Capítulo 2: JIN

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— Se está com essa cara é porque seus planos não deram certo. — ouço Hoseok falar ao entrar na sala.

— É fome. — respondo sem muito ânimo.

— Então vamos sair para almoçar, eu não vou aguentar olhar para essa sua cara o dia todo assim.

— É um privilégio para seus olhos poder se agraciar com esse meu rosto.

— Desse jeito não vai desencalhar tão cedo. Sabe que a vida não é só trabalho e espelho, né?

— Nenhuma me mereceu até agora. — ele me olha torto e eu sorrio.

— Lógico, nenhuma conseguiu se aproximar.

— Por que de repente ao invés de me animar, você só está me atacando?

— Vamos almoçar logo, antes que eu te deixe aqui sozinho.

Eu bufo mas o sigo.

Comandar uma empresa de arquitetura não estava bem nos meus planos, pra ser sincero ficar atrás de uma mesa resolvendo problemas e criando estratégias é uma grande merda.

Claro, que houve um motivo para eu me sujeitar a isso, e apesar de não gostar, devo admitir que sou muito bom, e não digo isso só porque tenho amor próprio, mas é a realidade. Em contrapartida, minha vida pessoal anda absolutamente parada, o que me frustra um pouco. Não houve sequer uma paixão que me fez sair dos trilhos, talvez uma... não, deixa pra lá, de qualquer forma nunca a encontrei de novo mesmo.

— O Nam pediu para passar buscar ele. — Hoseok avisa enquanto entramos no carro.

 Enquanto seguíamos até o endereço que Namjoon nos aguardava, fico olhando pela janela observando todo o movimento, mas algo, ou melhor alguém me chama a atenção.

— Para o carro. HOSEOK, PARA O CARRO AGORA! — peço a ele, que me olha assustado e confuso.

— O que aconteceu, ficou maluco? — ele pergunta e eu ignoro saindo do carro.

— Será mesmo que estou ficando doido?

— Do que está falando?

— Eu vi ela, Hoseok, a mulher que mencionei.

— Tem certeza?

— Não tenho tanta certeza, mas parecia ela.

— Deve estar enganado, entra logo no carro que seu mal é fome, coitado está até delirando.

 — Tá, vamos logo. — dou uma última olhada pra conferir se a encontro, porém sem sucesso. Não sei porque ainda penso nisso.

Sinto o carro estacionar novamente e Namjoon entra.

— Credo, o que que ele tem? — Nam pergunta e pelo retrovisor percebo que está falando de mim.

— Ele achou que tinha visto o amor da vida dele. — Hoseok responde e eu dou um tapa em sua nuca.

— Para de falar asneira, não tem ninguém apaixonada aqui não.

— Ah não? Então por que me fez parar no meio da rua pra procurar alguém que nem sabe se está viva?

— Sério mesmo Jin? Com certeza alguém apaixonado faria isso. — Nam questiona rindo.

— Eu não estou apaixonado! Já disse que eu devo um favor pra ela, só isso.

— É, nós sabemos. — Eles falam em uníssono, mas com um riso no tom de voz.

Apenas volto minha atenção para a rua até que chegamos ao restaurante.

Talvez meu estresse fosse fome mesmo. Um fato curioso é que, quando estou faminto, meus olhos tremem e piscam sem parar, como um tique nervoso, e eu estava à beira de ter um colapso.

Depois do almoço, volto renovado, energia intacta e pronto para enfrentar milhares de problemas de novo.

Já estava em minha sala quando meu celular tocou, notificando uma mensagem do meu pai. "Compareça ao evento hoje, nada de fugir."

— Esse velho não me deixa em paz. — resmungo sozinho.

Se ele me nomeou presidente da empresa, significa que eu tenho autonomia pra decidir o que quero ou não fazer. Mesmo tendo 31 anos, ele me trata como se não fosse um adulto. São tantos eventos que eu preciso me esconder pra ter sossego.

Assim que largo o telefone, Hoseok entra.

— Já estou sabendo. — digo, já imaginando o que ele vai falar.

— Mas eu nem disse nada.

— Mas além de lindo, eu sou adivinho. Um combo.

— Então, você vai?

— Tenho escolha?

— Não, seu pai me obrigou a te levar junto.

— Vou passar em casa antes. — falo, pegando minhas chaves para sair.

Chegando em casa, tomo um banho e não tarda muito para que eu fique pronto. É um evento formal, então precisei me vestir de acordo e me preparar psicologicamente para sorrir enquanto ouço aquelas pessoas falando de prédios, construções, projetos e, principalmente, dinheiro.

Eu precisei cumprimentar tantas pessoas que minhas mãos ficaram dormentes. Já tinha aceitado que a minha noite seria um fiasco.

— Nossa, quem é? — Hoseok fala e me viro para ver. Estreito um pouco os olhos pra tentar confirmar quem eu vejo. — Onde tá indo? — Hoseok fala um pouco mais alto, enquanto eu ando em passos largos para alcançá-la.

— Ei. — chamo mas sem sucesso. — Moça.

Mais uma vez falha e ela abre apressadamente a porta do carro que a aguardava.

Antes que possa entrar, seguro sua mão, a fazendo virar para que eu consiga ver completamente seu rosto.

— Você? — ela diz, surpresa.


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