capítulo 23

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A semana seguiu com meus joguinhos, e houve várias vezes em que quase fomos pegos no ato, mas sempre conseguíamos dar um jeito. Na última ocasião, tive que me esconder debaixo da mesa, completamente nua, quando ouvimos passos se aproximando. A tensão no momento foi insuportável, quase enlouquecedora. Dante teve que disfarçar como se estivesse resolvendo um problema sério, enquanto eu mal conseguia respirar, tentando não fazer barulho. Quando finalmente ficamos sozinhos de novo, rimos tanto que quase não conseguíamos parar, o alívio misturado ao medo de termos sido descobertos era eletrizante.

Agora, era sábado e o clima estava bem mais tranquilo. Eu ia sair com Liam, Nathan e Maya. Estávamos trocando mensagens em um grupo que havíamos criado poucos minutos antes para decidir onde iríamos. Cada um sugeria uma coisa diferente, e como sempre, era difícil chegar a um consenso.

Liam: "Que tal aquele bar novo no Cais do Sodré? Ouvi dizer que a música é boa."

Maya: "Eu topo, mas não vamos terminar a noite lá, hein? Queria dançar de verdade em algum lugar depois!"

Nathan: "Vocês escolhem, eu só vou pela bebida."

Sorri enquanto lia as mensagens e enviei uma resposta rápida:

Eu: "Combinado, então. Vamos ao bar e depois decidimos para onde ir. Estou pronta em 20 minutos, passo para pegar vocês."

Me levantei do sofá e fui me arrumar. Escolhi um vestido simples, mas que realçava minhas curvas de maneira discreta, coloquei uma jaqueta por cima e finalizei com botas de cano curto. Queria algo confortável, mas que ainda chamasse atenção. Olhei no espelho e me senti confiante, com aquela energia boa de um sábado à noite prestes a começar.

Enquanto terminava de me arrumar, meu celular vibrou. Era uma mensagem de Dante:

Dante: "Vai sair hoje?"

Sorri ao ler a mensagem, já imaginando o que ele estava pensando. Respondi rapidamente:

Eu: "Sim, vou encontrar o pessoal. Não pode me acompanhar hoje, professor."

Ele demorou alguns minutos para responder, provavelmente ocupado com alguma coisa.

Dante: "Vou te deixar aproveitar, mas amanhã quero você só para mim."

Aquela mensagem me fez morder o lábio, imaginando o que ele planejava para o dia seguinte. Mas por agora, minha mente estava focada na noite com meus amigos.

Terminei de me arrumar e saí de casa, pronta para mais uma noite divertida.

sentindo o frescor da noite de Lisboa ao me aproximar do carro. O som das ruas, as luzes refletindo nos prédios antigos, tudo me dava uma sensação de liberdade. Afinal, tinha sido uma semana intensa, tanto nas provocações com Dante quanto no trabalho e faculdade. Uma noite com os amigos era tudo o que eu precisava para relaxar.

Cheguei primeiro na casa de Maya, que já estava pronta e me esperando na porta. Ela entrou no carro animada, com um sorriso no rosto.

— Estou precisando dessa noite! — disse ela, jogando a bolsa no banco de trás. — E você? Parece que teve uma semana intensa.

— Nem te conto! — respondi, rindo, enquanto dava partida no carro e seguíamos para pegar os meninos.

— O que aconteceu? — ela perguntou curiosa, ajeitando os cabelos.

— Só aquela velha rotina... Faculdade, estágio, Dante... — deixei escapar o nome dele de forma despreocupada, o que fez Maya levantar uma sobrancelha.

— Dante? O professor? — Ela me olhou com um olhar de quem sabe mais do que diz. — Vocês dois andam muito próximos ultimamente. Tá rolando algo entre vocês?

Sorri para ela, mas dessa vez resolvi manter as aparências.

— Ah, por favor, Maya! — revirei os olhos. — Ele é um velho chato pra caramba, vive pegando no meu pé e enchendo o saco nas aulas. Se eu pudesse, nunca mais teria que ouvir a voz dele!

Maya deu uma risadinha, relaxando.

— Nossa, que bom saber, porque a impressão que eu tinha era outra. — Ela piscou de volta, mas parecia satisfeita com minha resposta.

A noite estava só começando, e eu sentia que seria exatamente o que eu precisava. Depois de uma semana cheia de tensão e segredos, principalmente com Dante, sair com os meus amigos seria um alívio. Estacionei o carro perto do bar no Cais do Sodré, aquele mesmo que Liam tinha sugerido, e saímos juntos, prontos para aproveitar a noite.

Liam e Nathan estavam tão animados que não paravam de falar um segundo sequer. Chegando no bar, pude ver as luzes vibrantes e o som da música ambiente começando a preencher o ar. "Respira fundo e aproveita", pensei comigo mesma, tentando esquecer por um momento as provocações e joguinhos que eu e Dante tínhamos trocado durante a semana.

Entramos no bar, o lugar estava cheio, mas ainda confortável. Encontramos uma mesa e nos acomodamos. Maya já estava pedindo as bebidas, enquanto Nathan e Liam discutiam sobre quem ia pagar a primeira rodada. Eu me sentei e tirei a jaqueta, sentindo o ambiente aquecer ao nosso redor. Tudo parecia leve, e aquele sentimento de liberdade começou a tomar conta.

— Ainda bem que saímos hoje — comentou Maya, levantando a primeira taça de vinho que nos serviram. — Precisava desse clima de distração.

Eu sorri, levantando minha própria taça. — Às distrações! — brinquei, brindando com ela e os meninos.

Enquanto bebíamos e ríamos das piadas bobas de Liam, o celular vibrou no meu bolso. Disfarçadamente, peguei e vi que era uma mensagem de Dante um tanto  provocativa.
Mordi o lábio, sentindo o calor subir pelas minhas bochechas. Tentei ignorar o impulso de sorrir ao ler aquela mensagem. Dante sempre tinha esse efeito em mim, mesmo à distância, mas deixei o celular de lado para focar na noite.

— Scarllete, e o tal do Dante? — Nathan perguntou, puxando assunto de repente. — Ele continua pegando no seu pé?

Olhei para ele, surpresa com a pergunta direta, mas já preparada para manter minha história.

— Ah, ele continua sendo um saco. Sério, não aguento mais. O cara pega tanto no meu pé que, às vezes, acho que vou surtar! — falei, dramatizando a situação e arrancando risos de todo mundo na mesa.

— Eu sabia que ele tinha cara de ser insuportável — Liam acrescentou, se recostando na cadeira. — Já o vi te olhando estranho durante a aula, parecia que ia te dar uma bronca a qualquer momento.

Eu apenas ri, balançando a cabeça em concordância, enquanto por dentro, revivia mentalmente todas as vezes que aqueles olhares de Dante tinham me deixado completamente desconcertada. "Se eles soubessem a verdade...", pensei, mas me mantive firme na minha versão dos fatos.

Maya me olhou com uma expressão curiosa. — E você nunca disse nada? Porque se fosse eu, já tinha dado uma resposta bem atravessada.

Eu dei de ombros. — Às vezes, ignorar é o melhor remédio, Maya. Quem sabe um dia ele sossega.

Ela deu risada e levantou sua taça novamente. — Aos professores chatos, então! — brincou.

Levantamos todos as taças e brindamos mais uma vez, rindo. A noite seguiu assim, leve e despreocupada, com piadas e conversas soltas sobre tudo e nada. Mesmo com a tensão dos segredos que guardava sobre Dante, eu consegui relaxar.

Quando a noite avançou, sugeri que fôssemos para outro lugar, talvez uma boate, como Maya queria. O grupo concordou e, depois de mais uma rodada de bebidas, saímos do bar em direção ao próximo destino.

Aquela noite prometia ser inesquecível, e, por algumas horas, deixei o "professor chato" de lado, me permitindo ser apenas Scarllete, uma jovem curtindo a vida com seus amigos.

"A vida é o que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos", lembrei-me da famosa citação de John Lennon, e naquele momento, decidi que meus planos podiam esperar até o dia seguinte.

O Fruto ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora