Capítulo 28

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O hotel estava silencioso quando desci. Já era manhã e parecia que nenhuma parte do mundo havia acordado ainda, talvez isso fosse culpa das coisas que Erik vinha fazendo comigo ultimamente.

Meu corpo doía e havia marcas de mordidas espalhadas pelo meu peito, mesmo que eu me lembrasse de apenas duas delas. Meu pescoço ainda estava avermelhado e minha bunda ardia ao sentar, me surpreendendo assim que me aconcheguei no estofado para olhar meu telefone.

Entretanto, não era como se eu me arrependesse de tê-las. Me sentia viva e completamente extasiada ao ponto de querer mais, de esperar ansiosa por algum pequeno surto de Erik para que não se contivesse novamente.

Eu só poderia estar perdendo o meu juízo.

Mordi o lábio por causa do desconforto, mas sorri sentindo meu interior reclamar da força que ele usou e pela saudade de precisar ainda mais dele. Jamais pensei que fosse chegar a sentir esse nível de prazer, sequer pensei ser possível.

Sacudi a cabeça tentando pensar em algo que não fosse ele, precisava verificar algumas informações sobre o meu apartamento e...

Me ajeitei no sofá e respirei fundo, haviam chamadas perdidas em meu telefone da minha mãe e também de David... Meu estomago afundou, deveria ter ligado para ele noite passada, prometi isso a ela e me esqueci aceitando a missão de entrar no castelo.

Disquei para ele talvez mais do que era socialmente aceitável, David não costumava me fazer ligações e ter tantas chamadas perdidas me deixava aflita. No entanto, não houve resposta, assim como em algumas vezes, jurei que ela foi encerrada antes de cair na caixa postal.

Minha mãe também não atendia, era como se os dois estivessem me ignorando e a essa hora, os dois deveriam estar tomando café.

Comecei a chorar baixinho, sentindo meu corpo tremer enquanto continuava tentando contato. Não sabia o que tinha acontecido, muito menos como foi a consulta. Estava um silêncio doloroso do outro lado da linha.

— Lene? Que diabos faz acordada a essa hora?

Encontrei o olhar preocupado de Roger do outro lado da sala, mas nesse momento, eu sequer conseguia conter a onda de soluços que se arrastavam ecoando pelo cômodo.

Ele correu na minha direção sem pensar e tentou me amparar da melhor forma que pode, mas eu não conseguia dizer nada. Minha família havia me deixado sem notícias e a culpa era minha, poderia ter acontecido algo importante e eu prometi a eles e a mim mesma que jamais hackearia seus telefones para descobrir o que havia acontecido

— Droga, o que aconteceu?

Não consegui abrir a boca para explicar nada para ele, abrir minha boca estava sendo uma tarefa difícil, principalmente com o soluço insistente que rasgava minha garganta. Minha mãe nunca havia deixado de atender uma ligação minha, nem mesmo para dizer sobre as maiores banalidades. Mesmo que morássemos longe uma da outra, nossa convivência sempre foi tranquila e sempre nos ajudávamos, principalmente a respeito de David.

— Selene, qual é. Me diga o que foi.

Queria falar para Roger, contar mais uma das coisas difíceis que estava acontecendo comigo. Independentemente das atrocidades que costumava dizer para mim, ele permanecia sendo um ótimo amigo e sempre soube dos problemas que passávamos com David, ainda que só tivesse falado com ele quando estávamos em uma partida online.

David adorava vir para a minha casa e relaxar longe dos cuidados excessivos de Clair, era sempre uma coruja para qualquer questão relacionada a ele. Então, minha casa se tornava um refúgio.

— Eu... — Foi a única coisa que saia da minha boca, gaguejando, enquanto o medo de ter perdido algo extremamente importante com eles.

— É sobre David? — Acenei, Roger meneou a cabeça e se abaixou para ficar na minha altura.

ERRO 404 - Um Jogo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora