Capítulo 12 - Que tal uma dança

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Embora esperasse o convite de Teodoro, ele nunca veio. Ele parecia bem interessado em comer as gostosuras daquela mesa incrível e mergulhar em uma longa discussão sobre como a neve que caía do teto encantado desaparecia antes mesmo de chegar ao chão.

Ele e Pansy discutiam energeticamente, cada um defendendo seus achismos com unhas e dentes.

- A neve também é encantada, imbecil. É só encenação. - Pansy praticamente gritava.

E para provar seu contraponto, ele subiu em uma cadeira, alcançando alguns flocos de neve.

- Então porque eles estão derretendo na minha mão?

- Porque... Bem...

- Vocês são dois idiotas, isso sim. - Draco finalmente murmurou irritado. Ele tinha passado o tempo todo em silêncio, até então, e sua paciência devia ter chegado ao limite. - Vem, vamos dançar.

E de repente, Draco pegou minha mão, com uma puxadinha leve em direção à pista de dança. Tentei ignorar a sensação estranha que seu toque me causou.

Eu pensava que seria mais gelado, ou áspero. Mas suas mãos eram quentes e macias quando ele me segurou, começando a conduzir uma valsa animada.

- Eu não sei bem o que fazer. - Ri nervosamente, pisando em seu pé.

- Tudo bem, só respira e me deixa conduzir. - Seu rosto estava tranquilo, assim como sua voz.

Tentei fazer o que ele disse, mas ainda demorou um tempo até que eu conseguisse, de fato, relaxar também. Enquanto isso, Draco continuava com sua condução, calma e leve. Parecia não fazer nenhum esforço para isso.

- Pansy não vai ficar incomodada? - Perguntei, de repente.

- Porque ela ficaria? - Respondeu Draco, me olhando com um misto entre confusão e divertimento.

Parecia aquele mesmo garoto do Três Vassouras.

- Vocês vieram juntos.

- Assim como você e Nott. Mas como eles acharam muito mais interessante discutir sobre qualquer besteira, perderam a razão em se incomodar. - Draco deu de ombros, me empurrando um pouco para trás e me girou uma, duas vezes antes de me puxar de volta.

- Você faz parecer fácil demais. - Resmunguei impressionada, fazendo com que ele soltasse uma risadinha convencida.

A música mudou, o ritmo também, mas Draco continuava impecável. Até tentei buscar Teodoro ou Pansy entre a multidão, mas não tive nem vislumbre deles.

Em compensação, reparei em como minha irmã parecia estar se divertindo com Neville. Em Briar rindo e rodopiando com Blásio. E aquela era Granger com Victor Krum, o competidor da Durmstrang?

- Minha mãe costumava me colocar em cima dos pés e dançava comigo pela sala. - Compartilhou ele, um longo momento depois.

- Ela deve ser muito habilidosa, então.

- Ela é. - Seu sorriso agora era orgulhoso, não como a soberba após um elogio de Snape ou de qualquer um dos amigos puxando seu saco.

Por uma noite ela se esqueceu dos comentários ácidos e de todas as provocações. Por aquele momento, ela parecia ver um outro lado de Draco Malfoy. Um lado que ela até pensava que poderia gostar, que poderia ser amiga dele.

Pena que havia aquela parte que parecia odiar sua família, a maioria dos seus amigos e ferir alguns de seus princípios mais básicos.

- Sua mãe deve ser muito importante para você. - Reparei tarde demais que havia feito aquele comentário em voz alta.

- E ela é. - Draco simplesmente repetiu. - Que tal uma pausa?

Aceitei de bom grado, querendo tomar um pouco de água e ver se conseguia aproveitar um pouco com Briar.

Caramba, como era difícil. Minha amiga não se desgrudava de Blásio e oficialmente estava começando a me irritar com aquilo também. Demorou um tempo, mas finalmente Briar se aproximou novamente, trazendo consigo dois copos de ponche de frutas e um sorriso de desculpas.

Eu a entendia, claro. Desde muito tempo os olhos de Briar eram voltados para o garoto Zabini. Além daquele ser seu primeiro relacionamento sério, ainda tinha conquistado a atenção da sua paixonite.

Porém mesmo sabendo disso tudo, meu incômodo não parava de crescer.

Será que se apaixonar era assim? Se afastar das pessoas que antes era importante para a gente e entrar em um sistema simbiótico como os líquens? Se for isso, eu preferia continuar tendo minha própria individualidade...

- Você está pegando viagem. - Briar interrompeu meus vários pensamentos com uma chacoalhada nos ombros. - E uma cara azeda que não combina com você.

- Só estou pensando que seria legal ter Penélope aqui com a gente.

Foi só falar o nome dela que Briar passou de uma postura gentil para irritada. Até revirou seus olhos soltando um bufar.

- Sinceramente... Ela não tem feito o menor esforço para estar com a gente. Parece que nem se importa mais! E se ela escolheu, mais uma vez, não estar com a gente, eu não vou mais insistir por essa amizade.

Demorei um segundo, dois, até cinco até assimilar a breve explosão de Briar. E a cada instante a mais, o sangue subia quente à minha cabeça.

- Você não pode ser tão cega assim, pode? É você quem tem se isolado cada vez mais de todas as suas amigas, que parece não dar a mínima para a gente. Sua vida não se resume a um garoto, Briar. Pelo menos não deveria.

Não me importei que estávamos com os amigos do namorado de Briar. Não me importei que estava praticamente gritando, até por conta do som alto da banda de rock das Esquisitonas. Não me importei com os olhos azuis arregalados da minha amiga. Tampouco com o sentimento estranho que me invadia, de não conhecê-la mais da mesma forma de antes.

- E penso que talvez Penélope estivesse certa em não acreditar que você daria qualquer importância para a gente hoje. - Ri comigo mesma, fazendo questão de falar isso em voz alta antes de sair dali.

Oficialmente tinha chegado no meu limite.

- Óbvio que sua fidelidade estaria com ela! - Briar gritou. Sua respiração acelerada demonstrava o quão raivosa estava ficando, assim como os olhos marejados.

- E aparentemente a sua não está com ninguém. Boa noite, pessoal.

Saí apressada de lá, antes que ela pudesse falar mais alguma coisa. Uma grande véspera de natal, de fato.

Pelo menos o dormitório estava silencioso. Gina ainda curtia a festa e as outras meninas dormiam profundamente. E infelizmente, a única pessoa com quem gostaria de conversar era aquela que não estava ali. 

Light in the Darkest of Times || Malfoy WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora