Capítulo 26: SN

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Quando abro os olhos novamente, já amanheceu.

Me reviro de um lado para o outro.
Várias e várias vezes.

Alcanço meu celular e além do "bom dia" que o Mingyu me mandou, não havia mais nada.
Nada mesmo!
Sem chamadas perdidas.
Sem mensagens do tipo "Não vou desistir de nós" ou um "Me perdoa".

Mas o que eu estou pensando? Não é como se isso resolvesse o nosso problema, eu nem faço questão de receber qualquer coisa que venha dele.
E NÃO VOU!

E sabe a pior parte? Eu nem mesmo sei esconder de mim mesma que eu ainda quero muito tê-lo aqui. Aquele maldito idiota ridiculamente bonito não me deixa em paz nem nos meus sonhos. Eu pude até sentir o cheiro dele, o toque e sua voz. Tão perfeitamente, que até parecia real. E confesso que, por um momento de pura fraqueza, eu desejei que fosse. Se ainda estivéssemos bem, a essa altura eu estaria ligando para ele para perguntar por que não está deitado aqui comigo. O que me resta é vagamente o vestígio de um sonho em que ele diz que me ama.

Ouço umas batidinhas na porta e Jungkook aparece!

— Bom dia, Sn! Tudo bem?

— Bom dia. — fujo da pergunta, porque dizer que estou ótima seria uma mentira. E confessar que estou péssima? Nem pensar!

— Eu ia trazer café da manhã, mas você estava dormindo ainda, então trouxe direto o almoço. — ele solta um sorriso tímido. Olho pro relógio: 12h30.

— Dormi tanto assim, é?

— Tudo bem, você só estava cansada.

— Desculpa dar trabalho pra vocês.

— Imagina, estamos aqui pra cuidar de você.

— Como seguranças, e não como babá.

— Ser babá está incluso no pacote. — ele ri. — Come enquanto ainda está quente.

— Macarrão? — pergunto ao ver ele abrir um pote.

Deu pra notar que era comida caseira. Arrisco a dizer quem foi o chefe cozinheiro.

— Achei que você curtiria.

— Ele que fez isso? — questiono com um olhar desconfiado. — Eu pedi pra não contar nada sobre mim pra ele.

— Ele quem? Quem botou a mão na massa fui eu!

— Ah... — espera, por que essa decepção? — Tudo certo então, Obrigada!

— Se precisar de nós, estamos aqui fora.

Eu lhe dou um meio sorriso e acompanho com o olhar a sua saída.

Assim que ele sai eu me reviro fechando os olhos.

É só esquecer, certo? Fingir que nunca o conheci...
Não, isso não vai dar certo. Temos uma mini testemunha do nosso primeiro encontro.

Droga! Só agora penso que vai ser difícil pro Jun entender essa confusão toda.

"Desculpa meu amor, eu e seu pai não estamos mais juntos."

"Mas por que mamãe?"

"Por que ele é um interesseiro, sem vergonha, manipulador e babaca."

Definitivamente, isso não vai dar certo.

— AAAAH. — grito com a cara no travesseiro, e a porta se abre mais uma vez.

— Nos chamou Sn? — a voz do Taehyung ressoa.

— Não! Só estou na terapia, nada demais.

— Mas você gritou.

— Exatamente. Gritar alivia. Quer tentar? — pelo o olhar que ele me dá, deve estar me achando maluca.

— Quer desabafar comigo? Também sou um ótimo ouvinte.

— Mas também é amigo do motivo do meu colapso.

— É...verdade!. — ele sorri sem jeito. — Olha, não querendo me intrometer, mas Jin te ama de verdade.

— Se amasse não me usaria para beneficio próprio. Sabe que o que ele fez é considerado golpe e fraude né?

— Mas pelo que fiquei sabendo, foi pra te ajudar.

— E não podia ter me comunicado isso antes?

— Mas ele só...

— Cai fora, Taehyung, você está do lado dele, eu já entendi.

— Não estou do lado de nenhum dos dois.

— Cai fora! — digo mais uma vez, e ele levanta a mão em rendição saindo do quarto.

Mas o ouço dizer: "Se querem sobreviver, melhor não entrar lá."

UMA NOITEOnde histórias criam vida. Descubra agora