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O sorriso acanhado de Kisa era como um doce veneno, intoxicando Toji de uma maneira que ele não podia entender. Enquanto ele a observava, a sensação ainda se intensificava, como se houvesse algo familiar no sorriso dela, quase como se ele já o tivesse visto antes em algum lugar.
― Quando você quer, é? — ele murmurou, enquanto se inclinava para mais perto dela.
O sorriso permaneceu em seu rosto, meigo e tímido deixando seus olhos formarem uma meia lua baixa, dando vida a expressão "sorrindo com os olhos". Algo totalmente puro e genuíno, como o calor aconchegante do por do sol na primavera.
— É...— Kisa ronronou
Era impossível para Toji resistir à inocência que ela irradiava. Enquanto a observava sorrindo, ele sentia seu corpo reagir inesperadamente. A inocência em seu olhar era quase hipnotizante.
Ele se debruçou mais, ficando mais próximo dela enquanto a olhava de perto.
― Você não é nada normal, não é? — ele perguntou, sua voz saindo rouca.
— Por que diz isso? — ela sussurrou com a expressão confusa e intrigada
― Você é tão ingênua — Toji murmurou, enquanto a examinava ainda mais de perto. Era como se ela pertencesse a um mundo completamente diferente do dele, um mundo onde a inocência era genuína e não adulterada.― É quase uma maldição, essa pureza toda — ele acrescentou, sua voz ainda rouca e intensa enquanto a observava.
— Isso é algo ruim? Senhor Toji. — Kisa murmurou em resposta se aconchegando na cama — acho que eu vivi muita violência quando pequena...então eu as vezes eu posso agir da forma como eu deveria ter agido quando pequena.
As palavras de Kisa atingiram Toji em algum ponto. Enquanto ele a observava se aconchegar na cama, a vulnerabilidade em sua voz era visível. Sua confissão sobre a violência que havia testemunhado desde pequena o fez franzir as sobrancelhas.
― Não é ruim — Toji murmurou finalmente, enquanto apoiava o braço na cabeceira da cama, ficando ainda mais próximo dela. — Mas pode ser perigoso para você. Muitos homens vão querer aproveitar-se disso — ele acrescentou, enquanto passava o olhar pelo seu corpo, notando a vulnerabilidade em sua expressão. A mera ideia de alguém machucá-la o irritava profundamente.
— Você quer me machucar? — a expressão dela mudou ligeiramente, uma névoa de medo e temor — eu fiz algo que o desrespeitou?
A pergunta de Kisa pega Toji de surpresa. Enquanto ele a observava, percebendo a sombra de medo em seus olhos, ele sentiu um estranho mal-estar no estômago.
