Capítulo quatro

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Desfrutem de uma boa leitura!

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Que sua avidez dissipada como um sopro retornasse como um soco no estômago. Jimin havia esgotado sua cota de paciência e rubidez com aquele alfa. Como ele ousa? Fazer comentários insinuosos sobre sua mãe, e logo depois dar a entender que ele lhe queria como amante. Como se para ele fosse possível suprir essa posição sem ao menos um cortejo digno.

— Que alfa mais cafajeste e sem nenhuma noção de decoro. — Suas botas eram maltratadas pela força que fazia.

Ele caminhava pelas ruas apressadamente, seus passos rápidos e desordenados refletindo o turbilhão de pensamentos indignados. Cada vez que pensava nas palavras do alfa, sentia o sangue subir-lhe ao rosto, o calor do constrangimento e da frustração o impulsionando ainda mais. Ele sequer prestava atenção ao caminho à sua frente, concentrado demais em sua revolta para notar os arredores.

— Ora, essa... como se eu, o Príncipe Park, pudesse submeter minha pessoa a esse...

Sua fala tampouco seria finalizada.

Suas palavras foram engolidas por braços fortes o segurando firmemente pela cintura e o puxando para trás com um movimento rápido e decidido. Seu corpo parou bruscamente, interrompido pela força de alguém, e, antes que pudesse reagir, ele se viu envolto em uma sensação inesperada de calor e proximidade. Envolto perigosamente pelo calor e o aroma perigosamente cítrico e másculo, ele podia sentir cada músculo do alfa moldando seu corpo.

Jimin virou a cabeça, ofegante, apenas para ver aquele alfa segurando-o. Sua expressão não era de provocação desta vez; havia algo diferente no rosto dele — uma mistura de tensão e alarme. Seus olhos, normalmente cheios de sarcasmo, estavam intensos e fixos nele, procurando por algo que Jimin não sabia o quê. A mandíbula do alfa estava cerrada, os músculos tensos, como se algo sério tivesse acontecido.

Por um momento, o mundo ao redor pareceu congelar. Jimin ficou inerte nos braços dele, sem entender o que tinha acontecido. Sua respiração, acelerada pela raiva e pela surpresa, misturava-se ao som da dele, criando um estranho e íntimo silêncio entre os dois. A tensão era palpável no ar.

O ômega se permitiu observar aquele alfa mais de perto. A pele dele era bronzeada e dourada se comparada à sua, os cabelos escuros e longos o deixava com o ar selvagem e lascivo, que era validado com uma cicatriz pequena na maçã esquerda do rosto. Os olhos escuros possuíam uma via de interesse indecifrável, no qual Jimin tinha medo de ir pelo caminho errado.

Ao passo que os olhos escuros percorriam a estatura de Jimin, conferindo se havia algum mísero arranhão nele, os braços do alfa não o soltou por um instante se quer.

— Alfa... — Começou o príncipe, a voz baixa e trêmula, sem saber o que dizer. Ele tentava compreender por que ele o segurava daquela forma, por que ele parecia tão... diferente. — Por que fez isso? Por que está me segurando?

Ele não respondeu imediatamente. Ao invés disso, os olhos dele percorriam o rosto do príncipe, lentamente, como se cada detalhe de sua expressão fosse uma peça de um quebra-cabeça que ele precisava desvendar. Jimin podia sentir o calor do olhar dele sobre si, mas não era apenas isso. A proximidade de seus corpos, o peso dos braços dele ao redor de sua cintura, fez com que algo além da raiva começasse a surgir dentro do ômega — algo indefinível.

— Estou começando a acreditar que sou um cavalheiro... não. Cavalheiro, não. — Ele finalmente murmurou, a voz rouca e carregada. — Um vagabundo salvador de ômegas. É, assim fica melhor.

Jimin piscou, ainda atordoado. O semblante de desentendimento dele não amenizou, muito pelo contrário, só se tornava mais gritante. Ele percebeu que Jimin não conseguiria notar estar quase se colocando num leito de morte, então ele direcionou com a cabeça para a direção em que o príncipe caminhava arduamente.

Ascensão de um Arqueiro • JM + JKOnde histórias criam vida. Descubra agora