51 - Heathcliff

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"P-por favor, duquesa! Não mexa a cabeça."

Uma das criadas disse, enquanto realizava um penteado em meu cabelo. Tive que olhar pela janela, vendo uma carruagem parada na entrada da mansão.

'Que convidado chegaria tão cedo?'

Vi os cabelos reluzentes, não os secos de Flore, mas algo realmente belo. Só poderia ser Reeze. Em frente a ela, vi meu marido, sua postura não era mais rígida como um militar, era algo... confortável.

"Se os olhos não mentem, só um tolo diria que ele não estava apaixonado."

Eu disse casualmente, lembrando de Heathcliff, o vilão de O Morro dos Ventos Uivantes.

"Alguma coisa?"

Miriam me perguntou, trazendo minha caixa de joias. Eu semicerrei os olhos, ao menos ela não havia deixado. Não estava acostumada com aquelas empregadas barulhentas.

"Você preparou o presente, Miriam?"

"Sim."

"Entregue-o à minha cunhada."

Não tive a oportunidade de vê-la antes. Esperava que ela aceitasse meu presente sem objeções, até porque foi bem caro. Era um sapato com um encantamento que não o permite que ele machuque o pé ou o faça doer.

A paz que tanto desejei foi concedida quando os preparativos finais ficaram prontos. Contemplei a minha imagem do espelho. O busto foi enrolado repetidas vezes pelo tecido, e a saia em si, que poderia ser considerada mais como um forro, ia até o joelho. A real saia era feita de renda, e ia até um pouco depois do joelho, se abrindo após. Meu cabelo foi preso em um coque baixo, com algumas mechas pendendo na frente.

Apesar de ser um pouco ousado, estava bonita. Os brincos de moissanite brilhavam em minhas orelhas. Optei por não usar muitas joias, dando um visual mais simples e ao mesmo tempo sofisticado.

'Por que diabos não mandei encantarem meus sapatos também?'

Pensei, observando aqueles saltos basicamente do tipo agulha.

Me sentei casualmente, em um divã ao lado de uma janela, pensando que era muito melhor do que ter que usar aquela "gaiola" no quadril. Usei uma no dia do meu casamento, e eu não tinha certeza de como havia sido capaz de me sentar sem cair ou algo assim.

Então, naquela noite, os olhos de todos se tornariam para a Reeze Pyex. Queria dizer, quem não? Ela tinha uma aparência angelical, alegre... Senti minha mente sendo inundada por aqueles tipos de pensamentos. O céu por um momento até pareceu mais escuro, ela pelo menos conseguia sorrir sem parecer estranha. E mesmo se eu quisesse naquele tempo, eu não tinha motivos para sorrir.

"Não é atoa que ela é a escolhida do destino da luz."

Sorri casualmente, aproveitando a minha solidão. Ela era perfeita, digna de uma heroína.

"Enquanto eu pertenço a escuridão." "Mas ainda assim, não acho que a Luella seja digna do posto de vilã. Ela era apenas uma marionete, depois de tudo."

Encarei a janela mais uma vez, o sol estava radiante. Como nasceu para ser.  Naquele momento, estranhamente peculiar. Talvez fosse o destino da luz sorrindo para a sua amada.

'Não acho que consigo voltar para a minha vida original, e para um duque, é quase impossível um divórcio. Se o duque ao menos me tolerasse... Me permitisse... No fundo eu sinto pena dele, porque...'

Os olhos verdes refletiram em minha mente. Todo aquele passado, aquele garoto. Por quem fiz tudo e nunca recebi quaisquer créditos.

'No fim, eu e Isaak somos iguais.'

Me lembrei do final do manhwa. Isaak, um viúvo solitário e amargurado que foi rejeitado pela heroína.

I became the duke's evil wife Onde histórias criam vida. Descubra agora