Capítulo XX

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Waves's Whisper

Ocean Eyes - Billie Eilish

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Mais uma vez, Rhaenys encontrava-se lendo outra das cartas que Varys lhe enviava com uma frequência inquietante. A luz suave da tarde adentrava pelas janelas de Dragonstone, banhando o quarto em tons dourados e acariciando as pedras antigas com sua claridade.

Os dedos finos da princesa deslizavam pelo papel amarelado enquanto seus olhos corriam pelas palavras escritas com frieza calculada.

Obara, envolta por uma pilha de travesseiros macios, balbuciava suavemente, os pequenos sons que fazia eram quase música para os ouvidos de sua mãe.

Rhaenys, ainda lendo a carta, lançava olhares ocasionais à filha, certificando-se de que a pequena não se moveria demais e não correria risco de cair.

- "O Rei acredita ser mais seguro retornar a King's Landing, assim não poderá cometer algo indesejado novamente" - ela releu em voz baixa, as palavras de Varys ecoando em sua mente com um peso incômodo.

Lentamente, Rhaenys pousou a carta sobre a mesa ao lado da cama, o olhar fixo na filha que, agora, estendia as mãozinhas, tentando agarrar o ar diante de si. Os olhos lilás da menina, herança inegável da casa Targaryen, cintilavam sob a luz que preenchia o quarto.

- Seu avô acha que você é... indesejada - murmurou Rhaenys, aproximando-se da cama, seus lábios se curvando em um sorriso afetuoso. - Loucura pensar que eu permitiria que ele te destratasse.

Obara a observava com uma curiosidade inocente, os pequenos movimentos sem direção revelando o início da consciência do mundo ao seu redor.

Rhaenys não pôde deixar de soltar uma risada curta, sabendo que suas palavras eram incompreensíveis para a menina que mal completara uma semana de vida.

- Lord Varys disse que ele... expulsou Oberyn de Porto Real. - Rhaenys suspirou ao sentar-se na beira da cama, recolhendo Obara em seus braços, sentindo o calor reconfortante da filha contra si.

A princesa olhou para o rosto delicado da menina, seus dedos acariciando com ternura as pequenas bochechas de Obara. - Deveríamos escrever para ele? - perguntou, com uma leve ironia em sua voz, como se realmente esperasse uma resposta. - O que eu poderia dizer? Pedir para que viesse me tirar do isolamento imposto pelo meu próprio pai?

Ela riu sem humor, revirando os olhos ao imaginar a cena.

- Ridículo - murmurou, quase para si mesma. - Como se Oberyn tivesse algum poder para mudar isso. Ele não precisa fazer nada... não há o que fazer.

O quarto, por um momento, pareceu mais vazio do que antes, como se o peso de sua situação finalmente tivesse se instalado completamente sobre seus ombros. O silêncio era interrompido apenas pelo som suave da respiração de Obara e o ocasional suspiro de Rhaenys.

Ela segurou a pequena mão da filha, a pele quente contra seus dedos frios. - Não deveria me perder nesses pensamentos com você, não é, querida? - disse com um sorriso cansado, inclinando a cabeça para observar Obara.

O brilho suave do fim de tarde iluminava os cabelos platinados da princesa, e o olhar melancólico em seus olhos revelava o turbilhão de emoções que ela mantinha escondido.

As sombras das muralhas de Dragonstone pareciam se alongar, enquanto a esperança de Rhaenys se tornava mais distante.

- Se meu pai quer que eu volte... talvez seja algo bom...? - murmurou Rhaenys, fechando os olhos por um instante. O peso das palavras pesava em sua mente como uma tempestade iminente.

𝕱𝖎𝖗𝖊 𝖆𝖓𝖉 𝕾𝖆𝖓𝖉 - 𝕺𝖇𝖊𝖗𝖞𝖓 𝕸𝖆𝖗𝖙𝖊𝖑𝖑Onde histórias criam vida. Descubra agora