Capítulo 17 - Desejo em Chamas - Renata Lopes

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O som da porta se abrindo fez meu coração saltar no peito. Eu me virei rapidamente, tentando controlar o nervosismo que me consumia. Estava roendo as unhas, batendo o pé no chão compulsivamente, tentando encontrar respostas para o caos em que me encontrava. Acordei sozinha, trancada naquela casa. Nada fazia sentido.

Quando levantei para confrontá-lo, o que vi me gelou a espinha.

Oliver estava uma verdadeira bagunça. Sua camisa preta estava metade desabotoada e rasgada, coberta de poeira, como se tivesse rolado pelo chão de uma caixa de areia. As calças, que antes eram escuras, agora estavam quase marrons de tanta sujeira. Seu cabelo, sempre tão hidratado, caía desordenado sobre os olhos, alguns fios manchados de sangue. O rosto, marcado pela exaustão e pela luta, parecia de alguém que tinha acabado de voltar do inferno.

Meu instinto foi correr até ele. Seus passos eram inseguros, como se a qualquer momento fosse desabar. Quando me aproximei, ele começou a pender para o lado. Rapidamente, passei o braço ao redor de sua cintura e puxei o braço dele sobre meus ombros, segurando-o com toda a força que tinha. Minha voz saiu mais alta do que eu queria, quase apavorada.

— Oliver, o que aconteceu? Meu Deus, o que houve com você?

Ele apenas balbuciava, a voz fraca e distante, repetindo as mesmas palavras.

— Pro porão... me leva pro... porão...

Eu não entendi o motivo, mas havia uma urgência em sua voz que não deixava espaço para questionar. Mesmo com meu corpo quase desmoronando sob o peso dele, eu sabia que tinha que fazer o que ele pedia. Com esforço, segurei-o mais firme e o guiei em direção à porta do porão, embaixo da escada.

Cada passo era uma batalha. Ele era alto, pesado, e eu mal conseguia manter o equilíbrio, mas a determinação de ajudá-lo me empurrava para frente. O chão de concreto gelado parecia mais próximo a cada passo que descíamos. Minhas pernas estavam prestes a ceder, como se eu estivesse carregando um guarda-roupa gigante sozinha. A cada segundo, eu sentia o peso esmagando meus ombros e forçando meus músculos além do limite.

Ao chegarmos ao fundo das escadas, minha respiração estava pesada e descompassada. Oliver, por outro lado, parecia estar à beira do colapso, mal conseguindo manter-se consciente. Guiei Oliver com dificuldade até uma cadeira que avistei ao lado de uma mesa de madeira. Ao redor, armários de vidro cheios de frascos de remédios me davam a sensação de estarmos em um lugar que não visitávamos há muito tempo. Ele se sentou pesadamente, quase desabando, e logo, entre um gaguejo e outro, começou a me dizer o que fazer.

— Tem um frasco de álcool... na segunda gaveta... com... umas pinças. Já... pega a linha de sutura também.

Eu não fazia ideia do que ele estava planejando, mas não o questionei. Virei para os armários, meus olhos frenéticos procurando por tudo que ele precisava. Minhas mãos tremiam, mas não hesitei nem por um segundo. Eu não sabia o que estava fazendo, apenas fazia. O pânico em mim era tão intenso que eu estava operando no automático.

Assim que me virei para levá-lo o frasco de álcool, quase o deixei cair no chão.

Oliver estava sem camisa agora. Seus braços, antes ocultos pela roupa rasgada, estavam completamente expostos, mostrando cada músculo definido. Havia suor escorrendo por seu peito, brilhando sob a luz fraca do porão. Pequenas gotas de sangue manchavam seu tronco, traçando um caminho perturbador pela sua pele. O choque de vê-lo assim, tão vulnerável e ao mesmo tempo tão brutalmente marcado, me paralisou. Eu sequer conseguia respirar.

Shadowns Of The Heart - Lights And Secrets A Série - Livro 1 +18 | Dark Romance Onde histórias criam vida. Descubra agora