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As palavras do ancião ecoavam na mente de Toji, cada vez mais presentes em seus pensamentos. A lembrança do encontro no templo na montanha era vívida, uma memória que ele não conseguia esquecer. O ancião, com seus olhos cegos mas cheios de sabedoria, havia profetizado algo inesperado para Toji. Ele havia mencionado o "Akai Itō" — o "fio vermelho do destino" — um vínculo místico que conectava duas pessoas destinadas a ficar juntas, a qualquer custo.
No passado, Toji não havia dado muita atenção a essa profecia, mas agora, as palavras do ancião pareciam ganhar novas dimensões em sua mente. Encontrar Kisa havia sido um evento fortuito, e seu olhar penetrante, o mesmo que o ancião descrevera, havia sido como um balde de água fria em seu ser.
Enquanto observava as gotas de chuva caírem suavemente sobre o capim do jardim, Toji sentiu um impulso irresistível de protegê-la.
O simples fato de pensar em Kisa já era suficiente para lhe arrancar um suspiro longo e exausto. Ele não se lembrava de ter se sentido dessa maneira por qualquer outra pessoa. Há muito tempo, ele havia se resignado a viver uma vida sozinho, sem apegos ou responsabilidades além do necessário. Mas agora, a presença da jovem era como uma corrente de fogo, queimando qualquer resquício de indiferença que restasse em seu coração já calejado.
Mas, por mais que seu coração quisesse se entregar aos sentimentos que Kisa despertou nele, Toji era um homem pragmático. Ele havia passado anos construindo um escudo em torno de si mesmo, uma armadura de indiferença que o protegera da dor e do sofrimento. Abandonar esse escudo agora, especialmente em um momento tão delicado para seu clã, parecia quase impensável.
— Não sei o que está pensando — Megumi disse olhando para as pétalas vermelhas — mas peço que por favor. Não a assuste! Kisa já tem traumas demais na vida dela.
Toji franziu a testa, a palavra "trauma" ressoando em sua mente como um sino. Ele não era alguém que normalmente se preocupava com traumas ou sentimentos de estranhos, mas havia algo em Kisa que o fazia querer protegê-la, mesmo que ela não fosse alguém vulnerável ou indefesa.
― Não é como se eu tivesse planejado fazer algo para assustá-la — ele respondeu, irritado.
Megumi cruzou os braços, encarando o pai com um olhar perspicaz — Você nunca planeja o que vai fazer. Seu temperamento e impulsividade são capazes de assustar uma pessoa só com um olhar.
Toji soltou um suspiro irritado. Ele sempre foi alguém conhecido por sua impaciência e temperamento explosivo, mas na presença de Kisa, ele se encontrava em território desconhecido. Nunca antes se sentira assim por alguém.
― Está me dizendo que eu não sou uma boa companhia? ― ele rebateu, tentando soar casual, mas Megumi podia perceber a agitação em sua voz.
