O suor escorria pelo meu rosto, e meus pés imploravam por descanso. Acelero assim que olho no celular e vejo que estou 10 minutos atrasada. Não é possível! Primeiro dia do meu último ano, e eu vou ficar de fora da primeira aula. Passo pelo portão como um vulto.Correndo pelo corredor, vejo a porta da minha sala aberta. Respiro fundo e tento entrar da forma mais furtiva possível. Olho ao redor e vejo Liam, que nega com a cabeça assim que me vê.
— Senhorita Lee Blanc, está atrasada. — Não reconhecia a voz. Viro-me e me deparo com um homem lindo. Como ele é advogado? Se eu fosse ele, teria investido na carreira de ator ou modelo. Ele seria facilmente escalado para o papel de galã. — Minha querida, conhece algo chamado despertador? Se não, sugiro que procure. Se se atrasar para minha aula novamente, ficará escutando do lado de fora!
— Me desculpe. — Lindo? Esquece! Esse homem é o ser mais feio, lindo, horrível e mal-humorado que já vi. Sento-me ao lado de Liam, que agora estava com as mãos na boca, tentando segurar o riso. — Se você puder se engasgar com o próprio riso, eu agradeço!
Ele levanta as mãos em rendição e volta a atenção para a aula desse diabo! Foram as horas mais longas e agonizantes da minha vida. Como pode um homem ser tão lindo e tão carrancudo? É o primeiro dia, ele poderia ser mais flexível.
— Senhorita Lee Blanc. — Reviro os olhos com a imitação ridícula de Liam. — Primeiro dia e já levou bronca do novo professor. Boa garota.
— Liam, se calar a boca, eu juro que não te darei um soco no saco. — Ele fez uma cara de dor e levou as mãos à sua área íntima.
— Cara, acho que agora os alunos vão brigar por atenção. — Liam fala, e eu o olho sem entender. Ele pega meu queixo e dá uma leve virada para o lado, me fazendo ver as garotas se aproximando do novo professor.
— Ele nem é tudo isso. Elas parecem que nunca viram homens. — Liam me olha arregalado.
— Olha para ele. — Eu olho novamente. — Se olhar bem, pode notar que o rosto dele não tem uma única imperfeição.
— Meu Deus. — Falo, rindo.
— Se eu fosse mulher, eu me humilharia para ele me comer, mas sou homem e não gosto dessa fruta. — Levo a mão ao rosto, escondendo minha risada. — É sério, Scar.
— Você é louco. Eu nunca daria para ele. — Não vou mentir, eu daria, mas ele tem cara de canalha. Prefiro a morte a transar com ele.
— Larga de ser mentirosa. Você já deu por menos. — Eu o olho, sem acreditar no que ouvia.
— Falou o pau de merda! — Ele fechou a cara. Entramos na sala e nos sentamos em nosso lugar.
— Você é horrível, Scar! — Ele falou, largando a mochila de qualquer jeito no chão.
O primeiro período passou rápido. As aulas estavam mais difíceis de entender e complicadas, mas nada que um estudo dobrado não resolvesse. Eu estava no Uber indo para o meu estágio, e só de pensar já me cansava. Ao chegar, cumprimento dona Elza, mãe do dono dessa advocacia. Assim que abro a porta da minha sala, vejo várias pilhas de papéis.
— Que bom que chegou, Scarlatte. — Olho para o lado e vejo Thiago. — Coloquei na sua sala alguns processos pequenos. Você dá conta?
— Sim. — Processos pequenos que eles não querem resolver e não têm o menor interesse jogam para nós, estagiários.
Antes de ir embora, passo na sala de Thiago para lhe entregar a papelada. A vontade de me jogar da escada começou a passar pela minha cabeça. Meu apartamento era no sétimo andar e não tinha elevador. Fecho a porta atrás de mim e começo a me despir, indo em direção ao banheiro. Um banho demorado aliviaria a tensão do meu corpo.
A água quente caía sobre mim, fazendo-me esquecer o dia agitado. Assim que me deito na cama, pego o celular pela primeira vez. Leio algumas mensagens, mas nenhuma me dá vontade de responder. As letras do livro à minha frente começam a embassar e, com um piscar de olhos, acordo com o sol batendo no meu rosto. Levanto-me atordoada. Apesar de ter dormido horas, parecia que tinha sido só alguns minutos. O cansaço ainda estava em mim.
Os meus pés, quentes no chão gelado, me despertam em segundos. Sentada no sofá, comia uma torrada com geleia de morango. Cada mordida demorava. Eu ainda estava acordando, se é que posso dizer isso. Pego uma muda de roupa no guarda-roupa: uma calça escura, um tênis branco e uma blusa preta de manga comprida. Apesar do sol, fazia frio.
Um dia eu vou matar o proprietário deste prédio. Quem é o louco que constrói dez andares sem colocar um elevador? É extremamente necessário.
— Bom dia, Charles. — Cumprimento o porteiro.
— Bom dia, Scar. — Ele era um senhor de 64 anos, uma pessoa adorável. — Vai querer comprar os doces novamente?
— Sim. Diga à Cordélia que vou querer os mesmos que pedi mês passado. — A esposa de Charles fazia doces maravilhosos, e todos do prédio compravam dela.
— Mesma quantidade? — Assenti.
— Bom, eu adoraria ficar conversando por horas, mas tenho aula. — Falei, olhando o relógio.
— Tenha uma boa aula, minha querida. — Ele disse, com carinho na voz.
— Tenha um bom dia. — Falei, me dirigindo à calçada. A universidade ficava a poucos minutos de casa, dava para ir andando.
Cheguei com 3 minutos de antecedência. Sentei-me na minha mesa e peguei o celular, vendo uma mensagem de Camila. Ela me convidava para uma balada hoje à noite e pediu para chamar Liam. Sempre éramos nós três: eu, Camila e Liam. E era assim desde o colégio.
— O que tanto olha? — Escuto o meu pequeno Lúcifer falar.
— Camila nos chamando para uma balada hoje. Topa? — Perguntei.
— Ela terminou de novo com o Diego, né? — Ele disse. — Ela só vai para balada em dia de semana quando briga com ele ou quando termina.
— Ela devia ter dado um fim nisso na época do colégio. — Falei, lembrando de quanto ele a fez sofrer e de como a manipulava. Ainda tenho esperança de que ela vai ter força para cortar essa dependência.
— Eles vivem nesse vai e vem há seis anos. Não aguento mais aquele babaca. Juro que se eu o ver na rua, atropelo e digo para a polícia que não vi. — Liam odiava o Diego por motivos óbvios: ele só ferrava com a vida de Camila, e ela deixava.
— Fica tranquilo, eu vou até o local e digo que ele entrou na frente de propósito. — Encerramos o assunto quando o canalha entrou na sala, fechando a porta atrás de si.
Ele é um babaca, filho da puta, arrogante e o ser mais desgraçado que já existiu. O canalha se achou no direito de olhar para todos e fazer piada assim que me viu: "Aprendeu a usar o despertador, que maravilha." Eu vou enfiar um despertador no rabo dele. Eu sei que estou exagerando, mas não gosto dele. Homem perfeitamente bem esculpido!
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Espero que gostem e peço perdão aos erros ortográficos.
Boa noite!
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O Fruto Proibido
Storie d'amoreScarlatte vive uma vida dupla entre os corredores de uma prestigiada faculdade de Direito e seu estágio em um renomado escritório de advocacia. Inteligente e determinada, ela sonha com uma carreira de sucesso, mas seus planos começam a desmoronar qu...