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King's Landing era uma cidade sufocante. O cheiro da podridão e da vida agitada se misturava com o ar, uma presença constante que incomodava os sentidos. Para Oberyn Martell, a capital dos Sete Reinos era mais um fardo do que uma glória.
Ele nunca se sentiu à vontade ali, e a sujeira que marcava as ruas parecia impregnar tudo, desde os becos até os próprios tijolos da Fortaleza Vermelha.
Caminhando pelas ruas irregulares, com a capa ondulando em seus passos rápidos, ele não podia deixar de sentir uma pontada de desdém. A imundície, o cheiro de esgoto e a sensação de decadência que envolvia cada esquina só reforçavam seu desgosto por estar ali. Mas, por mais que odiasse a cidade, sabia que sua presença ali era uma necessidade, uma responsabilidade que ele não poderia ignorar.
"Rhaenys."
O nome dela era como uma brisa em meio à tempestade de pensamentos sombrios que habitavam sua mente. Ela estava esperando por ele, e o peso dessa verdade o empurrava para frente. Mesmo que não quisesse admitir abertamente, Oberyn carregava uma culpa sutil em seu peito.
A gravidez dela era, sua responsabilidade, e o pensamento de que Rhaenys agora carregava o filho de ambos o fez sentir uma obrigação inescapável.
Por mais que ele se orgulhasse de sua liberdade e rejeitasse os laços que o acorrentavam, Oberyn sabia que não podia fugir de Rhaenys. Havia algo mais profundo que o conectava a ela, algo além do desejo e da paixão que eles compartilhavam. E por isso, ele estava ali, caminhando pelas ruas imundas da cidade que tanto detestava.
Doran tinha insistido que ele não viajasse sozinho, e, por isso, guardas dorneses o acompanhavam. Suas armaduras leves e o emblema do sol com a lança os destacavam no caos da cidade, mas nenhum dos guardas parecia tão desconfortável quanto Oberyn. Para eles, aquela era apenas mais uma missão. Para ele, porém, era uma jornada que misturava dever e sentimentos não resolvidos.
A Fortaleza Vermelha, com suas torres ameaçadoras e muros altos, surgiu à vista, imponente contra o céu enevoado. O vermelho das pedras, geralmente vivo sob a luz do sol, parecia mais sombrio naquele dia nublado. Os guardas na entrada, com suas armaduras brilhantes e posturas rígidas, o reconheceram imediatamente e abriram passagem.
- Príncipe Oberyn, bem-vindo de volta a King's Landing. - um dos guardas disse, curvando-se ligeiramente.
Oberyn apenas assentiu com a cabeça, sem se preocupar em esconder seu desdém por aquele lugar. Cada pedra, cada corredor, lhe trazia lembranças de uma corte cheia de intrigas e traições. Sua mente, porém, estava focada em uma única pessoa.
