Capítulo 10 - Procurando Sky - Renata Lopes

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Eu estava dançando, ou pelo menos tentando. Meus pés pareciam descoordenados, e a música alta misturava-se à minha cabeça já meio zonza de tantas doses. Sky estava comigo há poucos minutos, rindo, rodopiando, e então ela disse que precisava de ar. "Volto já," ela disse. Eu mal registrei na hora, mas agora, o tempo havia passado. Muito mais tempo do que uma simples ida para respirar. Onde ela estava?

Uma sensação desconfortável começou a surgir em meu peito. Mesmo bêbada, algo estava me dizendo que algo não estava certo. Eu tentei ignorar o instinto, mas ele só crescia, me fazendo parar de dançar. Olhei ao redor, a pista cheia de gente e Sky em lugar nenhum. "Ela deve estar lá fora," pensei, tentando acalmar minha mente, mas a ansiedade estava lá, insistente, martelando na minha cabeça. Decidi ir atrás dela. Comecei a atravessar a multidão, com dificuldade, meus pés pesados e meu corpo desequilibrado. Cambaleei algumas vezes, esbarrando em pessoas que me olhavam irritadas, mas eu estava muito focada em Sky para me importar. Quando finalmente cheguei à porta de saída, senti o ar fresco da noite bater no meu rosto, uma lufada que deveria me acordar, mas que só fez minha cabeça girar ainda mais.

Tropecei assim que coloquei os pés do lado de fora. O chão parecia mover-se debaixo de mim, e minha visão estava turva. Tentei me estabilizar, mas acabei me jogando contra algo — ou alguém. Meus braços se agarraram ao primeiro objeto sólido à minha frente, e percebi que era um homem. Ele me segurou com tanta força que eu podia sentir as veias saltadas em seus braços, me impedindo de cair.

— Ei, ei! Cuidado! — a voz dele soou, firme, mas não hostil. Ainda assim, eu estava apavorada, e meu coração disparava por uma razão completamente diferente agora. Eu forcei meus olhos a focar no rosto dele, um estranho alto, de olhos esverdeados e expressão surpresa.

— Sky... — eu murmurei, tentando me afastar, mas minhas pernas ainda estavam fracas, e ele me segurava firmemente, não me deixando cair de novo.

— Calma, você está bem? — ele perguntou, me ajudando a ficar de pé, mas eu mal conseguia responder.

— Sky... minha amiga... onde ela está? — Minha voz saiu fraca, desesperada. Eu sabia que algo estava errado, eu sentia isso, como uma pedra no estômago. Sky estava lá fora há muito tempo, e algo não estava certo. Eu precisava encontrá-la.

— Não vi ninguém sair nos últimos minutos... — Ele olhou ao redor, e pela primeira vez, eu senti o pânico real tomar conta. Eu me desvencilhei dele, cambaleando, mas determinada. Precisava encontrá-la.

— Preciso... — eu mal conseguia falar, mas empurrei meu corpo para seguir em frente, mesmo com tudo rodando ao meu redor. Eu tropecei mais uma vez, mas dessa vez consegui me apoiar em minha BMW, respirando fundo para tentar manter a consciência clara, eu levei a mão para dentro da bolsa pegando a chave do veículo. O que tinha acontecido com Sky? Por que ela não estava lá?

Eu mal conseguia andar direito, mas de alguma forma, tropecei até o onde minha BMW estava. A cabeça girava, e a sensação de pânico ainda latejava no fundo do meu peito. Sky ainda não tinha aparecido, e eu só queria sair dali e encontrar ela. Precisava dirigir, precisava pensar. Meus dedos tremiam enquanto tentava pegar as chaves dentro da bolsa. "Onde está?" Minha visão estava turva, mas eu finalmente as encontrei.

Enquanto me inclinava sobre o carro, tentando abrir a porta, senti alguém se aproximar rapidamente. De repente, uma mão ágil tirou as chaves da minha mão.

— O que você pensa que está fazendo? — uma voz masculina soou ao meu lado.

Eu me virei bruscamente, um tanto cambaleante, e o vi — o mesmo homem que havia me segurado antes. Ele olhava para mim com uma mistura de exasperação e preocupação, segurando minhas chaves firmemente.

— Me.... devol ...ve! — gritei, estendendo a mão para ele, mas ele se afastou um passo, mantendo as chaves fora do meu alcance. Eu tentava pegá-las além dele ser muito alto, meu corpo não obedecia direito, e tudo que consegui fazer foi tropeçar de novo, me apoiando contra o carro.

— Nem pensar. Você está bêbada. Não vai dirigir assim. — A voz dele era firme, autoritária, e isso me irritou profundamente.

— Eu... estou bem! — rebati, tentando novamente pegar as chaves. — Devolve essas... malditas chaves! Eu preciso... eu preciso encontrar minha amiga! — Minha voz saiu quase em um soluço, mas ele não se mexeu. Em vez disso, olhou para mim com uma expressão dura.

— Você não vai a lugar nenhum nessas condições. — Ele repetiu com calma, mas havia uma determinação fria na voz dele que me enfureceu ainda mais. Eu avancei, tentando alcançar as chaves, mas ele foi mais rápido, segurando minha cintura com uma mão, mantendo-me presa contra ele. A outra mão repousou na minha nuca, firme, mas sem machucar.

— Solta... — murmurei, empurrando seu peito com ambas as mãos, mas meu corpo estava fraco e confuso. Ele me segurou com facilidade, sua respiração quente perto do meu rosto.

— Você não vai sair daqui assim. — Ele falou, e a convicção na voz rouca dele me fez estremecer. Mas eu estava bêbada, perdida, e de alguma forma as palavras escaparam sem filtro.

— E quem disse... — sussurrei com uma leve provocação, tentando desafiá-lo, talvez na esperança de que ele me soltasse. — Que você... pode me impedir?

Um brilho de impaciência passou pelos olhos dele, e antes que eu pudesse reagir, senti seus braços me envolverem de repente. Ele me levantou do chão como se eu não pesasse nada, e antes que pudesse protestar, me jogou por cima de seu ombro como se eu fosse uma criança rebelde.

— Ei! — gritei, sentindo a pressão do corpo dele contra o meu estômago enquanto ele começava a caminhar. Meus braços batiam contra as costas dele enquanto eu tentava me soltar, mas ele me segurava com força. — Me solta!... Agora!

Eu esperneava, chutava o ar, gritando, mas era como se ele não me ouvisse. Ele andava sem pressa, me carregando para longe do carro. Eu estava furiosa e assustada ao mesmo tempo, a bebida ainda nublando meus pensamentos.

— Você é louco! — eu gritava, sentindo minhas bochechas ardendo de vergonha e raiva. Eu não conseguia me soltar, e tudo o que podia fazer era continuar me debatendo inutilmente. — Me solta! Eu preciso voltar! Sky... minha amiga... ela... — Minhas palavras saíram desconexas, engolidas pela mistura de álcool e desespero.

Ele ignorava meus protestos, continuando a andar, firme e determinado. Cada passo dele ecoava como um lembrete de que eu não tinha controle sobre nada naquele momento. E isso me apavorava. Eu me sentia vulnerável e impotente, algo que detestava sentir.

Finalmente, quando parei de me debater, exausta e sem forças, ele murmurou, com uma calma assustadora.

— Você não vai se destruir hoje... nem arrastar mais ninguém com você. Querendo ou não, eu vou te tirar daqui, e você vai fazer exatamente o que eu mandar...

Shadowns Of The Heart - Lights And Secrets A Série - Livro 1 +18 | Dark Romance Onde histórias criam vida. Descubra agora