THIRTY SEVEN.- HOSPITAL

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                                        5:50 AM                                             🧛🏻‍♀️

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                                        5:50 AM
                                            🧛🏻‍♀️.

Após o acontecimento de algumas horas, ao terminar, Henry saiu de meu quarto normalmente.

"Não conte a ninguém, este será o segredinho que guardaremos apenas para nós, papai e filhinha." Estas foram suas últimas palavras dirigidas a mim.

E então, o homem voltou para seu quarto e dormiu tranquilamente após saciar sua vontade de foder alguém, não importando-se se este alguém poderia ser sua própria filha.

Enquanto eu, por outro lado, permaneci estática em minha cama. Não havia mais forças para chorar, por isso apenas encarei o teto fixamente, procurando respostas das perguntas que apareciam em minha mente.

Por que comigo?

E então, ao invés de continuar deitada na cama que, de repente, deixou de ser confortável, levantei-me e me vesti.

Sai da casa porta a fora, sem avisos, apenas sai.

Fui em direção ao hospital com lágrimas em meus olhos. Lágrimas que recusava-me derramar.

Adentrando o hospital, fui diretamente até a sala onde Levi encontra-se, não me dando ao trabalho de conversar com a recepcionista antes de qualquer coisa. E lá ele estava; da mesma forma como o deixei da última vez em que vim visitá-lo.

Dói ver ele desta forma, e o pior de tudo, dói saber que ele ainda não teve melhoras e nenhuma previsão para acordar.

Sinto-me exausta, com um grande peso em minhas costas.

Sei que se ele estivesse aqui poderia me ajudar de alguma forma. Por mais que fosse dando-me sustos ou até mesmo sussurrando em meu ouvido até eu, finalmente, render-me ao sono.

Uma dor intensa invade meu peito de uma forma inexplicável.

Vê-lo deitado nesta cama, existindo possibilidades dele não acordar, consegue assustar-me mais do que o próprio garoto um dia já me assustou.

Porra, Levi, Por que você decidiu me deixar justo agora?

— Sei que não está me escutando...- Começo, quebrando o silêncio que ressoava pela sala. — Mas, por favor, seja forte.- Continuo. — Lute o quanto for necessário, mas não me deixe.

Seu corpo sobe e desce, numa respiração calma.

— É engraçado lembrar que quando você voltou para Miami, de certa forma não voltou sozinho, trouxe junto todas as memórias que eu havia feito questão de enterrar, justamente para não sofrer ao lembrar que havia lhe perdido para sempre. Mas então, as coisas começaram a fazer sentido e todas as peças foram aos poucos se encaixando, mostrando-me que de fato, nada que eu fizer me fará esquecer o passado. "Quando olharmos para nosso dedo e enxergarmos o acessório ainda ali, veremos através dele a verdadeira união entre nós, que nem mesmo a distância será capaz de vencer." Foram estas a suas últimas palavras para mim antes de se distanciar completamente e, anos depois, supostamente "morrer". Se lembra disso? - Digo, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto novamente. — Eu descumpri a promessa, Levi. Tirei o anel do dedo e, desde então, nunca mais tive coragem o suficiente para colocá-lo novamente. Entretanto, visto que mesmo após anos nós ainda carregavamos um pedaço do nosso passado conosco, mostra o quanto fracassamos ao tentar esquecer tudo aquilo que vivemos um ao lado do outro. - Continuo.

Observo seu rosto sereno e calmo, observando seus olhos fechados, como se estivesse num sono profundo.

— Ao olhar em seus olhos, posso enxergar a mim mesma, posso enxergar uma Mia em versão masculina. Claro que eu nunca mataria alguém por ciúmes assim como você fez na festa em que eu estava, mas ainda assim, posso ver em suas ações o reflexo das minhas. - Falo, rindo levemente. — Somos o espelho um do outro, Levi, e é justamente isso o que mais me assusta. E pensar que se tivéssemos a oportunidade de voltar no passado e nos encararmos assim como fizemos dez anos depois, quando nos encontramos novamente, saberíamos exatamente como lidar com a tamanha semelhança que carregamos. - Continuo. — Talvez tenhamos nos tornado imaturos demais para conseguir lidar com isso como adultos, ou talvez ainda não estejamos prontos para encarar o fato de que sempre fomos isso que somos agora, mas a diferença é que as circunstâncias em que nos encontramos parecem ser bem mais complicadas, trazendo-nos o medo de encararmos nossos problemas frente a frente. E com isso, a raiva que nos forçamos a ter um do outro.

O silêncio ao nosso redor é quebrado por minhas palavras que deixam minha garganta de forma dolorosa, como se estivesse quebrando meu orgulho em mil pedaços.

— O motivo da minha tristeza era você, assim como o motivo da minha felicidade, raiva, desespero, angústia e todos os outros sentimentos existentes. Sempre foi você, Levi. E só agora, lhe vendo deitado nesta cama, em coma, sem previsão para acordar, percebo isso. Esses dias que tenho passado sem você tem sido os piores, por mais que eu odeie ter que admitir isto, você trazia emoções aos meus dias. Entretanto, parece que voltei de volta à estaca zero. Você é tudo que sinto e vivo para sentir.

Minhas mãos tremem e meu coração bate descompassadamente contra meu peito.

— Arrisco em dizer que eu te amo. Ou pelo menos em algum momento da minha vida eu já amei. Embora eu realmente ache que nenhum sentimento de raiva possa passar por cima de todo este amor que guardo por você desde quando éramos crianças. - Conto.

O fato dele não estar me ouvindo confessar tudo o que guardei para mim por todo este tempo, parece aliviar meu coração.

— Sinto raiva de mim por continuar sustentando este sentimento por você. Mas então, quando tento apagá-lo eu olho em seus olhos e eles me obrigam a seguir em frente com tudo aquilo que já tentei deixar para trás tantas vezes. Diria que você tem este poder sobre mim, mas admitir isto mesmo com você desacordado me faz parecer muito fraca, por isso, prefiro acreditar que ferveu meu nome na água antes de voltar para Miami. - Sorrio com minhas próprias palavras. — Espero que saiba carregar consigo o valor das palavras que direi agora, pois serão significativas demais até mesmo para mim: eu te amo, e nada nem ninguém poderá mudar isso.

𝐸𝑢 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑜 𝑎𝑚𝑜. 𝐸 𝑎𝑝𝑒𝑛𝑎𝑠 𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎, 𝑜 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑖𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑛𝑒𝑠𝑡𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎, 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖𝑔𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑖𝑠𝑡𝑜.

— Apenas... volte para mim, Levi... Volte para mim.

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