Capítulo 18 - Uma revoada de corujas

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Mesmo com aquela nova configuração, surgiram duas novidades que me surpreenderam. A primeira, foi o novo relacionamento de Gui com a antiga competidora do Torneio Tribruxo, Fleur Delacour.

Quando eles se encontraram na última prova, aparentemente a excentricidade de Gui chamou a atenção da garota e ela decidiu ficar um tempinho a mais no Reino Unido, com a desculpa de treinar mais o novo idioma. Até conseguiu um trabalho no banco, ficando mais próxima ainda de Gui e então, agora eles estavam namorando.

Mamãe não estava muito feliz com isso, Gina muito menos. Elas pareciam odiar a coitada da Fleur, mas para mim aquilo não passava de ciúmes, já que ela parecia um doce de pessoa.

- Ela é doce até demais! - Gina reclamou uma noite, quando conversávamos sobre sua implicância com a nova namorada de Gui. - Chega dar náuseas.

- Até parece que você, quando se apaixonar, não vai ficar melosa igual. - Brinquei.

E então, veio a segunda notícia.

- Eu não estou assim. - Gina afirmou, ofendida. Foi tão rápido que ela percebeu pouco depois de falar a informação que tinha dado.

- Oi? Você está apaixonada? Por quem? - Pulei na cama dela, afoita.

Ela até poderia negar ou desconversar, mas não era assim a nossa relação. Não mentíamos ou enrolávamos uma à outra.

- Lembra do Miguel? - Ela perguntou, deitando com a cabeça no meu colo e comecei a fazer trancinhas em seu cabelo liso.

- Aquele da Corvinal?

- Esse mesmo. Nos aproximamos no baile de inverno e, desde então, temos trocado correspondências. Até demos uns beijinhos, mas não foi nada demais.

Ela parecia estranhamente desanimada. Diferente de como eu imaginava que deveria estar ao se envolver com uma primeira paixãozinha.

Se bem que...

- E Harry?

- O que tem ele? - Gina assumiu a defensiva.

- Eu pensava que você gostava dele.

E de novo, o silêncio tomou conta do quarto enquanto Gina pensava no que responderia.

- Eu não sei... - Suspirou ela, escondendo o rosto nas mãos. - Acho que estou tentando deixar ele para lá. Ano passado ele estava todo babão pela Cho Chang e... Acho que não quero mais me sentir daquela forma. E Miguel é uma pessoa legal. Ele é divertido e me faz rir.

- Me conta como foi o beijo. - Pedi, quebrando o mau tempo e logo embarcamos em uma longa e detalhada conversa, com risadas e até algumas mímicas.

A tristeza não combinava muito com Gina.


........


Estávamos jantando quando a primeira coruja entrou voando com tudo dentro de casa, dando um susto em todos.

- Eu não sabia que elas podiam entrar aqui. - Gina sussurrou para mim, com a mão no coração.

- Não todas. - Anunciou Sirius, pegando o pergaminho da pata da ave e ficando pálido a cada linha lida.

Era um pedaço pequeno, mas parecia não conter boas notícias. Um baque alto na porta chamou nossa atenção, justo quando Dumbledore entrava na casa como um furacão.

Ele estava preocupado e enraivecido. Acho que nunca o vi daquela forma antes.

- O que está acontecendo? - Mamãe perguntou, indo para perto de Sirius na tentativa de ler o que tinha naquele pedacinho.

- Harry foi atacado por dementadores. - Dumbledore anunciou, sua voz preenchendo todo o ambiente.

- Você disse que era seguro! - Sirius explodiu.

- Ele não estava em casa, mas agora está. Temos que ir. - Mais um anúncio do diretor e então Moody se levantou e mancou atrás dele porta afora.

Sirius até tentou seguí-los, mas Lupin o segurou pelo braço. Por ainda ser um dos bruxos mais procurados do mundo, ele estava restrito àquela residência e não podia sair de lá.

- Como assim, Harry foi atacado? - Gina perguntou, junto de Rony.

Uma outra coruja apareceu, com a informação que o Ministério queria expulsá-lo pelo uso indevido de magia, então a cozinha explodiu em gritos e todos em pé sem saber o que fazer ou para onde ir.

Mamãe tentava nos mandar para os quartos e os gêmeos protestavam veemente. Por eles, todos deveríamos ir à casa de Potter naquele mesmo minuto, ou no próprio Ministério para reivindicar aquele absurdo.

Hermione tentava colocar algum pouco de juízo em Gina e Rony que queria se juntar aos gêmeos no embate com nossa mãe. Os outros adultos presentes, Lupin, Sirius e Tonks tentavam conversar baixo e rápido, mas pela gritaria, eles também precisavam quase gritar entre si.

Papai escrevia apressadamente e enrolou uma cartinha na coruja que ainda esperava e ela saiu voando apressada enquanto ele se juntava ao grupo no cantinho da sala.

Eu era a única que ainda estava sentada, olhando para todos e por isso percebi a outra coruja que entrava pela pequena janela da sala.

Ela pousou na minha frente, com a patinha estendida e li o recado.

- Harry não vai ser expulso. - Anunciei, mas ninguém me ouviu. - HARRY NÃO VAI SER EXPULSO! - Gritei, estendendo o pergaminho para Sirius.

Dumbledore mandou mais uma carta, contando a mudança de postura do Ministério e a audiência marcada para julgar o caso de Harry antes de qualquer tomada de decisão.

Aquilo era muito para mim. Não tinha nada com o que eu pudesse contribuir naquele momento e ficar ali só seria mais estressante, então decidi subir para meu quarto.

E mesmo alguns andares acima, ainda era possível escutar o barulho lá de baixo. Afinal, junto com aquela gritaria toda, o quadro berrante da mãe de Sirius começou a berrar suas baboseiras e o silêncio da casa parecia cada vez mais impossível e distante.

Decidi fazer um melhor uso do meu tempo e puxei meu caldeirão para fora do malão. Lembrei do que mamãe disse sobre querer começar a dar um jeito naquela casa velha e eu conhecia uma poção que ajudaria muito com a sujeira.

Menores de idade eram proibidos de fazerem magias fora dos muros da escola, mas a depender da poção, tudo o que eu precisaria era de fogo e dos ingredientes, além do jeitinho certo de mexer a solução.

Sorte que a poção de limpeza era uma dessas e que os insumos eram simples e acessíveis, ao ponto de tê-los todos na minha maletinha.

Puxei as folhas de menta, o gengibre e o vidrinho de hidromel e comecei seu preparo.

O fogo foi a parte mais complicada, já que precisei recorrer ao quarto dos gêmeos e teria que acompanhar sua intensidade manualmente.

Quando a substância começou a atingir um tom azul claro vivo, quase meia hora depois, soube que estava perfeitinha e assim que esfriasse, poderia começar a utilizá-la. E pelo menos aquilo serviu para distrair minha mente da confusão do resto da casa, como uma bolha tranquila. 

Light in the Darkest of Times || Malfoy WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora