Capítulo 16 - Uma breve volta para casa

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- Vocês não vão acreditar! - Fred e Jorge entraram na nossa cabine, exultantes.

- Conseguimos os fundos para começar nossa própria marca! - Jorge completou, mostrando o saquinho cheio de galeões.

Olhei espantada com todo aquele dinheiro. De onde tinha vindo tudo aquilo? Gina parecia se fazer a mesma pergunta, olhando abismada para ambos.

Bom, independente da fonte, aquilo significava um verão cheio de afazeres para eles, e para mim também, afinal, alguém precisava pensar nos contra-feitiços e agora a produção estaria a todo vapor. Pelo menos era o que eu percebia pela forma que eles cochichavam, empolgados.

- Mamãe vai ficar louca!

- Mamãe não vai saber sobre isso. - Fred respondeu Gina, com uma carranca. - Nós somos maiores de idade já.

- O que significa feitiços de proteção e silenciador no nosso quarto. - Jorge contribuiu, orgulhoso de si mesmo.

- Por favor, inventem silenciadores de ambiente... - Peps pediu, na verdade foi mais um implorar. - Algo discreto, que ninguém perceba e que me deixa na minha própria bolha silenciosa.

- Pode deixar, minha amiguinha. - Fred piscou e os dois se debruçaram em seus próprios planos e ideias.

A viagem para casa foi rápida e até pacífica demais, os gêmeos mergulhados em si mesmos e Rony imerso em seus próprios pensamentos. Porém aquela tranquilidade durou pouco tempo.

Nossos irmãos estavam à nossa espera quando chegamos. Carlinhos tinha vindo da Romênia e Gui ainda estava por aqui depois dos acontecimentos do Torneio. Percy era o único que se mantinha mais distante de todos, trancafiado em seu quarto.

E quando ele saia, era sempre para alfinetar o trabalho de papai, ou a amizade de Rony com Harry, ou o quanto Dumbledore era um velho senil que deveria ter se aposentado há tempos.

Por sua vez, todos rebatiam suas falas absurdas e uma briga enorme começava em casa, sempre acabando com mamãe aos prantos e papai vermelho de vergonha e raiva.

Com todos aqueles acontecimentos, os gêmeos mal conseguiam se concentrar nas pesquisas e fabricação das suas engenhosidades.

- O Ministro conseguiu fazer de Percy um verdadeiro fantoche. - Carlinhos suspirou, se jogando irritado no sofá depois de mais uma briga, enquanto Gui ia tentar consolar mamãe.

Suspirei, subindo os lances de escada até o quarto de Percy. Lá de dentro pude ouvir as reclamações de Percy, assim como o barulho de coisas sendo remexidas, gavetas e portas abertas e fechadas e o som das travas dos nossos malões.

- Percy? - Bati na porta, abrindo-a logo em seguida. - O que você está fazendo?

- Oi Elizabeth. Não consigo viver sob o mesmo teto que essa gente. Eles estão cegos e se recusam a ver a verdade!

- Eles são nossos pais e seus irmãos...

- Obtusos e teimosos. Eu os amo, mas não consigo aceitar mais, Elizabeth. Não dá! - Ele soltava, raivoso, enfiando tudo no segundo malão.

- E para onde você vai?

Meu coração estava acelerado e minha vontade era de dar uns tabefes no meu irmão, mas nada de bom sairia daquilo.

- Eu não sei. Vou ficar com Penélope por um tempo até conseguir um outro lugar. Mas isso não é problema seu, Lizzie. - Percy suspirou cansado, esfregando as mãos no rosto molhado pelas poucas lágrimas que caíram.

Eu queria falar muitas coisas, ou abraçá-lo, ou até impedir que ele saísse de casa. Mas talvez fosse o melhor para o momento.

Era do conhecimento de todos que Percy trabalharia com o Ministro, o que papai achava fortemente que seria uma tentativa de Fudge para manter um olho na nossa família. E aquela relação toda estava afetando nossa dinâmica familiar por completo.

Enxuguei minha bochecha molhada e o abracei com força.

- Não se esqueça que, independente de tudo, sempre terá um lugar nessa família.

Percy retribuiu o abraço e continuou sua arrumação.

- Espero que você também não saia do seu caminho por conta dessas fantasias delirantes, irmãzinha.

O deixei sozinho e fui para meu próprio quarto, querendo me poupar da despedida que logo mais aconteceria.

Mamãe estava desolada. Chorava por todos os cantos e, mesmo que não falasse nada, papai se culpava por Percy ter saído de casa. Enquanto isso, os gêmeos furiosos brandiam a todo pulmão que deveríamos deixá-lo ir; que ele não era um bom filho e um bom irmão e o melhor que faríamos era esquecê-lo. O que só deixava a mamãe mais chorosa ainda.

Além disso, incomumente, nossa casa estava repleta de corujas que entravam e saiam, trazendo e levando cartas e jornais e memorandos.

Percebia nossos pais cochichando com Gui e Carlinhos nos cantinhos da casa, sempre que pensavam que estávamos distraídos demais. E sempre que chegávamos perto demais, eles mudavam de assunto ou fingiam que faziam qualquer outra coisa.

Já não me aguentava de curiosidade quando finalmente papai chamou a todos nós para a cozinha, com um anúncio a fazer.

- Vocês devem imaginar que, desde as férias, tem muita coisa acontecendo no mundo todo com o retorno daquele que não devemos nomear. Antigamente, quando ele estava no auge do seu poder, uma organização secreta se ergueu para lutar contra Você-Sabe-Quem e seus seguidores. E com os acontecimentos recentes, estamos novamente nos reorganizando. Dumbledore pediu para nos reunirmos em uma sede protegida e é para lá que vamos até novas ordens. Gostaria que fizessem suas malas e se preparassem caso não pudermos retornar para cá antes do começo das aulas.

- Que organização secreta é essa? - Rony praticamente pulou da cadeira, enquanto Carlinhos anunciava:

- E eu procurarei apoio na Europa. Precisarei voltar para a Romênia amanhã, mas manterei contato.

- Para onde vamos? - Perguntei, já chateada sabendo que não conseguiria me corresponder com minhas amigas. Ainda mais por ser um lugar secreto e protegido e por tudo o que papai contava.

- Para o largo Grimmauld, em Londres. A nova sede da Ordem da Fênix. - Papai anunciou.

- Partiremos amanhã ao amanhecer. Se quiserem mandar mensagens aos seus amigos, esse é o momento. - Mamãe continuou, apertando a mão do marido.

- Podemos dizer que vamos sair para mais uma viagem em família. - Gui sugeriu, lembrando da vez que fomos para o Egito. E bem que o momento atual pedia uma atenção maior àqueles que amamos.

A morte de uma pessoa mexe com a gente e nos faz pensar no que realmente nos importa. 

Light in the Darkest of Times || Malfoy WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora