capítulo 4

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A mansão do clã Zen’in era uma construção imponente, típica da arquitetura tradicional japonesa, com seus telhados inclinados e pilares de madeira escura que se erguiam como guardiões de um legado ancestral

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A mansão do clã Zen’in era uma construção imponente, típica da arquitetura tradicional japonesa, com seus telhados inclinados e pilares de madeira escura que se erguiam como guardiões de um legado ancestral. As paredes eram revestidas de painéis de madeira finamente trabalhados, e as janelas de papel shoji filtravam a luz suave do luar e das chuvas de outono. O ambiente era austero, mas não sem um toque de elegância, refletindo a gravidade e o poder do clã.

Toji Zen’in se destacava na cena. Vestido com um yukata preto que parecia absorver a luz ao seu redor, seu porte alto e musculoso criava um contraste acentuado com a suavidade do tecido. O yukata, ligeiramente solto, fluía gracejosamente em sua figura, ao mesmo tempo que seu olhar intenso e penetrante demonstrava a força de sua presença. Cada movimento seu exalava uma confiança inabalável, como se estivesse ciente do peso de seu nome e das expectativas que o acompanhavam.

À sua frente, o jardim do clã Zen’in era um espetáculo de tranquilidade em meio à comoção das chuvas de outono. Bonsais meticulosamente cuidados estavam dispostos ao longo de caminhos de pedra polida, suas formas compactas e delicadas revelando a destreza de quem os cultivava. No centro do jardim, uma enorme cerejeira se erguia majestosa, suas raízes profundas se entrelaçando com a terra rica e úmida, símbolo de resistência e beleza.

As pétalas vermelhas da cerejeira, uma versão única das flores de cerejeira que tradicionalmente eram rosas, dançavam no ar a cada sopro do vento, criando um contraste vibrante com o céu cinza que estava começando a se cobrir de nuvens escuras. A chuva fina começava a cair, seus pinguinhos tocando suavemente as pétalas, como se a natureza estivesse celebrando a mudança de estação, enquanto pequenos ralos de água começavam a se formar entre as pedras do caminho.

Toji observava a cena com um semblante sereno, mas em seu interior havia um turbilhão de pensamentos. O poder e a beleza da cerejeira o lembravam da fragilidade da vida, mesmo em meio a tanta força. Ele sabia que era o líder do clã, mas a responsabilidade que isso implicava pesava sobre seus ombros. Era um momento introspectivo, como se a chuva que caía lhe concedesse um raro alívio, lavando parte da tensão que acumulava em seu coração.

As gotas d’água brilhavam nas pétalas vermelhas, transformando o jardim em um quadro impressionista. A cena, estética e emocional, capturava a dualidade do ser de Toji — um homem que exalava força e controle ao mesmo tempo que enfrentava os fantasmas de seu passado e as expectativas do futuro. Em meio ao aroma terroso da chuva e à dança delicada das pétalas, ele se permitia um momento de reflexão, um sussurro de vulnerabilidade em meio à sua indomável essência.

Ao observar a cena diante de si, Toji era tomado por uma mistura de pensamentos e emoções conflitantes. A beleza e a tranquilidade do jardim eram um contraste estranho com a intensidade de seu personagem.

Perene - Toji Fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora