Capítulo 15 - Último desafio

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Com as movimentações dos seguidores daquele que não deve ser nomeado, os boatos de que o Senhor das Trevas estava se fortalecendo mais uma vez corriam à solta pelos corredores da escola.

Isso, somado com a última tarefa, deixava um clima elétrico e tenso. Ninguém parecia ter cabeça para as provas que sucediam o evento final do Torneio, mas mesmo assim, consegui me dedicar para manter minhas notas.

Foi uma surpresa agradável que mamãe e Gui tivessem conseguido vir para prestigiar Harry e aproveitamos para ter uma tarde agradável em família, ajudando nosso amigo a relaxar um pouco.

O estádio de quadribol, onde a tarefa seria realizada, estava totalmente irreconhecível, com um labirinto imenso e passagens escuras e sinistras.

A turma de música do professor Flitwick tocava uma marchinha empolgada, animando as torcidas enquanto os quatro competidores adentravam no labirinto.

- E agora a gente espera? - Briar perguntou, já impaciente ao meu lado.

- A gente espera. - Peps concordou, mascando uma varinha de alcaçuz e me dando uma também.

Quando estávamos nervosas, tínhamos o mau costume de mastigar qualquer coisa para aliviar um pouco a tensão. E eu estava preocupada e notando que o grupo de Malfoy estava mais quieto do que o normal.

- Está tudo bem? - Perguntei baixinho para Briar, olhando para os sonserinos.

- O que? Ah, está. - Mas não parecia, por sua inquietação. - Só aquela rixa antiga contra Potter e tudo mais.

A encarei por um longo momento, desacreditada, e Briar sustentou meu olhar, dando de ombros.

Que Merlim abençoasse Penélope Dixon e todos os seus saquinhos de doces da Dedos de Mel. Aquela prova parecia infinita e o cansaço começava a chegar. Nem a marchinha conseguia manter mais a empolgação e tinha tirado um intervalo para descansar e conversar em paz.

- Caramba, será que vamos ficar até amanhã nisso? - Rony reclamou, atrás da gente.

- Paciência, Ron. - Gui bagunçou os cabelos do irmão, sem interromper o jogo de cartas com os gêmeos. Como mamãe estava ali, eles não foram doidos de tentar vender apostas ou qualquer gemialidades.

Pela agitação dos professores e diretores, aquela tarefa parecia estar demorando mais do que o esperado. Enquanto que o grupo de Malfoy havia caído em uma quietude fúnebre.

Minha atenção flutuava entre Dumbledore e Snape conversando seriamente lá embaixo e Draco, Pansy, Blásio e Teodoro que mais pareciam estátuas alguns assentos afastados de nós. Para Karkaroff que saía apressado pelos fundos do estádio e para Crabbe e Goyle que sorriam de uma forma animalesca.

Que raios estava acontecendo?

- Para com isso. - Penélope sussurrou, segurando minha coxa balançante me forçando a parar.

Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Harry apareceu largado na grama logo a frente do labirinto, segurando uma taça reluzente em uma mão e deitado sobre uma pessoa.

- Harry! Harry! - A plateia gritou e então a bandinha começou a tocar novamente, animada.

Mas algo dentro de mim se contorceu percebendo o choro de Potter e o corpo sem vida de Cedrico Diggory bem ali, na nossa frente. E aparentemente outras pessoas começaram a perceber também, já que gritos começaram a ser entoados e então um pandemônio começou.

De repente todos estavam em cima dos dois.

Sentindo minha vista começar a embaçar por conta das lágrimas, procurei aquele grupo mais uma vez na multidão agora histérica, encontrando os olhos acinzentados de Draco em mim.

Ele parecia mais sério do que nunca e também com um pesar que duvidei ser por aquela situação.

- Fred, Jorge, tirem suas irmãs daqui. Agora. - Mamãe disse com a voz embargada, descendo com Gui para ajudar Harry.

Senti a mão firme de Jorge se fechar no meu braço e fui puxada para nossa sala comunal, onde os professores direcionavam os alunos.

