Capítulo 23 - Por um fio - Renata Lopes

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 O dia estava nublado, quase cinza, estacionei o carro perto de uma loja de fantasias e desci, cruzando a rua em direção à entrada. Ao abrir a porta, um sino tocou, ecoando pelo ambiente silencioso. Assim que pisei dentro da loja, uma mulher apareceu rapidamente com um sorriso simpático.

— Bom dia, senhorita. Como posso lhe ajudar? — ela perguntou, os olhos brilhando atrás de seus óculos.

Virei-me para ela, observando seus cabelos brancos presos em um coque firme, adornados com um lenço amarrado de forma elegante. Sorri de volta antes de responder.

— Gostaria de saber se essa fantasia está disponível para os dias 30 e 31 de outubro? — perguntei, apontando para o traje que havia me chamado a atenção.

Ela olhou para onde eu apontava, caminhou até a fantasia e a pegou com cuidado. Ao trazer para mim, pude analisar os detalhes com mais atenção. Era perfeita, para o que eu queria.

— Dei uma olhada na etiqueta, e ela está disponível, sim — disse ela, sorrindo. — Então seria para daqui alguns meses, certo?

Assenti, satisfeita. Ela voltou a fantasia para o lugar e seguiu para o balcão, enquanto eu a acompanhava.

— Você gostaria de já deixar alugada? — perguntou enquanto se sentava, começando a digitar algo no computador.

— Sim, por favor — respondi, pegando minha carteira.

Ela pediu meus dados e um documento com foto. Entreguei minha identidade, e ela fez as anotações necessárias, me devolvendo o documento logo em seguida.

— Prontinho, tudo certo. Pode vir buscar a fantasia um dia antes da data marcada.

Guardei minha identidade e, ao me virar para sair, lembrei de perguntar.

— Ah... a propósito, qual é o seu nome?

Ela me olhou com um sorriso sereno.

— Anastasia.

— Obrigada pela ajuda, Anastasia — agradeci, sorrindo de volta, antes de sair da loja.

Assim que saí da loja, mal havia dado alguns passos quando um casal passou por mim na calçada, cochichando algo que chamou minha atenção.

— Que horror, essa cidade... está cada vez mais perigosa — murmurou a mulher, balançando a cabeça em desaprovação.

Ignorei o comentário e continuei andando. Peguei as chaves do carro e, quando fui destrancar a porta com o controle remoto, avistei uma movimentação logo à frente. Policiais, peritos e bombeiros estavam reunidos sob a Torre Eiffel, cercados por uma pequena multidão.

Com curiosidade despertada e tempo de sobra, guardei as chaves no bolso e caminhei em direção à aglomeração. Ao me aproximar, os murmúrios das pessoas ao redor ficaram mais nítidos.

— Nossa, como pode? — sussurrou uma mulher, chocada.

— Era tão jovem... — comentou outra voz masculina, num tom pesado.

— Com certeza foi suicídio — alguém afirmou, enquanto eu abria caminho por entre as pessoas.

Finalmente, consegui ver o que causava tanto burburinho. Logo abaixo da torre, havia um corpo estirado no chão, coberto por um lençol de papel iluminado. Abaixo dele, uma poça enorme de sangue se espalhou, escura e densa, como se estivesse ali há um bom tempo.

Senti um frio subir pela minha espinha. A cena era perturbadora, e o ar ao redor parecia pesar com o silêncio tenso que envolvia os curiosos.

Após um minuto travada ali, sem reação, começo a andar apressada em direção ao meu carro. Estou apavorada com o que vi. Como pode alguém se matar daquela maneira? Me pergunto enquanto acelero o passo.

De repente, sinto meu braço sendo puxado para dentro de um dos becos que passei. Antes mesmo de conseguir gritar, o tecido de couro é pressionado sobre meus lábios. Em minha frente, um homem trajado em roupas escuras, com um capuz, junto de uma balaclava, cobrindo seu rosto, me mantém pressionada na parede de tijolos. O dia está nublado, quase cinza, então com as ruas semi cobertas pela neblina ninguém o notava ali, e minha respiração se torna ofegante enquanto tento empurrá-lo para longe, mas é impossível.

Logo, uma forte pressão atinge minha barriga e meus olhos se apertam de dor. Fico paralisada, sem reação. Quando ele se afasta de mim dizendo.

— Um recadinho...fique longe Lopes, ou dá próxima, será pior, isso se tiver próxima né? — vejo em suas mãos um objeto que brilha em um tom prateado, agora sujo de sangue...meu sangue, ele se afasta correndo.

Eu esbarro na parede, tentando me segurar em algo, mas acabo indo ao chão. Enquanto levo as mãos à barriga, meu corpo começa a tremer. Minhas mãos estão sujas de sangue. O que está acontecendo? Eu levei uma facada? Por quê? Penso isso várias e várias vezes enquanto meu corpo escorrega para o chão gelado, em desespero ou talvez em despedida.

Com dificuldade, pego meu celular e ligo para o primeiro número que meus olhos ainda conseguem enxergar. Oliver. Assim que ouço a voz dele, sussurro.

— Beco... na lateral... da Torre... Eiffel.

Ele me chama várias vezes antes de dizer, com um tom firme e frio.

— Estou a caminho... por favor... fiqu-

Antes que ele conclua, a ligação cai. Levo as mãos, já geladas, até minha barriga novamente e sinto o líquido quente escorrendo do corte. Tento não respirar ofegante, mas perco os sentidos antes de sequer pensar nisso.

Eu não posso morrer. Não agora. Não sem antes achar o assassino de meus pais...





NOTA AUTORA:

Meus queridos(as), leitores, então esse capítulo foi um pouco mais pequeno que os outros, em decorrer que nós próximos haverá um salto no tempo que está atualmente a fanfic, espero que gostem tanto, quanto eu estou amando contar a história da nossa querida Renata para vocês!


BEIJINHOS DA EVY!

Shadowns Of The Heart - Lights And Secrets A Série - Livro 1 +18 | Dark Romance Onde histórias criam vida. Descubra agora