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A princesa Targaryen lançou um último olhar ao mar revolto antes de se afastar, sentindo o gosto amargo do enjoo pela terceira, talvez quarta vez naquela manhã.
Os ventos cortantes que sopravam do leste balançavam suas madeixas prateadas, enquanto ela se apoiava levemente na amurada para recuperar o fôlego. A viagem a Dragonstone havia começado há menos de dois dias, mas a sensação de náusea parecia piorar a cada hora.
Rhaenys tentou se concentrar na linha do horizonte, onde as águas agitadas encontravam o céu cinzento. Talvez faltassem mais dois ou três dias até que pudessem finalmente ancorar, mas mesmo esse breve intervalo de tempo parecia se estender dolorosamente.
O balanço constante do navio era um lembrete implacável da distância crescente entre ela e a Fortaleza Vermelha.
Rhaenys se afastou da amurada com passos vacilantes, sua mão descansando sobre o tecido de sua saia, tentando manter o equilíbrio conforme o navio oscilava sobre as ondas.
O ar salgado pesava em seus pulmões, e o vento parecia brincar com seus pensamentos, empurrando-os para lugares incertos. Cada balanço do navio a lembrava de como sua vida havia mudado drasticamente nos últimos meses.
Seus dedos deslizaram distraidamente pelo pingente em seu pescoço, um presente de Willas, dado quando ainda eram noivos, antes que toda a confusão surgisse e os caminhos de ambos se separassem.
Enquanto seus pensamentos voltavam às decisões que a levaram àquela jornada, o peso do colar parecia trazer lembranças do tempo em que sua vida era mais simples, menos marcada pelo caos.
A lembrança de Willas ao seu lado quando escreveu a carta a Oberyn. As palavras duras de Aerys e o olhar carregado de Rhaegar durante o banquete. O peso do que ela carregava em seu ventre parecia se intensificar com cada dia que passava, como se o futuro incerto de seu filho estivesse entrelaçado com o destino de sua casa.
Poucos soldados a acompanhavam, incluindo Ser Edric Dayne, que sempre mantinha a vigilância próxima, mas silenciosa. Além deles, estavam apenas alguns empregados que a serviam durante a viagem.
A princesa mal os via, perdida em seus próprios pensamentos, embora os sons de suas conversas abafadas ecoassem pelas paredes de madeira do navio. Era uma travessia solitária, e mesmo entre aqueles que juraram protegê-la, ela se sentia isolada.
Rhaenys parou por um momento, seus olhos se fixando na bandeira Targaryen que tremulava no mastro. Aquele dragão tricéfalo simbolizava sua casa, sua linhagem. E agora, enquanto ela navegava em direção a Dragonstone, o lugar de sua ancestralidade, não conseguia evitar sentir o peso de sua herança.
