Já está bem tarde. Eu estou um pouco mais calma. Desde hoje cedo. Ainda estou tendo problemas pra dormir. Sinto medo. Não acho que isso vai mudar. Mas minha mente está um pouco mais calma. Não sei quanto tempo vai durar. Talvez até eu dormir outra vez.
Tem alguns remédios no meu quarto. Pensei em engolir todos de uma vez quando estiver sozinha. Não acho que eu sobreviveria a outra overdose. Mas nós fizemos uma promessa um ao outro há um ano atrás. Ele prometeu não deixar que me prendessem em uma clínica outra vez. Ele prometeu ficar perto de mim. E eu prometi que não tentaria cometer suicídio outra vez. A única promessa que eu ainda não quebrei. E sinto que isso vai mudar. Se eu mesma não quebrar, minha cabeça vai fazer isso.
Minhas mãos, minha barriga e meu rosto estão enfaixados. Serão só cicatrizes em breve, como centenas de outros cortes e arranhões recentes. Até que o corte seja grande o bastante pra quebrar a promessa.
Tudo vai recomeçar denovo. Eu ainda resisto. Eu aguento. E tento. Mesmo sabendo que não faz diferença alguma. Mas as crises tem piorado cada vez mais. A tortura é cada vez maior. Eu não sei quanto tempo isso vai durar. Também não sei até quando posso tentar aguentar. Eu. Só não sei. Não sinto medo. E sei que vou sofrer ainda mais. Estando sóbria, as vozes mandam e querem que eu morra. Que eu me machuque. Que eu me enforque. Eu não tenho controle. Com os remédios eu morro aos poucos. Mas talvez consiga manter a promessa.
Ele não merece nada disso. Nada. A dor de fazer ele chorar é muito ruim. Eu não quero isso. Não quero. Não vou deixar.
Não sei como isso acaba. Mas vai ser logo.
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Meu Diário
Non-FictionEste é meu diário pessoal. Tento relatar sobre a minha vida como costumava fazer no meu antigo diário físico. Muitas vezes utilizo o gravador de voz para dizer tudo que está na minha mente. Não há coisas boas para se ler neste diário. Peço que tome...