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Toji ficou imóvel por um instante, surpreendido por suas palavras. O pedido suplicante de Kisa ecoou em seus ouvidos, a voz doce e trêmula, quase enfeitiçando.
Ele a encarou por um momento, seu olhar frio avaliando-a novamente, mas dessa vez com uma ponta de hesitação. As palavras dela tinham um efeito inesperado em Toji, mexeram com algo dentro dele.
— Eu não vou te machucar. — Toji disse depois de alguns segundos de silêncio, sua voz ainda severa, mas não tão fria quanto antes.
Ele manteve o olhar fixo em Kisa, tentando entender a emoção que se agitava dentro dele. Toji não era conhecido por sua compaixão, sua vida tinha sido definida pela força e crueldade... mas havia algo diferente nessa garota.
Os olhos de Kisa se arregalaram minimamente, mas isso não afastou o medo que ela sentia. Era como se a simples presença de um homem alto e musculoso como ele, fosse um gatilho para algo que estava enraizado sobre ela – como: agressões físicas.
A reação de Kisa não passou despercebida por Megumi. Ele conhecia bem Kisa, sabia que qualquer pessoa grande e robusta poderia causar um gatilho de pânico nela.
Ele percebeu a hesitação de Toji e deu um passo à frente novamente, colocando-se entre o homem de cabelos escuros e a garota.
— Por favor, dê um pouco de espaço para ela — Megumi disse, sua voz calma, mas firme.
— Senhor Zen’in — Itadori finalmente disse — não assuste ela! Kisa tem um grande trauma de homens como o senhor, por conta dos anos de agressão física que ela passou com o pai que era um bêbado agressivo e abusivo. Ela tem medo de homens como o senhor.
O semblante de Toji ficou sombrio com as palavras de Itadori. Ele podia sentir a tensão no ar, o medo de Kisa era palpável.
Ele se afastou do espaço pessoal dela, dando um passo para trás. Toji mantinha o olhar fixo na jovem, finalmente começando a entender o que estava acontecendo.
— Então é por isso que ela reagiu assim tão exageradamente só porque me viu — Toji disse, quase para si mesmo.
Lentamente kisa estendeu a mão com os dedos levemente levantados, em direção a Toji como se quisesse apertar a mão dele – porém sua mão estava extremamente trêmula.
— É um prazer...conhecer o senhor — ela sussurrou
Toji observou em silêncio enquanto Kisa estendeu a mão, sua tremedeira era evidente. Ela estava tentando ser educada, apesar de seu medo aparente.
Ele encarou a mão dela por um momento, antes de lentamente elevar a própria mão e a segurar.
— Igualmente — ele disse, sua voz ainda carregada de séria, mas com um toque de menos irritação do que antes.
A mão de Kisa parecia sumir sobre a grande mão de Toji, o contraste entre uma mão delicada e macia como seda, e a dele que era áspera e calejada. E acima de tudo!
Ela era uma garota normal, não possuía energia amaldiçoada e nem conhecimento sobre o mundo Jujutsu
Toji notou a fragilidade da mão de Kisa sob a dele. Ela era tão jovem e delicada, tão diferente dele...
Ele largou a mão dela, com relutância. A sensação da mão dela era suave e delicada, um contraste com a rudeza das suas mãos calejadas.
Toji sabia que Kisa não pertencia a esse mundo. Ela era uma garota comum, nada de poderes ou energia amaldiçoada. Era algo estranho para ele, ver alguém tão vulnerável e... humana.
Megumi notou a interação entre Toji e Kisa com um olhar atento. Ele percebeu a surpresa de Toji com a delicadeza de Kisa, a forma como sua mão parecia se perder na dele.
Ele se aproximou novamente da jovem, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.
— Ela é frágil — Megumi diz para o pai, sua voz suave. — Você precisa ir com calma com ela.
Toji franziu a testa para Megumi, seu olhar penetrante. Ele não gostava que alguém o aconselhasse assim, mas ao mesmo tempo percebia a verdade nas palavras do filho.
Ele voltou a olhar para Kisa, sua expressão ainda séria, mas menos hostil do que antes.
— Eu sei disso — Toji disse, a irritabilidade clara em sua voz. — Vou ter cuidado.
Mas mesmo enquanto dizia isso, havia alguma coisa em sua mente, um interesse que ele não podia ignorar. Kisa era uma garota frágil, vulnerável...mas havia algo nela que o atraía.
Ele tentou ignorar a sensação, mas ela estava lá, uma curiosidade intrigante. Toji nunca antes se interessara por alguém assim, tão vulnerável e suave...
— Peço desculpas, por meu comportamento anterior — ela murmurou com humildade e delicadeza ao se curvar mesmo que ainda trêmula — foi uma péssima primeira impressão que deixei para o senhor.
Ele notou a delicadeza de seus movimentos, a humildade genuína em sua voz. Foi diferente de qualquer coisa que ele estava acostumado. Toji manteve a expressão séria e imutável, mas havia algo distinto em seu olhar agora. Não era hostilidade ou irritação, mas uma espécie de interesse curioso.
— Não se preocupe — ele respondeu, a voz ainda séria. — Estou... acostumado a primeiras impressões ruins.
Kisa mordeu os lábios pela resposta dada por Toji, logo suas bochechas ficaram rosadas pela vergonha e timidez – Um ato tão puro e genuíno, ao mesmo tempo tão delicado como uma flor.
Toji observou enquanto as bochechas de Kisa ficavam rosadas, sua timidez aparente por causa da vergonha. Era algo que ele não estava acostumado a ver...era quase encantador.
Ele tentou esconder o estranho efeito que ela estava tendo nele, mas foi impossível ignorar. Havia algo nela que tocava algo dentro dele, um instinto protetor que ele nunca antes tinha sentido.
