A escuridão do quarto era interrompida apenas pela luz fraca que entrava pela janela. Jimin, encolhido no canto, sentia as dores pulsarem em seu corpo, cada golpe deixando uma marca não apenas física, mas também emocional. Seu pai, em um acesso de raiva, ergueu a mão novamente, mas parou ao encontrar os olhos azuis de Jimin.
A fúria deu lugar a um momento de confusão, enquanto lembranças de sua falecida esposa inundavam sua mente. Aqueles olhos — tão iguais aos dela — reavivavam a dor de sua perda. A imagem da mulher que ele havia espancado até a morte voltou à tona, e ele hesitou, a mão ainda elevada.
“Você… parece com ela”, murmurou, a voz trêmula, antes de desviar o olhar, lutando contra o turbilhão de emoções. Jimin, mesmo apavorado, percebeu que naquele instante, seu pai estava perdido em um abismo de remorso e raiva. Ele aproveitou a fraqueza do momento e se levantou lentamente, tentando se afastar do homem que representava tanto medo e dor.
“Por favor... não”, sussurrou, a esperança brilhando em meio ao desespero.
Mas o pai de Jimin não parecia ouvir. Seus olhos estavam distantes, como se ele estivesse revivendo um pesadelo. “Ela era perfeita… eu a amava”, disse, quase como um mantra, os dedos tremendo enquanto lembranças confusas preenchiam sua mente. Jimin percebeu que a raiva estava se transformando em culpa, mas isso não aliviava sua dor.
O silêncio se arrastou, pesado e sufocante. Jimin, com o coração acelerado, aproveitou a pausa. “Pai, eu não sou ela. Não me machuque”, implorou, tentando apelar para qualquer vestígio de sanidade que pudesse existir dentro dele.
A batalha interna no rosto do homem era visível, e Jimin viu um lampejo de humanidade antes que a sombra da raiva voltasse a dominá-lo. “Você é fraco! Assim como ela!” Ele gritou, mas a voz soava menos convincente, como se uma parte dele quisesse acreditar no contrário.
Jimin sentiu as lágrimas escorrendo pelo rosto, não só de dor, mas de uma tristeza profunda por tudo o que havia sido destruído. “Eu só quero ser amado, pai. Eu só quero… que você me veja”, ele disse, a voz embargada.
A tensão pairava no ar, e o pai, finalmente, pareceu vacilar. Ele abaixou a mão, a raiva se dissipando, deixando apenas um homem quebrado diante de seu filho. Jimin aproveitou o momento e se aproximou, hesitante, mas determinado. “Eu sou seu filho. Por favor, não faça isso.”
O homem olhou para Jimin, os olhos marejados, e por um breve instante, a máscara de brutalidade caiu. Ele se lembrou do que havia perdido e de quem estava diante dele — não uma cópia da mulher que havia amado e perdido, mas um ser humano, cheio de esperança e vulnerabilidade.
“Desculpe”, foi tudo o que ele conseguiu murmurar, a voz quebrada. Jimin se aproximou ainda mais, sentindo que, talvez, naquele momento frágil, a mudança fosse possível.
“Eu te perdoo”, Jimin disse, mesmo sabendo que o caminho à frente ainda seria difícil. O amor, apesar de ferido, poderia ser um começo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A tentação do demônio
FanficJungkook, um demônio que se alimenta de emoções humanas, decide fazer de Jimin seu alvo. No entanto, ao se aproximar dele, Jungkook descobre que Jimin tem uma luz e pureza que o atraem de uma maneira que ele nunca experimentou antes. Jimin, por sua...