16 - O diário

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[Meu diário,

Como a antiga pessoa que aqui morava,

Faço isso para honrá-la.]

Era um começo estranho para um diário, Isaak tinha que admitir. Algumas páginas então pareciam ser escritas em outra língua, ou alguma criptografia difícil. Ele se admirou, não esperava que sua esposa fosse tão cuidadosa. Era como se ela tivesse previsto esse momento.

[Se eu não posso ser melhor do que eles, eu vou ser muito pior.]

Às vezes eram apenas frases soltas em páginas em branco, seguidas de criptografias e idiomas desconhecidos. Ele se sentiu curioso no que ela escrevia.

Percebeu também que a letra de Luella não era muito bonita, o que era inesperavel de uma dama. Parecia mais um rabisco.

[Em vez de passar a vida com medo novamente, eu vou me tornar algo a ser temido.]

As frases que ela escreviam eram estranhas, não eram algo realmente esperado da pessoa que Isaak havia visualizado. Uma mulher avarenta.

Aquilo parecia mais humano e mais ganancioso que o esperado...

[Sim, eu vou continuar o desafiando e o provocando. Eu vou envergonhá-lo. Porque ele é o famoso e riquenho duque de Wiscold, e eu sou apenas uma garotinha cheia de luxúria.

É por isso que ele tem muito a perder, e eu não tenho nada. Minha dignidade? Eu já perdi há uma vida atrás.

Ele pode tentar me machucar, me humilhar, me enciumar, me enganar, me enfeitiçar e até me matar. Mas eu vou garantir de fazê-lo perder tudo ao meu alcance.

Eu não vou suportar desaforo de novo.]

Os pelos do duque se arrepiaram com as palavras de sua esposa. Apesar de ela não ter poder nenhum para tirar algo dele, aquelas palavras realmente pareceram valer algo. Valer uma ameaça.

[Há algo estranho em ser ganancioso. Você se torna facilmente, mas não deixa de ser facilmente.]

[Tem algo que Flore realmente está errada. Eu não quero ser igual a família feliz dela, ou igual ao irmão dela. Não. Eu quero superar eles.]

[Antes, com ele. No fundo, eu sabia. Eu sabia. Eu sabia que meu coração terminaria despedaçado. E eu não liguei.]

Havia algo estranho naquela frase, porque Isaak nunca despedaçou o coração dela. De quem se tratava? Um de seus amantes?

Era por isso que ela não queria que o cupido atirasse nela?

[Eu nunca subestimo Wiscold.
Nunca subestimei.]

Ele queria continuar lendo aquelas frases desconexas espalhadas por aquelas páginas, quando ouviu o som de uma respiração ofegante.

"AH."

Luella acordou sobressaltada, ele se virou imediatamente. Seu rosto era pálido e ela estava suando.

***

Acordei com olhos preocupados sobre mim. Meu intestino estava rebolando dentro de mim.

"Vai embora."

Isaak fechou o que parecia ser meu diário e o colocou na mesa de cabeceira. Não importava, tudo o que era importante foi escrito em inglês ou em zenit polar.

"Eu fiquei esperando que você acordasse, esposa. É assim que me trata?"

O duque cruzou os braços.

Meu intestino grosso convidou meu intestino fino para dançarem tango. Eles eram barulhentos enquanto isso, mas meu marido obviamente não percebeu.

'Eu quero cagarrr.'

"Você poderia... sair...? Eu... ahn..."

"Você foi envenenada com cianeto e nem está preocupada?"

"Cianeto? Não, eu estou bem."

'Apesar de parecer que meu sistema digestivo está muito... muito... solto.'

"Eu vou chamar o médico."

"NÃO! VAI EMBORA!"

Ele revirou os olhos.

"Eu vou buscar o médico na casa dele."

Isaak saiu, sem me dar a chance de protestar. Corri até o banheiro.

'Onde estava o veneno? Flore e Isaak beberam o chá comigo, e minha xícara estava limpa. Bem, o gelo já havia derretido quando tomei. Será o gelo? Havia um diferente...'

'Mas quem me serviu o gelo foi a Flore.'

I became the duke's evil wife Onde histórias criam vida. Descubra agora