FIFTY ONE.- NICO IS BACK

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Meus pés batem incansavelmente no chão da sala, criando um ritmo irritante

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Meus pés batem incansavelmente no chão da sala, criando um ritmo irritante.

Minhas mãos tremem e como resposta a isso, as balanço incessantemente, tentando acalmar-me.

Minha respiração encontra-se ofegante e meu coração acelerado como se pudesse parar de funcionar a qualquer momento.

A todo momento imagino meu braços rodeando o corpo de Nico pela primeira vez, dentro de dois anos que não pude o fazer.

Entretanto, é importante que eu não crie tanta expectativa, afinal, Levi deixou claro que ele recebeu uma pista de onde Nicolas possa estar, isso significa que ainda não foi confirmado que ele, realmente, encontra-se em tal lugar. Contudo, já é tarde demais; minhas expectativas já estão altas ao ponto de deixar um sorrisinho nascer a todo momento em meu rosto.

Pela primeira vez em todo esse tempo, sinto um grande alívio percorrer pelas minhas veias, trazendo-me uma sensação diferente de todas as outras vezes que já senti a mesma coisa. Sinto que posso respirar novamente.

É como se eu estivesse no fundo do mar até pouco tempo, mas então Nico chegou e salvou-me mais uma vez, fazendo com que meus pulmões recebessem o ar necessário novamente.

— Porra, quando comecei a te observar de longe, não imaginava que você era tão irritante. - Liam pigarreou, quebrando o silêncio.

Inconveniente do caralho!

— Afinal, que merda você tá fazendo aqui ainda, garoto? - reviro os olhos.

Ele deu de ombros, pouco se importando.

Mordo meus lábios, tentando focar em outra coisa, mas essa missão torna-se algo impossível no mesmo instante. Entretanto, junto com toda essa grande expectativa de reencontrar Nicolas, vem a incerteza. Meu coração pulsa contra meu peito e minha respiração falha a todo momento.

Encaro a grande porta de madeira, esperando que a mesma seja aberta e por ela passe meu irmão e seu melhor amigo de infância.

É impressionante a forma como, mesmo após dez anos, Levi continua se importando da mesma forma de como se importava com Nicolas há anos atrás.

A amizade dos dois sempre foi admirável. Não só para mim, mas também para todos que estavam à nossa volta. Os dois sempre foram amigos ao ponto de contar tudo o que sentiam um para o outro, o que sinceramente, seria algo impossível de acontecer — em relação a outra pessoa — em meu ponto de vista, já que tanto Nicolas quanto Levi eram tão orgulhosos ao ponto de sempre reprimir seus próprios sentimentos para si mesmos, não deixando que ninguém se aproximasse para cuidar de suas feridas abertas e sangrentas.

Mas, entre eles dois, era tudo diferente: eles conversavam e se entediam. Levi sempre foi como um irmão para Nicolas, isso era perceptível apenas ao olhar em seus olhos e ver o quanto os mesmos brilhavam ao falar de seu amigo.

Claro, Nico sempre gostou de Davi assim como gostava de Levi, entretanto, sempre deixava claro quem era seu preferido. E quanto a isso tudo bem, já que eu e Davi sempre fomos mais próximos.

Todos na escola diziam que os mesmos, Nicolas e Levi, eram a dupla perfeita, mas afinal, realmente eram; Nicolas era o garoto dos conselhos; sempre buscando ajudar as pessoas quando era necessário. Por outro lado, tínhamos Levi, o garoto estrassadinho que bateria em qualquer um que, ao menos, ousasse tocar naquilo que lhe pertencia, e hoje, após dez anos, é nítido que nada mudou em relação ao mesmo.

Talvez seja por esse motivo que Nico e Levi sempre se entendiam; meu irmão era o melhor conselheiro do mundo, quanto ao Levi... bom, ele era um bom ouvinte.

Apesar de Nico ser um ano mais velho que Withe, sempre foi seu amigo quem o protegia.

Embora seus machucados fossem sérios, Levi fazia questão de defender meu irmão quando algum garoto chato vinha tirar sarro de sua cara, justamente por ele ser tão calminho e quieto.

Anos depois, porém, Levi teve que se mudar, o que, automaticamente, mudou muitas coisas. Nicolas precisou se tornar outra pessoa, o que honestamente funcionou, já que em menos de uma semana todos naquela escola estavam aos seus pés.

E então, Nicolas tomou o cargo de Levi, assumindo o papel de "valentão" da escola. Contudo, apesar de todo seu reconhecimento no lugar, nunca ousou direcionar alguma palavra maldosa para qualquer um ali dentro, até porque, ele já havia vivido exatamente a mesma coisa e sabia o quão agoniante era. Isso só mostrava o quanto Nicolas não merecia passar por tudo o que passou, graças àquelas pessoas.

— Aliás, pode me explicar que porra está acontecendo? Estou sem entender desde que Levi saiu às pressas de casa, sem nem ligar pra minha presença. - Liam se sentou ao meu lado, de uma forma despojada. Algo que já parecia fazer parte da sua personalidade.

Era óbvio que ele tinha o mínimo de consequências de que, o que está acontecendo agora, não é um assunto bobo. Eu podia sentir que ele estava fazendo aquilo apenas para distrair-me de todo o nervosismo de alguma forma, e estava dando certo, já que, ao invés de ansiosa, eu estava ficando irritada.

— Digamos que meu irmão, Nicolas, tenha ressurgido dos mortos misteriosamente. Veja só, pelo menos isso vocês dois têm em comum.- não me dou ao trabalho de encará-lo, fitando a porta com esperança.

— A diferença é que eu sempre estive vivo, mas... caralho, que foda, como ele fez isso? - ironizou, dando-me a certeza de que, agora, eu conversava com um drogado.

— Nem eu sei, sinceramente.

Escuto a porta da frente ranger, despertando-me da realidade em que vivi por breves momentos. Meu coração batia cada vez mais forte e rápido contra meu peito, fazendo minhas mãos tremerem mais rápido.

E então, Levi passou pela porta encarando-me, imediatamente, com um olhar indecifrável. Ele pareceu ignorar totalmente a presença de Liam, como se ele não importasse. Porém, nesse momento, realmente não importa.

O medo e a ansiedade se apossaram de mim, fazendo com que lágrimas brotassem no mesmo instante em meus olhos, dificultando minha visão.

O mesmo adentrou a casa, ainda tendo seus olhos em mim.

Uma silhueta atrás de Withe chamou-me atenção, fazendo com que eu desviasse meu olhar até a mesma.

De repente, adentra a casa ao lado de Levi um garoto forte e alto. Seus cabelos negros e sua pele branca pareciam formar um contraste surreal. Algumas tatuagens cobriam seus braços, de forma que me deixasse surpresa e admirada. Seus olhos escuros, adornados pela mesma intensidade que sempre carregou juntamente a si...

Nicolas...

— Sentiu saudades, little vampire? - Sua voz grossa quebrou o silêncio que reinava na sala de estar.

Meu mundo pareceu parar por um momento e as lágrimas, imediatamente, escorreram por todo meu rosto.

Nicolas está aqui! Está na minha frente.

Ele não me deixou.

A mesma sensação que senti há dois anos atrás quando recebi a notícia de sua morte, faz-se presente em meu corpo. Porém, desta vez, a emoção parece ser maior e, obviamente, melhor do que o sentimento agoniante que havia sentido naquele maldito dia.

Nicolas está vivo!

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