Gina até tentava ir atrás de Harry, mas Fred a segurava em um abraço forte.

Soubemos que Harry estava na ala hospitalar e lá ficaria por algumas noites. Nas vezes que tentaram visitá-lo, ele sempre estava dormindo e a todo momento acompanhado por um cão preto enorme.

A escola parecia vestida de luto. E claro, estávamos esperando na espera de um dos discursos tranquilizadores de Dumbledore. Entretanto, recebemos um que pareceu ter o efeito contrário.

Era a última noite do ano e descobrimos que o professor Moody era, na verdade, um comensal da morte disfarçado sob efeito da poção Polissuco. A diferença entre os dois era perceptível, já que o verdadeiro Moody parecia mais quieto e assustadiço do que o outro.

Ao invés das cores da casa campeã decorando o Salão, havia panos pretos na parede atrás da mesa dos professores e balançando entre as pilastras como respeito a Cedrico.

O discurso de Dumbledore começou direcionado à pessoa que o lufano era e, surpreendendo a todos, contando exatamente o que aconteceu.

- Cedrico Diggory foi morto por Lord Voldemort. - Sua voz ecoou pelo Salão.

Um murmúrio de pânico varreu o ambiente, as pessoas olhando para Dumbledore incrédulas, horrorizadas.

- O Ministro da Magia não quer que eu lhes diga isto. E é possível que alguns pais se horrorizem com o que acabo de fazer, por não acreditarem que ele tenha ressurgido. Ou porque achem que eu não deva informar isto a vocês por serem demasiado jovens. Creio, no entanto, que a verdade é,em geral, preferível às mentiras,e qualquer tentativa de fingir qualquer outra coisa seria um insulto à memória de Cedrico Diggory.

Na mesa atrás da nossa, Draco e os amigos cochichavam, alheios ao discurso do diretor.

Na segunda parte de seu discurso, Dumbledore contou a todos a respeito da participação de Harry ao enfrentar Voldemort com coragem e bravura, pedindo um segundo brinde ao garoto.

Coisa que muitos alunos da Sonserina, em um gesto de desafio, permaneceram sentados, com os cálices intocados.

- ... à luz do ressurgimento de Voldemort, seremos tão fortes quanto formos unidos e tão fracos quanto formos desunidos. O talento de Voldemort para disseminar a desarmonia e a inimizade é muito grande. Só podemos combatê-lo mostrando uma ligação igualmente forte de amizade e confiança... - O diretor continuava, calmo, porém com sua voz firme.

De alguma forma, eu sentia que a distância entre as duas casas rivais de Hogwarts só iria aumentar a partir de agora.

E eu não estava nada ansiosa para descobrir como as coisas ficariam nos próximos anos.


.........


Nossa cabine estava silenciosa. Briar tinha saído há pouco tempo, querendo passar uns últimos momentos antes das férias com Blásio, me deixando sozinha com Penélope e Gina.

O expresso Hogwarts, como um todo, parecia quieto demais. A não ser pela confusão que acontecia no vagão logo ao lado. Percebendo ser justamente onde Rony e os amigos estavam, saí com Gina no momento em que Malfoy, Crabbe e Goyle provocavam o grupo.

- Dá o fora, Malfoy! - Disse Harry, sem o menor pingo de paciência.

- Você escolheu o lado errado, Potter. Eu avisei! Disse que deveria escolher com sabedoria quais seriam suas amizades, lembra? - Sua voz saía amargurada. - Tarde demais agora. Se eu fosse você, tomaria mais cuidado a partir de agora que o Lorde das Trevas voltou. - Draco mais parecia estar fazendo uma ameaça do que qualquer outra coisa.

Antes de sair, com seus dois fiéis guarda-costas, ele me deu um último olhar, carregado, como se aquele "aviso" também se estendesse a mim de alguma forma que eu não entendi qual era. 

Light in the Darkest of Times || Malfoy WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora