minha irmã também ficasse vermelho, por motivos diferentes. Desde seus dez anos, Gina era obcecada pelo garoto.

- Não é nada, Molly. Fred e Jorge... Mas eu já tive uma conversa com eles.

- O que eles fizeram dessa vez? - Perguntou ela, com as mãos no quadril. - Se foi alguma coisa relacionada com as "gemialidades" Weasley...

Prevendo a bronca generalizada, Hermione seguiu em direção ao seus dois melhores amigos, Harry e Rony, dando uma desculpa qualquer para que pudéssemos deixá-los a sós lá embaixo.

Subimos as escadas ziguezagueando até os últimos andares, onde ficava o quarto de Rony.

- O que são as gemialidades? - Harry perguntou confuso, fazendo com que soltássemos uma risadinha.

Rony se prontificou em tentar explicar as novidades.

- Uma coisa que eles inventaram. Artigos para logros e brincadeiras, sabe? Varinhas de imitação, doces-surpresas, um monte de coisas. Genial.

- Há muito tempo ouvíamos explosões no quarto deles, mas nunca pensamos que eles estavam fabricando coisas. Achamos que era só vontade de fazer barulho. - Até o tom de voz de Gina mudava quando falava com o garoto. Ela ficava mais tímida, ou mais doce. Não sabia identificar muito bem, só sentia que era estranho.

- Só que, a maior parte das coisas, bom, na realidade tudo... era meio perigoso. E eles estavam planejando vender algumas coisas em Hogwarts para ganhar dinheiro, e mamãe ficou uma fera. Disse que estavam proibidos de fabricar aquelas coisas e queimou todos os formulários com os preços e descrições dos produtos.

- Eles realmente se empenharam nisso. - Pontuei impressionada, interrompendo a fala de Rony.

- E depois houve uma briga danada. Porque mamãe queria que eles entrassem no Ministério como papai. E os dois responderam que eles queriam mesmo era abrir uma loja de logros e brincadeiras. Como a Zonko's.

Fomos todos para o quarto de Rony, no quinto e último andar da casa. Sua nova corujinha estava saltitando toda feliz em sua pequena gaiola quando entramos.

- Cala a boca, Pichi. - Resmungou Rony, manobrando para passar pelas três camas a mais dispostas ali. - Fred e Jorge estão conosco, porque Gui e Carlinhos ficaram com o quarto dos dois e Percy está muito ocupado com o trabalho sobre a espessura correta dos caldeirões.

- Hum... porque você chama essa coruja de Pichi?

- Porque Rony está sendo idiota.

- O nome todo é Pichitinho. - Sussurrei para Harry, enquanto Gina e Rony começavam a sua discussão.

Nessa casa, imperavam caos e brigas.

- E esse não é um nome nenhum pouco idiota. Foi Gina quem o batizou. - Meu irmão respondeu sarcástico. - Ela acha que esse é um nome bonitinho. Tentei mudar, mas já era tarde demais, ele não responde a nenhum outro.

Esperamos Harry deixar sua pequena mochila na cama e espreitamos escadas abaixo, até ouvir o silêncio que anunciava o fim das broncas.

Mamãe estava na cozinha, preparando o jantar enquanto falava consigo mesma, ainda mau-humorada.

"Aqueles dois! Não sei o que vai ser deles, realmente não sei. Não têm ambição... já recebi mais corujas de Hogwarts a respeito dos dois do que de todos os outros juntos..."

E mais resmungos, enquanto talheres, pratos e batatas voavam igualmente furiosos pela cozinha. O risco de tentar atravessar para os jardins e ser espetado por um garfo ou levar uma cenourada na cabeça era enorme.

- Não sei onde foi que erramos com esses gêmeos. Tem sido sempre assim há anos, uma coisa atrás da outra, e eles não dão ouvidos... AH, OUTRA VEZ NÃO!

Ela tinha pegado uma das varinhas da mesa e a coisa emitiu um guincho alto e se transformou em um enorme camundongo.

Tive que controlar minha expressão para não cuspir uma risada, disfarçando com uma tosse.

- Vamos ajudar Gui e Carlinhos. - Anunciou Rony, aproveitando o momento de distração para nos empurrar porta afora.

Lá fora, porém, outro barulho reinava.

De varinhas em punho, os dois irmãos mais velhos faziam as mesas voarem alto pelo gramado e colidirem, com o objetivo de derrubar uma a outra no chão. Fred e Jorge aplaudiam e Percy berrava da sua janela para eles pararem com a algazarra.

- Desculpe, Percy. - Gui, o mais velho, disse com uma risadinha enquanto devolvia as mesas com segurança ao chão.

Especialmente hoje, estávamos todos mais inquietos do que o normal. Em poucas horas estaríamos indo para a copa mundial de quadribol!

Aquele seria a nossa primeira vez, minha, de Gina, Hermione e Harry.

O sol nem tinha nascido ainda quando fomos acordadas pela mamãe.

- Está na hora, meninas. - Ela disse suavemente, dando beijinhos nas três antes de partir escada acima na tentativa de despertar os meninos.

Como ainda não podíamos aparatar, precisávamos andar até a chave de portal que nos levaria ao local da copa. Fazia frio, a neblina cobria o pomar do lado de fora da janela.

Resmunguei descontente, querendo ficar mais tempo na cama quentinha. Devo ter pegado no sono de novo, já que acordei com a batida forte na porta quando Rony descia para o café da manhã.

- Idiota. - Gina falou alto para ele ouvir e rolou para fora da cama, com um bocejo enorme.

Até Hermione, que era super pontual, estava protelando para se arrumar.

Estava tão sonolenta que pulei o café da manhã, enfiando duas maçãs na minha mochila antes de sair para me espreguiçar.

Eu sabia que outra briga provavelmente ocorreria e queria um pouco mais daquele silêncio da madrugada.

Foi uma longa caminhada. Estávamos sem fôlego quando chegamos naquela bota velha de pano. 

Light in the Darkest of Times || Malfoy WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora