Nathan parecia mais calmo agora, seus olhos ainda estavam inchados, mas a dor física e emocional começava a ceder. O chá que Dante havia preparado tinha um efeito relaxante sobre ele, e o peso do momento diminuía, trazendo um pouco de leveza ao ambiente.
Dante se sentou ao meu lado no sofá, observando Nathan atentamente, como se estivesse esperando qualquer sinal de desconforto. Eu senti o toque sutil da mão dele na minha, um gesto discreto, mas que trazia conforto em meio ao caos.
— Obrigado, Dante — disse Nathan, sua voz mais suave. — Acho que nunca imaginei que estaria numa situação dessas, e muito menos que você seria a pessoa a me ajudar.
Dante apenas assentiu com um pequeno sorriso, sem a necessidade de responder verbalmente. Ele sabia que aquele momento não era sobre ele, mas sobre dar suporte a Nathan.
O silêncio tomou conta por alguns minutos, enquanto Nathan bebia o chá e olhava ao redor, tentando se recompor. Sua respiração parecia mais tranquila, e eu podia ver que ele estava começando a relaxar mais.
— Sabe... — Nathan começou, rompendo o silêncio com um suspiro. — Eu sempre achei que era o mais racional dos nossos amigos, mas ultimamente... parece que tudo desmoronou de uma vez. — Ele olhou para mim, os olhos carregando uma tristeza profunda. — Me sinto tão perdido, Scarllete.
Segurei a mão dele com força, tentando transmitir o máximo de apoio.
— Você não está sozinho, Nate. Eu tô aqui, sempre vou estar. E não importa o que aconteça, você é incrível, não deixe ninguém te fazer sentir o contrário — respondi, tentando conter a emoção na minha voz.
Nathan assentiu lentamente, as lágrimas ainda ameaçando cair, mas ele as segurou.
— Eu só... nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo. Sabe, eu sempre fui tão cuidadoso. Mas... acho que não tem como prever essas coisas.
Dante, que havia ficado em silêncio, finalmente falou, sua voz baixa e calma.
— Infelizmente, algumas pessoas ainda não conseguem lidar com o que não entendem. Mas o que aconteceu com você não define quem você é, Nathan. E não deixa isso te enfraquecer. — Ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. — Você tem todo o direito de ser quem você é, sem medo.
Nathan pareceu refletir sobre o que Dante disse, e um sorriso fraco se formou em seu rosto.
— Vocês são ótimos, sabia? — disse ele, olhando para nós dois. — Mesmo que eu ainda ache vocês um casal esquisito. — Ele riu, e pela primeira vez naquela noite, o som foi genuíno.
Eu ri junto com ele, sentindo o peso da situação finalmente começar a se dissipar. Dante também deu uma risada baixa, balançando a cabeça como se estivesse acostumado a ser chamado de "esquisito."
— Vamos deixar o "esquisito" pra depois. Agora, você precisa descansar — disse Dante, levantando-se e oferecendo sua mão para Nathan. — Pode ficar no quarto de hóspedes, e amanhã a gente vê o que fazer.
Nathan aceitou a ajuda de Dante e se levantou devagar, ainda mancando levemente, mas com mais força agora. Enquanto ele se dirigia para o quarto, olhou para mim uma última vez.
— Scarllete, obrigado... por tudo. E, por favor, não me esconda mais nada, tá? — disse ele, piscando de leve antes de desaparecer no corredor.
Fiquei ali, em silêncio por um momento, enquanto a porta do quarto de hóspedes se fechava. Dante se aproximou, colocando uma mão suave no meu ombro.
— Você está bem? — ele perguntou, a preocupação ainda presente em sua voz.
Assenti, suspirando profundamente.
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O Fruto Proibido
RomansaScarlatte vive uma vida dupla entre os corredores de uma prestigiada faculdade de Direito e seu estágio em um renomado escritório de advocacia. Inteligente e determinada, ela sonha com uma carreira de sucesso, mas seus planos começam a desmoronar qu...