THIRTY FIVE.- CONCERN

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     U𝔪𝔞 𝔖𝔢𝔪𝔞𝔫𝔞 𝔇𝔢𝔭𝔬𝔦𝔰...
      𝔖𝔢𝔵𝔱𝔞-𝔉𝔢𝔦𝔯𝔞...  
                                          

Hoje faz exatamente uma semana.

Uma semana em que Levi está em coma, internado num hospital devido ao que aconteceu com ele.

Depois de tantas faltas, voltei a frequentar a escola normalmente, mas devo dizer que nada tem feito sentido em minha cabeça. Tenho estado ocupada demais pensando em Levi e em todos os momentos em que tivemos juntos antes de ele entrar em coma.

A cada minuto do dia que se passa, o medo que há dentro de mim cresce cada vez mais. Uma semana, sete dias e 168 horas que Levi tem sido mantido dentro daquele hospital. Sem previsão para melhoras.

Os pensamentos ruins sempre invadem minha mente, me fazendo pensar que nunca mais poderei tê-lo ao meu lado. Me fazendo acreditar que ele não será forte o suficiente para vencer a guerra que está acontecendo em sua própria mente.

As possibilidades de ele não acordar são grandes, mas ainda assim, permaneço ao seu lado.

Todos os dias estou lá e em noites chuvosas, lá estou eu da mesma forma; dormindo na poltrona ao seu lado, apenas para não deixá-lo dormir sozinho.

Levi me mostrou como me tornei dependente de nossos momentos nesse pouco tempo em que passamos juntos. Por mais que na maioria deles eu estivesse tentando evitá-lo ou fazê-lo perceber o quanto odiei a ideia de tê-lo de volta à Miami. Principalmente pelo fato de ele estar hospedado em minha casa.

O vazio imenso que se encontra em meu peito, agora, parece que nunca mais será preenchido 

Nesse meio tempo, Vivian e Henry têm agido de forma estranha.

É como se eles nunca tivessem conhecido o garoto. Sempre quando toco no assunto, suas expressões mudam, parecem tristes, mas logo em seguida, voltam a agir normalmente. Já perguntei o motivo pelo qual eles não vão visitar Levi, mas sempre dão a mesma desculpa:

"Estamos ocupados, querida. Hoje não dá, mas quem sabe outro dia."

E então, entram em seu escritório e se trancam lá pelo resto do dia.

Sempre fui afastada de meus pais. Quando criança, sempre perguntei-me qual era o trabalho deles e o motivo pelo qual sempre estão tão  ocupados, devo dizer que atualmente esta mesma dúvida prevalece.

Nunca ao menos procurei saber, e sinceramente, nunca tive a menor vontade de procurar. Apenas sempre quis saber o motivo da ausência frequente dos adultos em minha vida.

Saio de meus pensamentos, sentando-me na cadeira em frente à mesa.

Meus pais estão lado a lado, tomando seu café normalmente.

Meus cabelos estão bagunçados, as olheiras debaixo de meus olhos entregavam, descaradamente, minhas noites mal dormidas, evidenciando meu cansaço. Ainda encontro-me com meu pijama no corpo e minha cara deve estar péssima. Mas afinal, quem liga para isso?

— Bom dia, querida.- Vivian deseja.

Encaro a mulher, entediada, não dando-me ao trabalho de dizer ao menos uma palavra.

Quando ela percebe que não teria uma resposta, suspira fundo.

— Sua mãe falou com você, Mia.- Henry diz, levando minha atenção até ele.

— Eu escutei.- digo, servindo-me, mesmo sem vontade alguma de comer.

— E porque não respondeu?

— Porque não estou a fim, tá legal? Apenas quero ficar quieta.- Respondo com grosseria.

— Não entendo o motivo pelo qual você tem agido desta forma nos últimos dias. Tem sido grosseira e ninguém aqui precisa disso para nossa comunicação.- Vivian fala.

