Capítulo 03 - Hogwarts

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Como já esperava, o primeiro assunto que minhas amigas fizeram questão de perguntar foi sobre a copa mundial e aquela confusão toda. A notícia saiu em todos os meios de comunicação possíveis.

- Você ficou com medo?

- Claro que ela ficou, Briar! Quem não ficaria? - Retrucou Penélope, com sua pouca paciência.

Aquelas duas se tornaram minhas amigas desde o primeiro ano e desde então nunca mais nos separamos. Assim como Gina tinha seus amigos, eu também tinha os meus. Aquilo era como um acordo indireto entre gêmeos, a tentativa de assegurar nossa individualidade também.

Briar Baxter era uma sonserina impressionantemente tranquila, alegre e bem competitiva. Acho que foi em alguma das aulas de poções que ficamos acabamos na mesma mesa e a amizade foi quase que instantânea. Não tinha como não ser, com Briar.

Já com Penélope Dixon as coisas foram um pouco mais devagarinho, mesmo que ela também fosse da mesma casa que eu. Diferentemente, ela era mais reservada e séria. Foram poucas vezes que a vi sorrir, e nessas ocasiões sempre relacionadas à nossa outra amiga.

Eu costumava pensar que o chapéu seletor havia confundido a casa das duas. Para mim, Penélope tinha muito mais cara da Sonserina, da mesma forma que Briar tinha da Grifinória.

Demorou um tempo para eu perceber a essência que fez cada uma estar em cada casa.

- Eu me perdi por um momento de Jorge. - Contei. Entre a gente, mal havia segredos. Briar me olhou assustada, com os olhos azuis arregalados. - Sabem quem encontrei por lá? Draco Malfoy.

- Meu primo é muito amigo dele.

- E como foi? - Peps perguntou ao mesmo tempo, se remexendo no assento acolchoado. Ela sabia da má fama que acompanhava o sonserino.

- Ele pareceu irritado, mas também, as situações não eram das melhores. - Parei para pensar um pouco, puxando na memória a nossa breve interação. - Acho que não foi nada demais.

- Eu não acho que ele é uma pessoa ruim, sabem? - Começou Briar, bem consciente do olhar julgador de Penélope. - Fora Harry e Ron e Hermione, mal vejo ele daquela forma com mais ninguém. Pelo contrário, ele é bem querido na Sonserina.

- E só. O que também nem conta tanto assim...

- Você sabe que eu tenho meu primo em grande estima. Téo é uma pessoa legal. - Defendeu Briar, na defensiva.

Como uma boa grifina, Penélope se declarava abertamente rival da casa das cobras. Sua única exceção sempre foi a loira à nossa frente.

- Briar, só por ele ser contra bruxos com pais não mágicos diz muito sobre ele.

- Acho que a gente está desviando um pouco do foco. - Interrompi uma possível crescente discussão. - O ponto foi que naquele momento em específico, Malfoy não foi desagradável. Mas também não foi simpático.

Briar bufou, se virando para a janela contrariada. Claro que ela detestava aquela imagem que sua casa tinha para o restante de toda a escola e tentava, como um objetivo pessoal, mudar um pouco do nosso conceito quanto a isso.

Além do bico enorme, outro ponto que mostrava a inquietação dela, era quando Briar ficava girando alguns de seus cachos loiros nos dedos finos. Quanto mais rápido era, mais irritada ou incomodada ou aflita estava. Ela era transparente demais, o que considerava algo positivo.

Ainda mais porque ler o que se passava com Penélope era um verdadeiro inferno. A garota sabia como esconder seus verdadeiros sentimentos bem lá no fundo.

Seus olhos castanhos oliva pareciam rasos demais, mesmo que analisando tudo ao redor, não davam nenhuma pista sobre nada do que se passava ali dentro.

Com o tempo, passei a medir o humor de Penélope com base na posição de suas sobrancelhas bem feitas. E eu me considerava boa em identificar essas possíveis pequenas mudanças nas pessoas. Talvez por isso, pelo desafio que Peps representava, eu procurava outros padrões para manter essa percepção apurada.

- E as férias de vocês?

- Mais do mesmo. - Penélope deu de ombros, puxando o bloquinho de desenhos para se fechar em sua bolha, cansada de interações sociais por aquele momento.

- Treinamos alguns lances novos. Esse ano a gente vai estar bem mais preparado para vocês.

Além de ser uma das pessoas mais doces que eu conheço, Briar era a goleira do time de quadribol da sua casa. O que era um contraste interessante, principalmente quando ela ficava tinha seus surtos competitivos.

- Tenho certeza que vocês vão levar uma surra esse ano de novo. - Brinquei, provocando a sonserina.

- Com certeza. - Penélope se juntou ao apoio, sem desviar o olhar do papel.


.......


Como Hogwarts parecia ter a habilidade de continuar surpreendendo a todos, durante o jantar, foi anunciado o retorno do Torneio Tribruxo.

Eu nunca tinha nem ouvido falar sobre isso, mas para os alunos mais velhos, aquilo parecia ser uma coisa super emocionante. A notícia, porém, frustrou os assíduos do quadribol, já que a Copa de Quadribol entre as Casas seria suspensa para as atividades do Torneio.

- Mas eu treinei tanto... - Ouvi o choramingo entristecido de Briar, na mesa ao lado da nossa. O lado ruim de sermos de casas diferentes, era que naquelas comemorações especiais, tínhamos que nos manter nas mesas das nossas respectivas casas.

Pelo menos ela tinha alguém para poder conversar, ou até consolá-la ali.

- Próximo ano daremos nosso melhor!

Por conta do alto risco de mortalidade - palavras de Dumbledore - o Ministério decidiu aderir a algumas medidas de proteção, como uma restrição de idade para a inscrição. Somente os alunos com dezessete anos ou mais poderiam participar.

Perto de nós, Fred xingou em alto e bom som, sendo acompanhado por vários outros lamúrios e vaias de indignação.

Os gêmeos pareciam furiosos.

- Não podem fazer isso com a gente! - Reclamou Jorge, olhando com uma cara emburrada para os professores.

- Eles não vão me impedir de me inscrever. - Disse Fred, teimoso. - Os campeões vão fazer todo tipo de coisas que normalmente nunca podemos fazer. E mil galeões de prêmio!

Hermione até tentou contra-argumentar, repetindo o que o diretor havia dito sobre pessoas morrendo nas competições antigas.

- É, mas isso foi há muito tempo, não é? - Foi a vez de Jorge assumir aquele tom de voz teimoso.

- Em todo caso, onde é que está a graça se não houver um pouco de risco? - Complementou Fred. Podia ver em sua cara que os gêmeos já estavam traçando vários planos para poder driblar as proteções de Dumbledore e poder se inscrever.

Uma linha etária, era o que seria posto ao redor do cálice de fogo, o objeto que receberia o papelzinho com o nome e a casa dos competidores.

Recebemos também a visita dos estudantes de outras duas escolas de bruxarias, de Beauxbatons e de Durmstrang. E mais uma vez, um ano letivo começava, com a promessa de um ano cheio de novidades e emoções. 

Light in the Darkest of Times || Malfoy WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora