capítulo 9

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Minha sexta-feira foi mais comum do que o normal, sem drama ou acontecimentos estranhos - o que, considerando minha vida, já é um recorde. Eu ainda estava pensando se ia ou não para a boate com Nathan e Liam.

Deitada na cama, juntava ânimo para levantar e preparar algo para comer. Tinha encontrado uma posição tão confortável que sabia que, quando me levantasse, jamais conseguiria deitar da mesma forma. Meu estômago roncava, implorando por comida, e então me vi obrigada a me mexer.

Na cozinha, olhava friamente para a geladeira, procurando algo decente para comer. Sinceramente, preciso fazer compras - não dá para sobreviver apenas com água. Meus pensamentos sobre como criar uma receita só com água foram interrompidos pelo som do interfone. Fechei a geladeira e caminhei até a porta, sabendo que, se alguém havia subido sem antes falar comigo, era porque Charles tinha permitido, o que significava que devia ser alguém conhecido.

Abri a porta sem muita cerimônia e me deparei com a última pessoa que esperava ver.

- Dante... o que está fazendo aqui? - olhei para suas mãos e vi sacolas.

- Já almoçou? - ele perguntou, ignorando a minha pergunta.

- Ainda não. - Olhei para as sacolas e dei espaço para ele entrar. - Você ainda não respondeu o que perguntei.

- Estava passando por aqui perto e resolvi fazer algo para comermos - disse casualmente. A regra... respirei fundo.

- E você sabe cozinhar? - debochei, enquanto ele tirava as coisas das sacolas e as colocava na ilha da cozinha.

Ele sorriu, balançando a cabeça em negação, e me olhou com aquele mesmo olhar intenso de sempre.

- Scarlatte, sou um cozinheiro de mão cheia. - respondeu, descontraído.

- Então, o que o grande cozinheiro vai preparar? - apoiei os cotovelos na ilha e coloquei o rosto entre as mãos, balançando levemente o quadril de um lado para o outro. Notei que seu olhar mudou imediatamente e sorri ao perceber que ele observava meus lábios. - Chefe, qual será o prato de hoje?

- Camarão ao molho branco gratinado com batatas. - Levantei a sobrancelha, desconfiada.

- Meu almoço, antes de você aparecer, seria macarrão instantâneo. - admiti. Ele sorriu e começou a preparar o camarão, enquanto eu observava. Ajudava-o a pegar ingredientes, panelas, temperos, e nossa conversa fluiu rapidamente. Nunca, em toda a minha vida, imaginei que veria meu professor, que é o dobro do meu tamanho, usando um avental rosa com estampa de coelho, cozinhando para mim.

- O que tanto olha? - ele perguntou, sem tirar os olhos da panela.

- Você é enorme e todo carrancudo, mas está usando um avental rosa. É engraçado. - Ele deu um sorriso ladino, me olhou por uns segundos e voltou sua atenção para o molho.

- Você é toda meiga e delicada, mas na cama é outra pessoa. - disse, despreocupadamente, me fazendo corar. Ele se virou, me encarando, e sorriu. - Quem te vê corada assim nem imagina do que você é capaz.

- Dante! - Falei, envergonhada, enquanto ele gargalhava alto. Eu queria me enfiar em um buraco e nunca mais sair. - Besta!

Não demorou muito até ele servir o belo e apresentável camarão ao molho branco gratinado com batatas. Coloquei um pedaço na boca, e ele me observava com expectativa.

- Meu Deus... - falei de boca cheia. Estava delicioso. Engoli e sorri para ele. - Isso está divino! Mil vezes melhor que macarrão instantâneo.

- Qualquer coisa é melhor que macarrão instantâneo, Scarlatte. - Ele respondeu, divertido.

O Fruto ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora