Capítulo 25: JIN

38 10 3
                                    


Eu sei que eu fiz besteira e a culpa é toda minha por pensar que agir sem contar para ela fosse uma boa ideia. Pensando melhor, fui eu quem pediu a ela para não esconder nada, mas eu mesmo não fui capaz de cumprir isso.

Ela me olha com decepção. Posso sentir no seu tom de voz que definitivamente ela está me odiando. Seus olhos se inundam e os meus não estão tão diferentes.

A porta se fecha e eu sinto como se eu estivesse sendo atingido da forma mais dolorosa possível. Penso em ir atrás dela, mas talvez isso só piore a situação. Ao invés disso, apenas deixo as lágrimas rolarem.

Meu celular toca.

— Jin, o que aconteceu? A Sn saiu chorando e não quer ninguém perto. — Tae diz assim que eu atendo.

— Não a deixe sozinha. Eu... preciso que cuidem dela. — minha voz sai embargada.

— Tá, ok. Mas, e você? Está bem?

— Vou ficar, se ela também estiver. Me mantenha informado se qualquer coisa acontecer, por favor. Ela é importante pra mim!

Ele desliga e segundos depois ouço uma voz.

— Ei.

Olho de esguelha, limpando o meu rosto encharcado.

— O que foi, Jin? — Hoseok pergunta preocupado.

— Sn descobriu.

— Como?

— Ela achou a autorização de transferência. — falo, ainda com os joelhos no chão.

— Sinto muito. — ele diz, já sabendo que não teve um final feliz.

— O documento está aí na mesa, ela já assinou, pode dar seguimento.

— O quê? Mas...

— Só faz o que estou falando.

— Tem certeza? Olha pra você, está destruído, vai ser ainda mais difícil conseguir o perdão dela se continuar com esse plano.

— E tem alguma ideia melhor? Essa é nossa chance. Prefiro viver infeliz do que deixar eles chegarem perto dela e do meu filho.

Ele parece analisar minhas palavras por um momento.

— Espero que consigam se resolver. Sabe que estou aqui por você, não sabe?

Balanço a cabeça e me levanto.

— Devia ir pra casa descansar, você não comeu o dia todo. — ele sugere.

— Estou sem fome.

— Tenta comer pelo menos um pouco. Descansa, e assim que ela se acalmar vocês conversam de novo.

Concordo.

— Vem, vou te dar uma carona. — O sigo, e em um piscar de olhos, já estou em casa.

Desabo no sofá, olhando para o teto e me perguntando como consegui bagunçar tudo. Estávamos indo tão bem! Essa casa vazia só reforça a ideia de que eu fui um verdadeiro idiota.

O clima começa a mudar, e a preocupação com ela cresce ainda mais.

Ah, como eu queria poder ligar, me encontrar e repetir que sinto muito, que só desejo estar ao lado dela e da nossa família!

De repente, recebo uma mensagem do Jimin dizendo "ela está bem!". Fico aliviado em saber, mas ainda não era o suficiente pra mim, eu preciso mesmo ver ela. Então ligo pra ele.

— Ela está bem mesmo? Onde ela está?

— Relaxa, tá tudo tranquilo! Ela está dormindo agora. — Olho pro relógio e já marca 22 horas. — Ela pediu pra ficar num hotel.

— Qual? — Pergunto, já pegando minhas chaves.

— Você não está pensando em aparecer por lá, está?

— Claro que sim! Me manda o nome do hotel.

— Jin, ela pediu pra não contar pra você.

— Não me importo! Quero ficar do lado dela. Não vou desgrudar até ter certeza de que está a salvo.

— Mas ela está segura. Estamos aqui pra isso!

— Jimin, passa logo o nome do hotel. — Hotel Hanok, quarto 13. — ele finalmente fala.

Desligo e não espero mais nenhum segundo antes de sair correndo até ela. Assim que chego, Jungkook abre a porta, e a vejo deitada.

— Ela não quis comer e só parou de chorar quando dormiu. Então deixa ela descansar.

— A culpa é minha.

— Quer conversar sobre isso? Você não parece nada bem.

— Não, só quero ficar com ela um pouco. Eu saio antes que ela acorde, então podem ir descansar.

— Ok, estamos no quarto do lado se precisar.

Ele se despede.

Me deito silenciosamente ao lado dela e acaricio seu cabelo suavemente.

— Jin. — a ouço dizer baixinho e meu coração dispara.

Ela não faz menção em abrir os olhos, então acredito que esteja sonhando.

Sinto sua respiração quente em meu rosto, e ela passa os braços em volta de mim se aconchegando para um abraço. Provavelmente se estivesse acordada e lúcida, faria questão de me afastar, e agradeço mentalmente por poder abraçá-la pelo menos mais uma vez.

— Sei que não vai me ouvir, mas eu sinto muito, Sn. Por ter mentido, e te fazer se sentir usada. Só fiz porque vocês são tudo pra mim, e eu faria qualquer coisa para proteger quem eu mais amo. Mas eu te prometo que vou recuperar tudo o que é seu.

Ela murmura algo incompreensível enquanto se ajeita novamente na cama.

— Eu te amo. — digo em sussurro.


UMA NOITEOnde histórias criam vida. Descubra agora