Capítulo dezenove

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Desfrutem de uma boa leitura!

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O canto suave dos pássaros despertou o príncipe, ecoando pelas paredes de pedra do castelo. Jimin abriu os olhos lentamente, sentindo o peso da noite anterior ainda sobre seus ombros. O sermão severo de seu pai ressoava em sua mente como um eco constante, as palavras dele impregnadas de uma frieza que o fazia estremecer só de lembrar. Lá fora, o céu estava nivelado, um manto de cinza que cobria o amanhecer, enquanto o sol lutava para romper entre as nuvens, mas sem sucesso. Parecia um reflexo perfeito do que ele sentia: um coração envolto em sombras, sufocado por obrigações e expectativas que não podia controlar.

Ele se levantou da cama em silêncio, sem chamar os criados. Não queria ser visto naquela manhã, não queria enfrentar os rostos conhecidos que o olhariam com compaixão ou expectativa. Vestiu-se rapidamente com um conjunto simples, os cabelos ainda bagunçados. Sentia o peso do mundo em cada movimento, mas não poderia ficar trancado naquele quarto.

Com passos leves, ele desceu as escadas do castelo, atravessando os corredores vazios. O castelo parecia ainda estar adormecido, exceto por alguns guardas que patrulhavam em silêncio. Jimin seguiu em direção ao jardim, o único lugar onde sentia que podia respirar. Assim que chegou ao pátio externo, a brisa fresca do amanhecer tocou seu rosto, um pequeno alívio para o calor sufocante de seus pensamentos.

O ar estava úmido, carregando o cheiro fresco da terra e do orvalho. Jimin caminhou até uma das fontes no centro do jardim, onde o som tranquilo da água caindo o acalmava levemente. Ele se sentou, abraçando o próprio corpo em um gesto automático de autoproteção. Seus pensamentos o puxaram de volta para a noite anterior, para o rosto do príncipe SiWoo no jantar. O casamento, a promessa feita entre os reinos, o peso da tradição... Tudo isso parecia um fardo que o esmagava pouco a pouco.

SiWoo. O nome dele agora ressoava em sua mente como uma prisão. Não era culpa dele diretamente, Jimin sabia. Ele era apenas mais uma peça nesse jogo de alianças e poder. Mas isso não mudava o fato de que Jimin se sentia cada vez mais encurralado. Estava sufocando, e não sabia quanto tempo mais poderia suportar aquela pressão.

Ainda perdido em seus pensamentos, Jimin quase não notou os passos que se aproximavam. Ele estava tão absorto nas emoções que transbordavam em seu peito que levou um momento para perceber que alguém estava ao seu lado. Virando-se lentamente, viu o príncipe SiWoo sentando-se com uma postura serena, seus olhos mirando o jardim à frente, sem pressa ou tensão. Ele não disse nada a princípio, apenas compartilhou o silêncio com o ômega. Era uma presença que, para sua surpresa, não parecia imediata ou forçada.

Por um instante, Jimin sentiu seu coração acelerar, não pela proximidade, mas pela apreensão. O alfa o viu no jantar, como ele reagiu, e talvez agora ele quisesse confrontá-lo sobre aquilo. Entretanto, a voz dele, quando finalmente falou, era baixa e calma.

— Eu sei como você se sente. — Disse ele, ainda sem olhá-lo diretamente. — E... eu não o culpo por me rejeitar, ou por estar desconfortável com tudo isso.

As palavras dele, embora inesperadas, atingiram Jimin profundamente. O ruivo franziu o cenho, confuso, seus olhos buscando respostas no perfil dele. Ele continuou, parecendo escolher cada palavra com cuidado, como alguém que também sentia o peso da situação.

— Não pense que eu estou cego ao que está acontecendo, Jimin. Também não sou o maior defensor de casamentos arranjados. Não queria que fosse assim. Não queria que o destino de dois reinos fosse o motivo para unir duas vidas. Isso... — ele suspirou, com um breve sorriso triste nos lábios. — não era o que eu tinha imaginado para mim. E suponho que não era o que você tinha em mente para sua vida.

Ascensão de um Arqueiro • JM + JKOnde histórias criam vida. Descubra agora