— Não entende? - Rio sarcástica. — Levi foi vítima de uma tentativa de assassinato, está internado no hospital há uma semana e vocês nem sequer parecem dar a mínima importância para toda essa situação.- Falo tudo o que estava entalado em minha garganta, levantando da cadeira, impaciente. — Se não os conhecesse, diria que foram vocês as pessoas que tentaram o matar, afinal, estão agindo como se nada tivesse acontecido. Como se estivessem satisfeitos com a droga da ausência de Levi dentro dessa casa.

Neste momento, Vivian levantou-se de sua cadeira, ficando cara a cara comigo, do outro lado da mesa:

— Como ousa nos acusar de uma coisa tão grave como esta? Não tivemos envolvimento algum com o que aconteceu com Levi.- Começa. — Nós não iremos deixar que nossa vida pare por um acontecimento como este. Apesar do que tenha acontecido, precisamos continuar com a vida normalmente, não podemos simplesmente deixar tudo de lado por causa de uma perda. Todos se vão um dia.- A mulher fala como se Levi estivesse morto, e isso faz com que minha raiva fique cada vez mais evidente. — Não deveria estar tão preocupada assim, querida; Levi mentiu para nós. Escondeu sua verdadeira identidade por dias, se passando pelo irmão morto. E o que mais me impressiona é o fato de que você já sabia de tudo e nem ao menos cogitou nos contar.

— Não fale como se Levi estivesse morto! Ele não vai morrer, porra! - Afirmo, com lágrimas em meus olhos, ignorando totalmente suas últimas palavras.

Não me importo com o que Levi fez ou deixou de fazer quando ainda não sabíamos da sua verdadeira identidade, o mesmo encontra-se numa situação vulnerável e agora precisa de nosso total apoio. Entretanto, o que me deixa mais indignada diante toda a situação é ver o quão despreocupados Vivian e Henry parecem estar.

Como se não ligassem para a vida do garoto que mentiu para eles durante dias. É como se eles vissem isso como um castigo para que Levi aprenda o real significado da verdade. Para que ele aprenda a nunca mais usá-los da forma que os usou.

Para que ele aprenda a nunca mais mentir para quem parece ter o total controle sobre tudo e todos a todo maldito momento.

— Você sabe que, independente do que os médicos digam, ninguém pode afirmar que ele realmente voltará à consciência. Ele já se perdeu em sua própria mente, Mia.- Vivian fala, fazendo-me soluçar. — Levi mentiu para nós, Mia. Escondeu sua real identidade para se aproveitar de nossa bondade. Não deveria dar tanta importância.

— Agora eu entendi o motivo pelo qual você superou a morte de Nico tão rapidamente. - Começo, vendo a postura da mulher vacilar no mesmo instante. — Você não liga para ninguém além de si mesma! - Eu falo, sem pensar nas consequências.

— Não diga isso, Mia, sofri e ainda sofro pela morte de seu irmão.- Ela fala, nitidamente, nervosa.

— Sério mesmo? É que, pelo o que eu me lembro, não fui eu que, dois meses após a morte do próprio filho, estava sorrindo alegremente por ter recebido uma proposta de uma empresa que, em menos de alguns dias, conseguiu me roubar facilmente. — Digo. — Você nem ao menos entrou em negação pela morte do meu irmão. Apenas chorou por sentir-se culpada, e sei que, no fundo, você sabe que realmente foi. - Continuo. — Durou dois meses. Exatamente dois meses para você aceitar a morte de Nico e praticamente esquecer que teve outro filho além de mim.- termino, frustrada.

— Chega, Mia! Suba para seu quarto imediatamente.

Assisto as lágrimas da mulher escorrerem, lentamente, pelo seu rosto normalmente, sabendo que acertei seu ponto fraco.

Henry me observa com um olhar estranho, mas ao perceber que o encaro, seu olhar muda para desdém.

— Com todo prazer, mãezinha.- Debocho, dando as costas para Vivian e subindo para meu quarto imediatamente.

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