capítulo 30

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Quando chegamos à casa, Idris continuava falando sem parar, bombardeando-nos com novidades. Eu comecei a me perguntar se ela tinha algum tipo de botão de "desligar". Sentei no sofá enquanto Dante preparava o almoço na cozinha, e Idris guardava sua mala no quarto de hóspedes. Por um breve momento, me peguei imaginando como seria ter esses momentos em família com ele. Parecia uma loucura, mas visualizei pequenas cópias nossas correndo pela sala enquanto nós dois preparávamos o almoço juntos. Talvez seja loucura, pensei, tentando afastar a imagem, mas ela ficou pairando na minha mente.

Dante apareceu na sala, enxugando as mãos num pano de prato, interrompendo meus devaneios.

— A comida vai demorar um pouco — ele disse, se aproximando do sofá. — Idris já se instalou?

— Sim, ela está no quarto. Mas acho que vai demorar para desarrumar a mala, já que provavelmente trouxe metade do guarda-roupa — brinquei, sorrindo.

Ele sorriu de volta e se sentou ao meu lado, esticando o braço ao redor dos meus ombros. Por um momento, tudo parecia normal, apenas nós dois, como de costume. Mas Idris voltou à sala, animada como sempre, interrompendo a calmaria.

— Vocês têm que experimentar esse restaurante novo que abriu no centro! — ela começou, já emendando em outro assunto sem pausa. — Eu fui no evento de inauguração, e o chef é simplesmente incrível! Ele tem uma técnica...

Enquanto ela falava, percebi que Dante apertava minha mão de leve, como se fosse sua maneira sutil de dizer "aguenta firme". Eu sorri por dentro.

O fim de semana, eu sabia, seria cheio de momentos como aquele. Idris era uma tempestade de energia e opiniões, mas havia algo cativante nela, uma espécie de brilho que, embora exaustivo, era contagiante.

Mais tarde, quando o almoço estava pronto, nós três nos sentamos à mesa. Dante e eu nos entreolhávamos enquanto Idris liderava a conversa. Ela falava sobre moda, negócios, e as viagens que faria nos próximos meses. De vez em quando, ele fazia algum comentário sarcástico para provocá-la, o que arrancava algumas risadas de mim. Era óbvio que, apesar das implicâncias, os dois tinham uma conexão forte, um laço inquebrável de irmãos.

— Então, Scarllete, qual é a sua história? — Idris perguntou de repente, voltando seu olhar penetrante para mim. — Já sei que trabalha com Direito e que meu irmão te adora, mas quero saber mais. Como você veio parar na vida do meu querido Dante?

Dante olhou para mim com um pequeno sorriso no rosto, como se dissesse "boa sorte". Eu respirei fundo, me preparando para entrar no jogo de perguntas de Idris.

— Bom, não nos conhecemos no escritório, mas na faculdade — comecei, tentando soar casual. Idris tombou a cabeça para o lado, claramente confusa.

— Espera... então já terminou a faculdade? Nossa, eu achei que você tinha uns 24 anos ou algo assim — ela disse, surpresa. — Você me enganou bem.

Dante levou uma garfada à boca, claramente tentando esconder um sorriso. O miserável estava se divertindo, me deixando sozinha nessa situação.

— Eu tenho 24 anos — expliquei, respirando fundo. — E, ainda estou na faculdade. Seu irmão é meu professor... e também meu chefe no escritório.

O garfo de Idris caiu no prato com um barulho audível, e sua boca se abriu em um "O" perfeito de choque. O espanto em seu rosto era quase cômico.

— Espera aí! Você está me dizendo que o Dante... é seu professor... e seu chefe? — Ela olhou de Dante para mim, incrédula. — Vocês estão juntos há quatro meses... e ele é seu professor?!

Dante soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.

— Surpresa, irmãzinha — ele disse, sua voz carregada de sarcasmo.

O Fruto ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora