9 - Meditação do tempo...

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"Sinto muito, mas o duque pediu para que eu não a deixasse sozinha."

'Como de esperar.'

"É que eu gostaria de meditar um pouco, mas fico tímida quando outras pessoas me olham."

"A-ah! Não se preocupe... Eu não vou olhar muito."

Eu assenti, sentando-me de costas para ela. Comecei a me concentrar na minha respiração, enquanto fazia um movimento de yin yang com os braços.

Era como se o vento, as folhas caídas e a terra preenchesse um vazio dentro de mim. Ao mesmo tempo, era como se a natureza almejasse tirar algo de mim.

Meditar ajudou na minha ansiedade, mas a dor de cabeça não diminuiu.

'Será que é porque eu usei magia no casamento?'

Tentei redirecionar a mana para a própria natureza, afim de diminuir a magia no meu sangue. Isso fez minha dor de cabeça diminuir um pouco, é claro, eu estava apenas adiando o que estava por vir.

'Preciso adiar por mais alguns dias, pode ser perigoso se eu abrir a cicatriz depois de tão pouco tempo...'

Quantos dias ainda restavam até eu ficar louca?

Naquele dia, era dor de cabeça, em breve, febre, em breve, alucinações, em breve, surtos... Em breve, morte. Eu só não saberia dizer se o meu sangue, o meu marido ou o templo me mataria.

Luella...

Ouvi uma voz rouca, me chamando.

Eu abri os olhos e olhei ai meu redor, apenas Miriam, ninguém mais.

Luella...

'Não se passaram nem um mês nesse mundo e eu já endoidei. Não posso demorar muito para fazer aquilo, mas será difícil com Miriam em cima de mim.'

'Se eu ao menos pudesse parar o tempo...'

Então uma luz acendeu em cima da minha cabeça. Estalei os meus dedos, observando tudo ficar simplesmente paralisado.

Eu corri para meu escritório, pegando um carvão e um papel. Comecei a rascunhar um desenho, sorrindo satisfeita.

Fui para meu quarto, levando o desenho comigo. Terminei de tecer as peças que faltavam, guardei-as em uma bolsa, juntamente com o papel.

Voltei para o jardim, voltando para a mesma posição de antes.

Estalei meus dedos.

"Acho que devemos voltar, você está suada apenas de ter se sentado aqui."

Concordei com Miriam, voltamos para meu quarto.

'Não é que eu transpiro muito, eu só estive trabalhando muito... Sem que ninguém percebesse, é claro.'

'O que damas normalmente fazem?'

Olhei ao redor, para aquele quarto enorme e meio vazio.

'Bordar... Mas o que eu deveria fazer?'

'Devo imitar aqueles doramas históricos e bordar uma palavra aleatória?'

Blém blém

Pude visualizar um lutador de sumo batendo em um gongo, enquanto sorria para mim. Calafrios surgiram em meu estômago, enquanto eu me estremeci.

"Eeh, eu gostaria de bordar um pouco, Miriam."

Ela assentiu, saindo por um momento. Sentei-me na minha cama, observando bem o local que estava por um momento. A cama era enorme, de fato. Haviam duas mesinhas de cabeceira, e uma penteadeira perto da janela, que tinha longas cortinas.

Minha criada voltou com uma caixa e a abriu em minha frente. Uma variedade de linhas, agulhas e tecidos.

Decidi fazer alguns guarda napos de tecido, com lavanda bordado neles. Isso iria torrar um pouco de meu tempo precioso, mas a sala de jantar com certeza ficará mais bonita.

'E ele vai tocar os lábios em algo que eu fiz, dá pra acreditar? É como um beijo indireto, não é?'

Minhas bochechas ficaram coradas, eu imediatamente as esfreguei.

"O que estou pensando, Jesus? Será que estou doente?"

"Quem é Jesus?"

Miriam ergueu as sobrancelhas, desconfiadas.

'Eu sempre esqueço como esse mundo é diferente do meu. O fato deles também falarem portugues me confude muito, por um momento, eu sempre penso estar na minha vida passada ou algo assim.'

Eu suspirei.

I became the duke's evil wife Onde histórias criam vida. Descubra agora