CAPÍTULO 25

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Helena

Antes mesmo de abrir os olhos, fui inundada por uma dor aguda no peito que mal me deixava respirar. Apertei as pálpebras, gemendo.

- Ela está acordando, senhor! - Não reconheci a voz.

Onde estou?

A última coisa que lembro, é de Lucas dirigindo o carro enquanto os homens de Claus nos perseguiam. Um tiro acertou o pneu traseiro, nos fazendo perder tração e girar na pista, batendo em uma árvore barranco abaixo. Meu corpo foi lançado para frente e bati forte a cabeça no painel. Depois disso, tudo ficou escuro.

Antes de meus olhos abrirem, a consciência foi retomando, me dando noção da boca e garganta secas, da quentura em meu peito e o leve repuxar que sentia cada vez que o enchia de ar, por pouco que fosse. O cheiro de sangue ainda permeava meu nariz, ou talvez estivesse mesmo presente. Por fim, meus olhos se abriram, focados primeiramente, na luz cegante em cima de mim, me fazendo piscar e lacrimejar. Algo na garganta impedia-me de engolir e engasguei, com a sensação de sufocamento me agitando. Minha mão direita se enrolou automaticamente no tubo, tentando arrancá-lo, mas fui impedida por mãos maiores.

Encarei seu rosto com a imagem embaçada. Mas conforme forçava a visão, notei a face velha e pálida, tendo uma barba grisalha e mal feita estampada nas bochechas gordas. Ele usava um jaleco branco e trazia um estetoscópio pendurado no pescoço.

Meus olhos percorrem rapidamente entre nós, me dando a noção de que estava em uma cama de hospital, com vários aparelhos ao meu redor apitando e bipando constantemente, usando somente uma camisola dessas ridículas que se usam nesses lugares. Um curativo branco enorme estava colado do meio do meu peito, até quase a axila.

Sim, levei um tiro ali, me lembro.

Girei o pescoço, olhando em volta e notando que ao invés de um hospital, estou em um buraco sujo. A luminosidade é baixa e a maioria da claridade vem da lâmpada fluorescente em cima de mim, o que dificultava enxergar além. Mas percebi uma porta de aço e uma cadeira velha no meio do ambiente. Reparei no teto mais baixo que o normal e fixei os olhos em um exaustor, ficando mais interessada no todo. Não há uma janela sequer e as paredes são grossas, brutas como concreto puro, e reluziam levemente pela umidade que escorria em gotículas. O ar é denso aqui dentro, com o cheiro de terra preenchendo minhas narinas.

Meus ouvidos captaram um som de motor ao longe, quase imperceptível, mas meus sentidos aflorados o denunciou.

É um gerador...

- Sim, senhor! - Voltei a atenção ao velho ao meu lado, notando que ele estava ao telefone com alguém.

Tentei perguntar, mas o tubo na traquéia me impediu. Engasguei mais algumas vezes, fazendo ânsia de vômito pela tentativa.

- Calma, vou tirar isso de você! - Ele passou a mão pela minha testa, suavemente, na tentativa de me acalmar - Apenas respire pelo nariz enquanto isso!

O médico virou de costas, mexendo em algo na bandeja de metal ao meu lado e eu fiz o que ele disse, tentando controlar minha respiração.

Essa merda incomoda demais!

Meus olhos saltaram pelo ambiente uma segunda vez, assimilando tudo novamente e me dando a clara percepção de onde estou.

É um bunker.

Minha mente me trouxe a lembrança de Lucas e fiquei agitada.

Preciso encontrá-lo!

Comecei a sentir uma eletricidade percorrendo meu corpo ao pensar na possibilidade de terem o capturado, ou coisa pior...

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⏰ Última atualização: Feb 07 ⏰

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