UMA NOITE

Capítulo 11: SN

Nem sei como cheguei a esse ponto. Creio que se eu já tivesse contado quando nos vimos novamente, talvez ele não estivesse tão chateado comigo, e eu não tiro sua razão. Mas por algum motivo não fui capaz de admitir, mesmo quando ele me implorou pela verdade.

Ele tem razão quando disse que eu fiz isso tudo apenas pensando em mim, realmente talvez seja verdade... foi apenas meu instinto, pensei no que era melhor no momento, mas não pensei nas consequências que isso traria a seguir, não pensei em como o Jun sofreria quando perguntassem sobre o pai, e nem mesmo pensei em como Seokjin ficaria quando descobrisse que é pai. Enfim, não cogitei nem por um segundo que eu o reencontraria.

Embora tudo esteja uma bela confusão, fico feliz que ele e Jun estejam se dando bem. Ver seus olhos brilhando ao se encontrarem, sinto como se tivesse fracassado com Jun, na verdade... fracassei com os dois. Acho que foi por isso que decidi aceitar sua proposta. Sei que o decepcionei, e apesar de eu e Jin não termos relação nenhuma além do nosso filho, me sinto extremamente culpada, e farei o possível pra me redimir.

— Filho, hm... você gosta do Jin, né? — tento dar uma voltinha na conversa pra contar que estamos de mudança.

— Sim, ele é super legal!

— Você também é muito legal, Jun! — ele diz, dando um toque de mão.

— E que tal a gente se mudar pra casa dele?

Ele faz uma pausa dramática, trocando olhares entre nós dois como se estivesse em uma missão secreta.

— Tem um quarto gigante só pra você se divertir, e vamos poder brincar juntos sempre! — diz o Jin, quase pulando de ansiedade pela resposta.

— Então, tio Jin... você é meu pai? — pergunta ele, e confesso que precisei fazer malabarismos para não deixar as lágrimas rolarem.

— Você é um gênio! — Jin acaricia o rosto dele. — E você vai ficar feliz se eu for seu papai?

— Muito, muito! — ele responde com um sorriso radiante.

— Muito, muito? Eu também fiquei super feliz em ser seu pai! — ele sorri de volta. — Então, você e a mamãe vão se mudar pra morar comigo?

— SIM! — ele parece todo feliz e Jin dá aquele sorriso, mas o brilho se apaga rapidinho quando Jun solta... — E o tio Mingyu também.

— Ah, não me diga, garoto! Quem é mais gato, eu ou ele? Sou seu pai e ainda sou rico, tem como ser melhor do que isso? — ele dispara, enquanto Jun se esbaldando de rir, provavelmente da cara nervosa do Jin.

— Calma, ele só está acostumado, Mingyu passa muito tempo com ele. — eu solto uma risada, mas ele me ignora. — Jun, o tio Mingyu não vem com a gente, mas sempre vamos visitar ele, tá bom?

Ele concorda, e logo partimos para arrumar as malas!

Pouco depois, já estávamos enrolando tudo que conseguimos amontoar para a mudança. Embora eu estivesse aliviada porque o Yejun tomou a notícia numa boa, a ansiedade e o desconforto do banho de gelo que o Jin me presenteou continuam me perseguindo. Eu já sabia que ele ficaria bravo, mas esse silêncio dele, que costumava ser uma fonte de falatório interminável que me deixava maluca, é ainda mais torturante do que eu esperava.

— Jin — eu o chamo, mas ele parece ter ativado o modo ignorar. — Ei, eu estou falando com você!

Ele suspira fundo e me lança um olhar que poderia facilmente me perfurar.

Ok, eu preferia que ele não me encarasse assim. Com essa expressão, tenho a impressão de que ele está me xingando até na alma com seus pensamentos!

— Vamos fazer as pazes, vai? Não quero que o Jun perceba que seus pais não se suportam! Eu faço qualquer coisa que você pedir pra me redimir, só não deixa ele perceber, já é confuso demais pra ele.

— Fazer o que eu quiser, é? — ele responde com um tom tão calmo que já dá pra sentir que está armando alguma coisa!