Posso entender ela ter ido embora após nossa única noite juntos, afinal tínhamos acabado de nos conhecer. Mas se negar a me contar algo tão importante, e me deixar de fora da vida do meu filho... tenho a sensação de que se não tivéssemos nos encontrado por acaso, ela certamente nunca teria me dito. Ela não faz ideia do quanto isso é injusto comigo e com o Jun. Naquele exato momento ali na sala, me dei conta de que eu queria muito fazer parte disso, mesmo que nunca tivesse sonhado em ser pai... eu quero mesmo estar perto dele.
— Eu preciso levar ele para a escola, então...
— Eu vou junto.
— Você não precisa...
— Já disse, eu vou junto.
— Jin, eu sinto muito.
— Só vamos pensar em uma forma de contar para ele. Ele também merece saber.
— Eu sei, mas não é fácil.
— Ninguém disse que seria.
Apenas volto minha atenção ao Yejun, e logo saímos para o levar até a escola. Essa é minha primeira vez fazendo isso, e ele nem sabe que sou seu pai. Antes que ele entre para a sala de aula, volta correndo até nós.
— Tio Jin, você vai me buscar pra brincar depois?
— A-ah... — olha pra Sn que me dá um meio sorriso. — Claro, pequeno, eu venho te buscar. — Promete?
— De dedinho. — ele sorri e sai correndo de novo.
— Ele parece feliz com você.
— É, parece.
— Jin, será que...
— Como vamos resolver isso? — digo, a interrompendo.
— Eu não sei, eu...
— Quero passar mais tempo com ele. Você já me privou de muitas coisas, então pensa bem na minha oferta de virem morar comigo.
— Jin...
— Pelo menos uma vez, Sn... pelo menos uma vez pense em mim e no Jun, ao invés de você mesma. Se não fizer isso... vou ter que entrar com o pedido da guarda.
— Está ameaçando tirar ele de mim? Tem noção de tudo que eu passei, todo o sofrimento que tive durante todo esse tempo? Sei que está chateado e porra, eu estou me desmoronando por dentro de culpa. Eu me permiti agir de maneira completamente instintiva e egoísta, mas não foi só por mim, foi por ele, e te arrastar para todo aquele caos que eu vivia não era justo, eu nem te conhecia.
— Justo? Quer falar do que é ou não justo, Sn? Justo seria você ter me dito quando descobriu que estava grávida, justo seria ter me dado a chance de escolher ser presente ou não, justo seria ter me contado a verdade na primeira oportunidade em que me viu ou, no mínimo, não ter mentido pra mim quando te perguntei. Hm, diga agora o que é mais justo. — solto tudo e ela começa a derramar cada vez mais lágrimas.
— Eu não vou deixar você levar ele pra longe de mim.
— E eu não disse que vou levar ele pra longe de você, nunca faria isso, Sn. Então, se quiser estar com ele, também tem que estar comigo. Quero que vocês dois venham morar comigo, vai ser o melhor pra ele. — suspiro. — Pensa nisso! Eu passo mais tarde pra buscar ele. — digo antes de sair e deixá-la pra trás.
Me sento dentro do carro tentando processar todo esse turbilhão de emoções. Ela não tem escolha.
Meu celular toca e vejo o nome do Hoseok estampado.
— E aí, falou com ela? — ele pergunta eufórico.
— Sim. Yejun, é o nome do meu filho.
— Sério mesmo?
— Sim. O que eu faço agora Hoseok? Eu falei um monte de coisa pra ela, até...ameacei tirar ele dela. AAH, que merda.
— Agora você tem que ser pai. Cuidar dele, estar presente, dar amor e carinho.
— Me sinto um lixo por não acompanhado desde o inicio. Você mais do que ninguém, sabe o quanto eu detestei meu pai por passar mais tempo no trabalho do que comigo, e ele...Yejun não teve nem mesmo alguém pra chamar de pai. E se ele me detestar?
— Nada disso é culpa sua, e agora que você sabe pode focar em criar memórias felizes com ele, para ele se lembrar dos momentos que você esteve ao lado dele.
— Tem razão. A propósito, preciso de ajuda para arrumar minha casa para a chegada dele.
— Vou pedir para um pessoal ir lá, fica tranquilo. E parabéns, é o primeiro da nossa turma a se tornar pai.
— Obrigado, e você se tornou tio. Vai amar ele, é muito esperto e bonito como eu, impossível não amar.
— Só espero que seja um pouco mais humilde do que você. — ele diz rindo. — Vou ir atrás do pessoal pra arrumar o quarto dele, qualquer coisa me liga.
— Ok, obrigado.
Respiro fundo, antes de seguir para o trabalho.
Os minutos se transformaram em horas, e finalmente chegou a hora de buscar o pequeno. Dirigi até a escola, com meu coração acelerado. Quando desço do carro, a expressão no rosto dela era indecifrável.
— Oi. — ela diz, mas ainda não tenho coragem de olhar pra ela, então apenas respondo sem a encarar.
— Você pensou no que eu disse? — perguntei, tentando manter a calma.
— Pensei, sim. E acho que você está certo. É o melhor para ele. Vamos tentar, pelo bem dele.
— Ótimo. — é só o que eu digo, tentando conter minha felicidade.
— Ótimo. — ela repete baixo e logo vemos Jun sair animado.
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UMA NOITE
FanfictionApós uma dolorosa traição dentro de sua própria família, a vida de Sn é marcada por desafios. Entre os segredos guardados e um encontro inesperado, Sn descobre que o amor e o destino têm formas misteriosas de se entrelaçar, forçando-a a confrontar o...