capítulo 7

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Na manhã seguinte, as luzes fluorescentes do campus da universidade pareciam se intensificar, inclementes contra os olhos de Kisa, que mal haviam descansado

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Na manhã seguinte, as luzes fluorescentes do campus da universidade pareciam se intensificar, inclementes contra os olhos de Kisa, que mal haviam descansado. Ao entrar no refeitório, seu olhar vago foi imediatamente captado por Maki e Nobara, que se sentaram na mesa habitual, já acostumadas com a cadência vibrante da vida universitária. Contudo, hoje, a energia ao redor de Kisa era diferente; era quase palpável, como uma sombra que se estendia por todo seu ser.

— Maki, olha isso...— , murmurou Nobara, a preocupação tomando conta de seu tom. As olheiras escuras sob os olhos castanhos-esverdeados de Kisa entregavam muito mais do que palavras poderiam expressar. A excentricidade e a vivacidade que costumavam definir sua amiga pareciam ter sido drenadas, substituídas por uma aparência apática. — Ela… não está bem.

Maki assentiu, o olhar penetrante se fixando em Kisa. — É como se algo tivesse sugado a energia dela. Você sente isso também? — As duas compartilharam um breve momento de silêncio compreensivo. A intuição de ambas as jovens a alertava que algo estava terrivelmente errado. A energia que emanava de Kisa era pesada e opressora, como um espírito amaldiçoado.

Enquanto Kisa se aproximava da mesa, Maki e Nobara trocaram olhares preocupados, sabendo que se houvesse algo de sobrenatural em jogo, era melhor não alertar Kisa sobre o que percebiam. Elas não queriam alarmá-la ainda mais. — Oi, Kisa. Como você está? — perguntou Maki, sempre tentando manter uma expressão tranquila, mas a ansiedade transparecia em seu tom.

Kisa forçou um sorriso, mas mal conseguiu articular a resposta. — Estou… bem. Só cansada. Muitas coisas para fazer, você sabe como é. —  As palavras soaram vazias, e mesmo ela notou a falta de convicção. A atmosfera ao redor dela parecia pesadona, como se cada movimento fosse um esforço.

— Você parece precisando de um tempo— , disse Nobara, inclinando-se à frente com uma expressão de preocupação genuína. — Por que não tomamos um café antes das aulas? Pode ser bom conversar.

Kisa hesitou um momento, mas a ideia de estar cercada pelas amigas era reconfortante. — Claro, um café seria bom.— Assim que se juntaram em um canto mais tranquilo do refeitório, passaram um tempo conversando sobre a vida cotidiana e tentando desviar a conversa de assuntos mais pesados.

Mas Maki e Nobara estavam cientes de que precisavam agir. Com a energia amaldiçoada que envolvia Kisa, suas vidas e bem-estar poderiam estar em risco—não apenas os dela, mas de todos ao redor. Decidiram que a melhor abordagem seria falar com Nanami, o experiente sorcerer que tinha um conhecimento profundo sobre maldições e espíritos.

Depois do café, enquanto se dirigiam para a sala de aula, Nobara respirou fundo. — Nós vamos falar com Nanami mais tarde. Ele precisa saber o que está acontecendo... e como ajudar a Kisa. Isso não é normal, e eu não vou deixar que isso vá longe demais.—  Maki concordou, sentindo a mesma determinação em seu coração.

A caminhada até a aula parecia longa e intrincada, como se o tempo estivesse desacelerando, e Kisa permanecia alheia à preocupação se acumulando em volta dela. Se algo sobrenatural a estava perseguindo, era um fardo que ela não poderia carregar sozinha. E, em algum lugar, a luta entre sua fé e a sinistra força à espreita continuava, enquanto Maki e Nobara se preparavam para enfrentar o desconhecido ao lado dela.

(…)

Kisa continuava a vagar pelas ruas movimentadas, a multidão parecendo se distanciar dela, como se uma barreira invisível a separasse dos outros. Seus passos vacilantes refletiam o cansaço que se acumulava em seus ossos; a tensão de dias sem descanso e a opressão do espírito que a atormentava estavam se tornando insuportáveis.

Quando, de repente, ela esbarrou em Toji, que estava saindo de uma loja de conveniência com um pacote de snacks em uma das mãos. O impacto a fez parar, e, ao olhar para cima, seus olhos castanhos-esverdeados se encontraram com os dele. No entanto, em vez de se surpreender ou se desculpar, Toji ficou paralisado por um instante. Seu instinto imediatamente alertou-o: a aura ao redor de Kisa não era normal. Havia um espírito amaldiçoado, um espírito agressivo envolvido em sua essência, ameaçando arrastá-la para um abismo profundo e sombriamente fatal.

Toji sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao perceber a presença do espírito amaldiçoado em Kisa. Suas percepções precisas imediatamente avaliaram a situação: o espírito não era apenas uma ameaça, mas sim uma força extremamente perigosa.

Ele permaneceu imóvel por um momento, seu olhar focado em Kisa, enquanto analisava internamente a situação. Uma decisão precisa e oportuna era necessária.

Os olhos castanhos-esverdeados se ergueram lentamente para Toji, como se houvesse um abismo profundo neles. —...Me desculpe, eu não olhei aonde estava indo

Toji permaneceu em silêncio por um momento, a analisando com cuidado. A maneira como seus olhos pareciam olhar em abismo despertou seu instinto de proteção.

― Tudo bem — ele respondeu com voz grave. ― Mas você está bem? Parece cansada.

Kisa olhou para ele, uma expressão de confusão e medo cruzando seu rosto levemente. — Eu… não sei. Não sei o que está acontecendo comigo.—  Sua vulnerabilidade fez com que Toji se sentisse ainda mais determinado. Instintivamente, ele girou o corpo, tentando obter uma perspectiva mais clara da situação. O espírito estava se manifestando agora, uma sombra opressiva que se curvava nas bordas da visão.

Toji sentiu o espírito amaldiçoado se manifestar mais claramente agora. Suas percepções afiadas perceberam a sombria opressão em torno de Kisa, e o sentido de urgência aumentou.

― Há algo seguindo você, não é? ― ele perguntou, sua voz grave carregada de uma intenção protetora.

Kisa fechou os olhos por um momento, tentando lembrar. — Eu só… eu sinto que algo está me seguindo. Desde ontem a noite, é como se todas as minhas energias estivessem sendo drenadas. Às vezes, ouço sussurros. Mas eu não consigo ver nada. Só a sensação. Como… uma presença.

A confirmação de Kisa apenas reforçou as suspeitas de Toji. Estava claro que um espírito amaldiçoado, alimentado pelas energias dela, a estava perseguindo. Os sussurros que ela mencionou eram provavelmente as manifestações verbais do espírito, indicando um nível mais alto de maldade.

― Você está com medo? ― Toji perguntou suavemente, apesar de parecer uma pergunta idiota.

— Estou...— Ela murmurou baixinho o olhando — muito..

Perene - Toji Fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora